segunda-feira, 16 de março de 2015

Paralamas do Sucesso lançam box com 20 discos dos 30 anos de carreira

Surgidos na efervescência dos anos 1980, os Paralamas do Sucesso sobreviveram a uma série de mudanças de cenário e acumularam um legado de respeito na música popular brasileira. Isso é o que fica atestado no box Paralamas do Sucesso 1983 – 2015, lançado pela Universal. Ali estão encaixotados 12 álbuns de estúdio, seis ao vivo (incluindo a parceria com os Titãs, de 2008) e duas coletâneas de raridades. De brinde, versões inéditas para as argentinas Que me pisen (Sumo) e Hablando a tu corazón (Charly García/Pedro Aznar).
O fato é que existem, pelo menos, dois motivos que explicam esses 32 anos ininterruptos de sucesso (mesmo) dos Paralamas. O primeiro é a união verdadeira entre Herbert, Bi e Barone, além dos músicos de apoio que permanecem ao lado do trio há muito tempo. O segundo, a capacidade rara de saber envelhecer. Foi assim que eles saíram dos dramas adolescentes de início de carreira para análises ponderadas sobre a sociedade e o ser humano. Confira essas mudanças de som e postura a seguir, relembrando todos os discos de estúdio lançados pela banda. Para ler com o volume no máximo.


SERVIÇO

Os Paralamas do Sucesso – 1983 - 2015
Universal Music
20 discos

Preço médio: R$ 357,90


Veja a discografia completa e comentada dos Paralamas do Sucesso em blog.opovo.com.br/discografia




CINEMA MUDO (1983)

Na estreia, pesam o clima oitentista e dramas adolescentes. É o caso de Química (Renato Russo), faixa que abriria as portas para a Legião Urbana. Fora os hits Vital e sua moto e Cinema mudo, vale ouvir as divertidas Patrulha noturna e Vovó Ondina é gente fina, feita em homenagem à avó de Bi Ribeiro que sacrificou sua garagem e seus tímpanos para o trio ensaiar.

BIG BANG (1989) Seguindo a linha do álbum anterior, Big Bang estourou com Lanterna dos afogados. Com sopros, teclados e percussão nos arranjos, o disco traz balanços irresistíveis como a trinca Perplexo, Dos restos e Pólvora. Entre a crítica social atualíssima e os amores mais maduros, ouça Pólvora e a bossa Nebulosa do amor, revisitada no Acústico MTV.

O PASSO DO LUI (1984) Quase uma coletânea do trio, com sete clássicos entre as dez faixas. A faixa título é um instrumental com cara de improviso para preencher o espaço do LP. Lulu Santos comparece recitando em Assaltaram a gramática. E a grande injustiçada foi Menino e menina, reggae cru e ensolarado sobre amores adolescentes.

SELVAGEM? (1986) Considerado por muitos como o melhor da banda, esse disco trouxe uma guinada sonora para os sons caribenhos, embora com ares nacionais. O medley de Tim Maia é uma preciosidade esquecida. No entanto, além dos sucessos Alagados e A novidade, vale ouvir a balada A dama e o vagabundo e a hedonista There’s a party.

BORA-BORA (1988) Para se livrar da fama de “The Police cover”, este disco vem recheado de canções solares e arranjos de sopros. Já de olho no mercado latino, Charly Garcia toca piano na belíssima Quase um segundo. Mas o prêmio de melhor faixa fica para Uns dias, que Herbert disse ser sua melhor composição. Essas faixas marcam o fim do relacionamento do guitarrista com a bela Paula Toller.

OS GRÃOS (1991) Experimentando sonoridades e formações, o disco foi prejudicado pelo cenário nacional de confisco de poupanças e impeachment. Vendeu pouco e é lembrado como o primeiro fracasso do trio. Hoje, merece ser reavaliado como um trabalho corajoso e cheio de sutilezas. Ouça Tribunal de bar, Sábado e A outra rota.

SEVERINO (1994)
Mais experimental que o anterior, o sétimo disco do trio foi um fracasso total no Brasil e sucesso na Argentina. Inspirado no Nordeste, soa árido e pesado. As participações confirmam o clima anti-pop: Tom Zé, Egberto Gismonti, Linton Kwesi Johnson e Brian May (Queen). Para dar alívio, o disco encerra com O amor dorme.

NOVE LUAS (1996)
De bem com o mercado nacional mais uma vez, a banda lança um álbum leve, poético e pop. Fez merecido sucesso nas rádios e TVs. Herbert Vianna celebra a amizade com Marcos Valle numa releitura de Capitão de indústria, antes de encerrar com as delicadas Na nossa casa e Um pequeno imprevisto.

HEY NA NA (1998) Seguindo a linha pop poética de Nove luas, o nono álbum dos Paralamas vem mais pesado e melancólico. Scream poetry é uma parceria póstuma com Chico Science e conta com voz e violino de Jorge Mautner. Mas o grande achado é o blues Viernes 3 am, parceria de Herbert e Charly Garcia.

LONGO CAMINHO (2002) Recuperados do acidente que quase tira a vida de Herbert Vianna, os Paralamas voltam ao formato trio num álbum de reavaliações pessoais e políticas. Com participações mínimas, a banda aposta na crueza e na força das palavras. Running on the spot (The Jam) ganha boa versão.

HOJE (2005)
A tentativa de soar feliz rendeu um trabalho mais pálido e sem ganchos, que tenta soar como o anterior Hey Na Na. A releitura de Deus lhe pague foi escolha dos fãs, mas não diz a que veio. O single Na pista fez sucesso pela empolgação e pelo clipe divertido, com Hebert dirigindo para os amigos. Participações de Nando Reis e Mano Chao.

BRASIL AFORA (2009) Como uma volta no passado, o disco mistura ritmos, atrai parceiros e convidados.A ideia é recuperar a leveza de décadas atrás, mas passou batido pelo público. Nada se destaca, mas nada compromete. O dueto com Zé Ramalho em Mormaço tem seu valor. Quanto ao tempo, parceria com Carlinhos Brown, foi lançada por Ivete Sangalo no projeto Pode entrar.

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