Para o MPE, o trânsito municipal na Cidade é considerado caótico,
sem sinalização, e sofre com a ausência de fiscalização
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
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Lavras da Mangabeira Na região Centro-Sul do Ceará,
apenas quatro municípios têm serviço de trânsito implantado e
regulamentado. Os demais ainda não efetivaram a criação. O Ministério
Público do Estado do Ceará (MPCE) ingressou com uma ação civil pública
na comarca local solicitando que o poder judiciário determine a
implantação do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) e da Junta
Administrativa de Recursos de Infrações (JARI).
A ação judicial foi encaminhada pelo promotor de Justiça Leonardo
Marinho de Carvalho Chaves, que solicitou que o município seja condenado
a incluir na próxima previsão orçamentária destinação de verba para a
implantação efetiva dos serviços de trânsito. O fato obteve repercussão e
demonstra que há resistência entre a maioria dos gestores.
De acordo com o Ministério Público, anteriormente foi firmado um acordo
extrajudicial com a Prefeitura para que o Demutran fosse implantado
efetivamente em abril de 2014. Atendendo a um pedido do próprio gestor, o
MPCE prorrogou o prazo, estabelecendo uma nova data-limite de 10 de
maio daquele ano, mas novamente o compromisso não foi cumprido.
Para o MPCE, a situação é preocupante porque o trânsito municipal é
considerado caótico, sem sinalização, e sofre com a ausência de
fiscalização. "A falta efetiva dos serviços acarreta inúmeros acidentes e
mortes no cotidiano da cidade", observou o promotor de Justiça,
Leonardo Marinho de Carvalho Chaves. "Existe uma lei municipal,
sancionada em maio de 2012, que cria oficialmente o Demutran e a Junta
Administrativa de Recursos de Infração, mas a atual administração
permanece sem efetivar a legislação".
Com base na Lei nº 243/2012, o MPCE pede, então, que seja providenciado
um prédio para a instalação do Demutran e da Jari e que esses serviços
sejam não somente criados, mas aparelhados com os equipamentos
necessários e com servidores públicos capacitados. Paralelamente, o MPCE
ajuizou, na mesma data, uma ação civil pública executiva contra o
prefeito de Lavras da Mangabeira, Gustavo Augusto Lima Bisneto, pelo
descumprimento do acordo firmado em 2013 para a implantação dos órgãos
citados. Na ação, o MPCE pede que ele seja condenado a pagar uma multa
no valor de R$ 259 mil.
O prefeito de Lavras da Mangabeira, Gustavo Augusto Lima Bisneto, disse
que trabalha para a implantação dos serviços e explicou que as ações
demandam tempo, treinamento dos agentes, convênio com o Departamento
Estadual de Trânsito (Detran) e há dificuldades financeiras enfrentadas
pelo Município. "Sabemos que existe a necessidade de implantação dos
serviços e estamos adotando as providências, mas não pode ser em um
tempo tão rápido quanto quer a promotoria de Justiça".
De acordo com o prefeito de Lavras da Mangabeira as pendências estão
sendo encaminhadas pelo setor jurídico do Município. No ano passado, foi
realizado concurso para preenchimento de 15 vagas de agente de trânsito
e que está sendo implantado um fundo próprio. "Estamos estruturando os
serviços e não podemos fazer da noite para o dia", disse Gustavo Augusto
Lima Bisneto. "O pessoal ainda precisa ser treinado pelo Detran".
O gestor reafirmou que tem interesse em implantar o serviço. "Sei da
necessidade, mas até maio a fiscalização deverá ser iniciada", afirmou.
Nas ruas da cidade, a exemplo da maioria dos centros urbanos do
Interior, os condutores de veículos percorrem ruas livremente, sem
respeitar sinais e as normas de trânsito. Os motociclistas não usam
capacetes, conduzem crianças de colo e até mais de três pessoas. Muitos
são jovens e sequer têm carteira de habilitação.
Estatística
Na região Centro-Sul, apenas as cidades de Acopiara, Icó, Iguatu e
Várzea Alegre têm serviço efetivo de fiscalização do trânsito. O Detran
tem uma estatística de 2007 a qual mostra que apenas 25% dos 184
municípios do Ceará têm serviço de trânsito municipalizado. Levantamento
mais recente do Diário do Nordeste revela que 53 cidades estão com a
municipalização efetivada dos serviços de trânsito. É uma necessidade e
uma decisão do gestor, mas a maioria evita temendo desgastes políticos
com aplicação de multa. De direito, desde 1998, todos os municípios têm o
serviço de trânsito, mas de fato isso não acontece.
Honório Barbosa
Colaborador
Colaborador
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