Currículo unificado, planejamento e envolvimento dos pais são estratégias para o sucesso do modelo de educação em Brejo Santo. Mas cada turma tem liberdade para criar atividades extras Foto EDIMAR SOARES |
Brejo Santo ainda não tinha prêmio nacional de destaque à educação quando Talita de Holanda, 28, chegou com a família para ficar temporariamente. Ainda assim, ela sabia da fama do ensino público da Cidade. De Fortaleza, o marido foi transferido para lá. Os dois filhos são parte do novo público das escolas do município: famílias que chegam para trabalhar nas obras da transposição do São Francisco ou da ferrovia Transnordestina.
Em janeiro, Talita matriculou Joel, 12, e Jair Carlos, 7, na escola Padre Pedro Inácio Ribeiro. Já em maio comemora a decisão. Conta que o caçula está superando a dificuldade com leitura. No ano anterior, o sentimento era de impotência, mesmo acompanhando de perto e apostando na escola particular na Capital. “Achava que ele ia precisar de ajuda psicológica”. Para ela, uma diferença é o esforço da escola em envolver os pais. “Eu não quero faltar reunião, eles ligam pra quem não vem”.
Quando as cidades brasileiras são comparadas pela combinação de renda, longevidade e educação, Brejo Santo está na parte de baixo da lista, na posição de número 3.172 entre 5.565 municípios. O município da região do Cariri não se destaca no ranking do Desenvolvimento Humano no Brasil, de 2013. Mas, isolando o parâmetro educação, o jogo vira. A cidade recebe representantes de outras regiões do País para mostrar o que fez para conquistar o prêmio do Instituto Alfa e Beto (IAB) como melhor gestão na educação básica no Brasil.
As respostas podem ser mais simples do que se espera. No Ensino Fundamental, meninos do 3° ano brincam no tapete enfeitado de formas e cores. Peça feita à mão. É assim que eles revisam a Matemática ensinada no dia anterior. Também no chão, está a roda de leitura, onde alunos do 2° ano contam histórias dos livros levados para casa. Vitória, 14 anos, diz que prefere as aulas de História: “A professora faz dinâmicas e tem jeito bom de explicar”.
+ Veja fotos da escola em Brejo Santo
Desde 2010, quem conclui o 9° ano na escola Afonso Tavares de Luna, no Sítio Timbaúba, já pode chegar ao Ensino Médio depois de uma noite de autógrafos. O projeto Amantes da Leitura publica textos dos alunos da zona rural. As orientações permitem ver a evolução de quem participa, garante o professor Hidelberto Barreto.
Experiências assim são apresentadas a representantes de outras regiões do Brasil. Projetos específicos de cada escola e a unificação da grade curricular em rede ajudaram Brejo Santo a superar as médias nacionais no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação. A evolução rendeu o título de Prefeito Nota 10 para Guilherme Landim. Ao comemorar os resultados da luta iniciada em 2009, os educadores prometem manter o rumo certo.
Com cerca de 47 mil habitantes, Brejo Santo tem 26 escolas de Ensino Fundamental. Destas, 19 são na zona rural. As informações são da Secretaria Municipal da Educação Básica de Brejo Santo (Sedub).
Nas últimas quatro avaliações do Ideb, a rede municipal ultrapassou as metas estipuladas pelo Governo no 5° e no 9° ano.
Um exemplo de sucesso é a escola Maria Leite de Araújo. Para o 5° ano, a nota do Ideb 2013 foi 9.2. O índice foi de 7.4 para alunos do 9° ano.
As escolas de Brejo Santo acolhem alunos de municípios vizinhos, como Porteiras. A cidade fica perto das divisas com Pernambuco e Paraíba, além de receber população flutuante vinculada às obras do Cinturão das Águas e da ferrovia Transnordestina.
Gestores de Jacarezinho (Paraná) já viram de perto a rotina das escolas. A agenda de visitas ainda traz Pombal (Paraíba), Piracuruca (Piauí) e Mirante da Serra (Rondônia).
Aos municípios cabe a responsabilidade da educação infantil ao 9° ano do Ensino Fundamental. O Ensino Médio é gerido pelos Estados.
Thaís Brito
ENVIADA A BREJO SANTO
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