Todos os discursos, à exceção de dois que foram de cunho pessoal,
eram dirigidos aos Agentes de Saúde nas galerias da Assembleia. A
criação de novas secretarias na estrutura do Estado só foi lembrada
depois de aprovada
FOTO: FABIANE DE PAULA
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A Reforma Administrativa do Governo Camilo Santana foi aprovada por
unanimidade, ontem, pela Assembleia Legislativa, sem discussão, em
plenário, no momento anterior à votação. O debate sobre as mudanças na
administração estadual, questionada e criticada por diversos
parlamentares em sessões anteriores, foi acobertada pela votação em
bloco com o projeto que determinou o piso salarial dos agentes
comunitários de saúde.
No momento em que o presidente Zezinho Albuquerque (PROS) autorizou a
leitura das matérias da Ordem do Dia, nenhum parlamentar pediu destaque a
alguma das duas mensagens (Reforma Administrativa e Piso Salarial), o
que não permitiu que os deputados votassem de maneira distinta em cada
um dos projetos. Alguns deputados, no tempo de justificativa de voto,
reclamaram que a maneira que a votação foi feita teria cerceado o debate
sobre a matéria.
A mensagem foi aprovada com apenas duas das dez emendas que chegaram a
ser protocoladas. Uma delas, de autoria do Poder Executivo, determina
que a administração da Arena Castelão e do Centro de Formação Olímpica
serão de responsabilidade da Secretaria do Esporte. Já a segunda, de
autoria do deputado Renato Roseno (PSOL), acresce responsabilidades às
secretarias de Políticas sobre Drogas, de Desenvolvimento Econômico, da
Agricultura, Pesca e Aquicultura e ainda a do Meio Ambiente.
No tempo de justificativa do voto, o deputado Carlos Matos (PSDB)
afirmou ter se surpreendidos com a votação sem discussão da Reforma
Administrativa. "Acho que o governador tem direito de organizar sua
administração, mas gostaríamos de ter contribuído", lamentou. Já para
Audic Mota (PMDB), foi dado um "cheque em branco" ao governador. "Foi
uma medida desacertada. Votei favorável pelo que o projeto em sua
inteireza contempla", justificou.
Danniel Oliveira (PMDB) voltou a criticar que a administração do
Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e do Metrô de Fortaleza
(Metrofor) tivessem sido direcionadas à Secretaria das Cidades. Já
Heitor Férrer (PDT) afirmou não haver necessidade de uma secretaria
exclusiva para tratar a problemática das drogas, uma vez que envolve um
conjunto de ações políticas de diferentes setores.
Em defesa, o vice-líder do Governo na Casa, Júlio César Filho (PTN),
afirmou que a matéria foi exaustivamente debatida nas comissões da Casa,
além de os parlamentares terem tido a oportunidade de conversar com o
secretário de Planejamento, Hugo Figueiredo, e com o procurador geral do
Estado, Juvêncio Vasconcelos. "Quero ressaltar que aproveitamos uma
emenda proposta pelo Renato Roseno (opositor), o que demonstra a
abertura deste governo", apontou.
Piso
Com a presença de diversos agentes acompanhando a sessão das galerias
da Casa, o projeto que determina salário-base no valor de R$ 1.014 dos
Agentes de Saúde foi aprovado por unanimidade, com a inclusão de duas
emendas que asseguraram o reajuste anual da categoria.
A polêmica se deu no momento da votação para admissibilidade da emenda à
mensagem do piso colocada ao plenário pelo deputado Audic Mota (PMDB),
que propunha a explicitação na lei de que os agentes de saúde deveriam
ter reajuste correspondente aos índices utilizados para os demais
servidores públicos estaduais. De acordo com o parlamentar, o objetivo
era assegurar que os agentes não tivessem os vencimentos desvalorizados.
Novas secretarias vão ser incluídas no organograma
Com a aprovação pela Assembleia Legislativa, ontem, do projeto de
Reforma Administrativa proposta por Camilo Santana, a estrutura
organizacional do Estado, após a publicação da lei no Diário Oficial,
inclui as Secretarias de Relações Institucionais, do Desenvolvimento
Econômico, do Meio Ambiente e Especial de Políticas sobre Drogas.
Fica criada, também, o cargo de Assessor Especial de Acolhimento aos
Movimentos Sociais, que, de acordo com a mensagem, tem status de
Secretário de Estado. O projeto transformou o Conselho Estadual de
Desenvolvimento Econômico em Secretaria do Desenvolvimento Econômico. O
Conselho de Políticas e Gestão de Meio Ambiente, o Conpam, hoje
administrado pelo ex-deputado federal Artur Bruno, do PT, passa a se
chamar Secretaria de Meio Ambiente.
De acordo com a matéria, a função de assessor especial de Políticas
Públicas sobre Drogas e a de assessor para assuntos federativos também
ficam extintas, sendo que a Assessoria passa a e chamar Secretaria de
Políticas Públicas sobre Drogas, e será comandada pela atual deputada
Mirian Sobreira (PROS). Com isso, abre-se espaço para o retorno do
suplente de deputado, Fernando Hugo (SD) à Assembleia. Ficam criadas,
ainda, as secretarias de Relações Institucionais, do Desenvolvimento
Econômico, do Meio Ambiente e Especial de Políticas sobre Drogas.
O cargo de assessor especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais tem
algumas atribuições básicas, como assessorar o Governo em assuntos de
natureza parlamentar e federativa referentes à temática de movimentos
sociais e participação social. A função, que será ligada ao gabinete do
governador chegou a ser contestada durante reunião conjunta das
comissões de Constituição e Justiça e Serviços Públicos, mas foi
aprovada.
Decreto
A matéria explica ainda que os cargos de direção e assessoramento
provenientes do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico, do
Conselho de políticas e gestão do meio ambiente e da Secretaria de
Grandes Eventos vão integrar o quadro de cargos do Poder Executivo,
sendo redistribuídos por decreto do governador, o que também foi
criticado por opositores.
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran), e a Companhia de
Transportes Metropolitano (Metrofor) passam a ser vinculados à
Secretaria de Cidades, que já conta com a administração da Companhia de
Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e do Fundo de Desenvolvimento Urbano do
Estado do Ceará (FDU), dando mais força ao secretário da pasta, o
deputado licenciado Ivo Gomes, do PROS.
A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) passa
a ser gerida pela Secretaria de Recursos Hídricos, e a Superintendência
Estadual do Meio Ambiente (Semace) fica vinculada à nova Secretaria do
Meio Ambiente. A Agência do Desenvolvimento do Ceará (Adece) e a
Companhia Administradora da Zona de Processamento de Exportação ficam
vinculadas à futura Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
O governador fica agora autorizado a remanejar, transferir ou utilizar
total ou parcialmente as dotações orçamentárias aprovadas no fim do ano
passado para o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e ao
Conselho de Políticas e Gestão do meio Ambiente, que serão extintos.
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