segunda-feira, 23 de março de 2015

Nova cirurgia para tratar próstata crescida promete ser menos invasiva

Cinco médicos das redes pública e privada participaram de treinamento no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) sobre o uso da nova cirurgia a laser
Cinco médicos das redes pública e privada participaram de treinamento no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) sobre o uso da nova cirurgia a laser
Estima-se que 80% dos brasileiros com mais de 50 anos são acometidos pela hiperplasia benigna da próstata, também conhecida como próstata aumentada, que prejudica o funcionamento normal da urina. A doença tem como sintomas mais frequentes jato de urina fraco ou interrompido, aumento da frequência de idas ao banheiro para urinar, apesar do pouco volume de urina, e urgência para urinar, entre outros. Se não tratado, o problema pode causar a disfunção erétil. Para tratar, a terceira geração de cirurgia a laser vaporiza a próstata e se apresenta como procedimento minimamente invasivo e sem cortes. Trata-se da tecnologia Green Light XPS.

A nova cirurgia a laser permite que o procedimento seja realizado em menos tempo, com mais precisão, e também em próstatas acima de 100g - que era até então o limite de tamanho para cirurgia a laser. O urologista americano Gregg Eure, professor assistente da Eastern Virginia Medical School, esteve no Ceará neste mês de março para realizar treinamento com cinco médicos das redes pública e privada, sobre o uso da nova tecnologia. O treinamento foi realizado no Hospital Geral de Fortaleza (HGF)


Em entrevista por e-mail, concedida ao O POVO, Gregg Eure conversa sobre a importância do tratamento da doença, as vantagens e o caminho necessário para a adoção do novo procedimento no Brasil.


O POVO - Estima-se que 80% dos brasileiros acima dos 50 anos são afetados pela hiperplasia benigna da próstata. Quais os riscos de não tratar a doença?

Gregg Eure - A falta de tratamento pode causar danos à bexiga levando a infecções urinárias, além da diminuição da qualidade de vida. Os problemas miccionais interrompem as atividades diárias - necessidade frequente de urinar em intervalos curtos, sensação de urgência para urinar, a necessidade de ir várias vezes ao banheiro durante a noite, jato urinário fraco, além de demora e dificuldade para iniciar a micção. Com o avanço da doença, muitos homens têm diminuição da libido e piora no desempenho sexual.


OP - O método mais adotado hoje no Brasil para o tratamento da doença da próstata é o Ressecção Transuretral da Próstata (RTUP). Em que consiste esse método? Ele é eficaz? O que pode ser uma desvantagem?
Gregg Eure - No RTUP, o excesso da próstata é removido através da uretra. É um método eficaz, porém para próstatas maiores é necessário realizar uma cirurgia tradicional.


OP - Em que consiste esta cirurgia a laser que já está na terceira geração e quais as principais vantagens dela?

Gregg Eure - A cirurgia a laser é uma opção de tratamento minimamente invasivo. Não há incisão, corte e nem corrente elétrica como utilizado em tratamentos antecessores, portanto há menos sangramento. Os urologistas são capazes de realizar o procedimento em próstatas maiores e mais difíceis em um curto período de tempo com um excelente nível de segurança. A tecnologia a laser GreenLight XPS tem sido usada com sucesso em todo o mundo.


OP - Quem pode ser submetido à cirurgia a laser? Existe alguma contraindicação? Há desvantagens?
Gregg Eure - Todos os homens são elegíveis à nova geração de cirurgia a laser, pois o tratamento é efetivo em todos os tamanhos de próstata. Também pacientes cardíacos que não podiam ser submetidos à cirurgia tradicional se beneficiam do laser, pois não há necessidade de interromper o uso de anticoagulantes.


OP - A doença ainda é um tabu entre os homens, que evitam o diagnóstico e, portanto, atrasam ou sequer iniciam o tratamento. A adoção de tratamentos menos invasivos pode ajudar a superar esse tabu, levando mais homens aos consultórios?

Gregg Eure -RSim, eu espero que tratamentos menos invasivos façam os homens se sentirem mais seguros e confortáveis. A cirurgia a laser é muito popular em outros países. Há uma excelente aceitação por parte dos pacientes. 


OP - Quantos profissionais do Ceará estão participando? Estes profissionais são da rede pública e privada?
Gregg Eure - Cinco profissionais, que atendem tanto na rede pública quanto privada.


O POVO - Em outros países, a cirurgia a laser é o principal tratamento aplicado para os casos de hiperplasia benigna da próstata. Qual a possibilidade deste tratamento ser adotado e difundido aqui no Brasil? Quais os entraves para isso acontecer?

Gregg Eure - A Americam Medical Systems (AMS), desenvolvedora da tecnologia e fabricante do equipamento, está trabalhando em políticas de acesso. Atualmente o maior entrave para o avanço do tratamento no País é a falta de inclusão da fibra a laser no rol da ANS e a adoção do tratamento no SUS. Ao analisarmos dados mundiais de tratamento para hiperplasia benigna da próstata são realizadas mais cirurgias a laser do que o RTUP, portanto o Brasil deve seguir essa tendência ampliando suas possibilidades de tratamento.


OP - Qual o custo do equipamento? O valor é considerado elevado? A adoção pelo SUS é viável atualmente?
Gregg Eure - O custo depende de uma série de fatores como cidade, hospital onde é realizado o procedimento etc. A empresa está em busca da viabilização do tratamento no SUS.

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