quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Prognóstico negativo é alerta para uso cauteloso da água

dDiferentemente de outras localidades, Fortaleza e os 18 municípios da Região Metropolitana, não são abastecidos apenas pelas bacias hidrográficas de seus territórios. Por isso, apesar da seca e do baixo volume de água nos açudes, moradores da RMF, que usam, sobretudo, águas do Castanhão (bacia do Médio Jaguaribe) não sofrem com a escassez. Mas, o prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) para a quadra chuvosa deste ano é desanimador e o consumo racional de água é cada vez mais indispensável.
Para fevereiro, março e abril deste ano, a projeção da Funceme é que as chuvas sejam 64% abaixo do esperado. A possibilidade das precipitações estarem na média é de 27%, enquanto a de serem acima é de 9%. Para definir o volume médio de chuvas, que no Ceará é de 804.9 mm, a Funceme usa a metodologia definida pela Organização Mundial de Meteorologia, que considera dados de 30 anos.
Hoje, a taxa de consumo humano e industrial de água na Capital e nas demais cidades da RMF é de 13 metros cúbicos por segundo. Destes, oito metros cúbicos por segundo provêm do Castanhão; 3,6 metros cúbicos por segundo, do Canal do Trabalhador - captação de águas do Rio Jaguaribe e despejado em Pacajus - e apenas 0,4 metros cúbicos por segundo são fornecidos pela bacia hidrográfica da Região Metropolitana.

A bacia da Região Metropolitana tem 14 açudes públicos gerenciados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Destes, o Aracoiaba, o Pacajus, o Pacoti, o Riachão e o Gavião são os que mais fornecem água para abastecer a Capital e Região Metropolitana.
Segundo a Cogerh, a Bacia Metropolitana está 21,43% preenchida. No Castanhão, o volume acumulado é somente 24,87% de sua capacidade (6.700.000.000m³). No Açude Gavião (bacia da RMF), a situação é a mais tranquila, com volume atual de 93,47%.
Das 12 bacias hidrográficas do Estado, a Bacia dos Sertões de Crateús (dez açudes) é a que está em situação mais preocupante, apenas 0,52% de volume de água armazenado. A que apresenta melhor situação é a do Alto Jaguaribe (23 açudes) com 39,72% de armazenamento.
Fornecimento
O titular da Secretaria de Recursos Hídricos, Francisco José Teixeira, é enfático. "Há, em Fortaleza, a noção equivocada que a capacidade de fornecimento de água é ilimitada, e ela não é. Temos que ter um uso racional, até porque usamos água que vem de cerca de 200 Km de distância", ressalta. Conforme ele, dos 13 metros cúbicos consumidos por segundo na RMF, 11 são para abastecimento humano e dois para uso industrial.
O secretário reforça que, ao fazer uso do Castanhão, fato que mantém a situação confortável na RMF, a população concorre, em uso, com as atividades de irrigação, principalmente, na Região do Vale do Jaguaribe. "Temos que racionalizar o uso para a agricultura e para o consumo em Fortaleza", defende.
De acordo com ele, a análise do Governo é que medidas de racionalização do uso da água devem ser adotadas com mais ênfase neste ano e que a economia no consumo de água na RMF chegue a ser de 10%. Ele assegurou também que com uso racional, o Castanhão é capaz de garantir o abastecimento regular da RMF e da Região Jaguaribana por pelo menos dois anos.
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que não tem estimativa de taxa de consumo de água tratada especificamente por habitante no Ceará, nem em Fortaleza, bem como não há como quantificar o desperdício de água, pois este ocorre dentro dos imóveis.
A Cagece diz que não tem dados cientificamente comprovados sobre o padrão de uso, porém um estudo realizado por um técnico do órgão em sua própria residência demonstra que em um apartamento de 88m², com duas suítes, quarto, cozinha, área de serviço, sala e varanda, habitado por cinco pessoas, o consumo mensal foi de 20.038,5 litros. O consumo por pessoa chegou a 129,3 litros. Do total, 29% foi para banho; 17,4%, vaso sanitário; 17,1%, com lavatório; 23,8%, com lavagem de roupa; 2,4%, com ducha e 10,3%, com serviço de cozinha.
Conforme a assessoria do órgão, a Cagece tem um índice de perdas (Índice de Água Não Faturada - Ianf) de 24,75%, abaixo da média nacional (37,57%). A meta é chegar, até 2020, a um índice de 20%.
Thatiany Nascimento
Repórter

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