Diferentemente de outras localidades, Fortaleza e os 18 municípios da
Região Metropolitana, não são abastecidos apenas pelas bacias
hidrográficas de seus territórios. Por isso, apesar da seca e do baixo
volume de água nos açudes, moradores da RMF, que usam, sobretudo, águas
do Castanhão (bacia do Médio Jaguaribe) não sofrem com a escassez. Mas, o
prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme) para a quadra chuvosa deste ano é desanimador e o consumo
racional de água é cada vez mais indispensável.
Para fevereiro, março e abril deste ano, a projeção da Funceme é que as
chuvas sejam 64% abaixo do esperado. A possibilidade das precipitações
estarem na média é de 27%, enquanto a de serem acima é de 9%. Para
definir o volume médio de chuvas, que no Ceará é de 804.9 mm, a Funceme
usa a metodologia definida pela Organização Mundial de Meteorologia, que
considera dados de 30 anos.
Hoje, a taxa de consumo humano e industrial de água na Capital e nas
demais cidades da RMF é de 13 metros cúbicos por segundo. Destes, oito
metros cúbicos por segundo provêm do Castanhão; 3,6 metros cúbicos por
segundo, do Canal do Trabalhador - captação de águas do Rio Jaguaribe e
despejado em Pacajus - e apenas 0,4 metros cúbicos por segundo são
fornecidos pela bacia hidrográfica da Região Metropolitana.
A bacia da Região Metropolitana tem 14 açudes públicos gerenciados pela
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Destes, o
Aracoiaba, o Pacajus, o Pacoti, o Riachão e o Gavião são os que mais
fornecem água para abastecer a Capital e Região Metropolitana.
Segundo a Cogerh, a Bacia Metropolitana está 21,43% preenchida. No
Castanhão, o volume acumulado é somente 24,87% de sua capacidade
(6.700.000.000m³). No Açude Gavião (bacia da RMF), a situação é a mais
tranquila, com volume atual de 93,47%.
Das 12 bacias hidrográficas do Estado, a Bacia dos Sertões de Crateús
(dez açudes) é a que está em situação mais preocupante, apenas 0,52% de
volume de água armazenado. A que apresenta melhor situação é a do Alto
Jaguaribe (23 açudes) com 39,72% de armazenamento.
Fornecimento
O titular da Secretaria de Recursos Hídricos, Francisco José Teixeira, é
enfático. "Há, em Fortaleza, a noção equivocada que a capacidade de
fornecimento de água é ilimitada, e ela não é. Temos que ter um uso
racional, até porque usamos água que vem de cerca de 200 Km de
distância", ressalta. Conforme ele, dos 13 metros cúbicos consumidos por
segundo na RMF, 11 são para abastecimento humano e dois para uso
industrial.
O secretário reforça que, ao fazer uso do Castanhão, fato que mantém a
situação confortável na RMF, a população concorre, em uso, com as
atividades de irrigação, principalmente, na Região do Vale do Jaguaribe.
"Temos que racionalizar o uso para a agricultura e para o consumo em
Fortaleza", defende.
De acordo com ele, a análise do Governo é que medidas de racionalização
do uso da água devem ser adotadas com mais ênfase neste ano e que a
economia no consumo de água na RMF chegue a ser de 10%. Ele assegurou
também que com uso racional, o Castanhão é capaz de garantir o
abastecimento regular da RMF e da Região Jaguaribana por pelo menos dois
anos.
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que não tem
estimativa de taxa de consumo de água tratada especificamente por
habitante no Ceará, nem em Fortaleza, bem como não há como quantificar o
desperdício de água, pois este ocorre dentro dos imóveis.
A Cagece diz que não tem dados cientificamente comprovados sobre o
padrão de uso, porém um estudo realizado por um técnico do órgão em sua
própria residência demonstra que em um apartamento de 88m², com duas
suítes, quarto, cozinha, área de serviço, sala e varanda, habitado por
cinco pessoas, o consumo mensal foi de 20.038,5 litros. O consumo por
pessoa chegou a 129,3 litros. Do total, 29% foi para banho; 17,4%, vaso
sanitário; 17,1%, com lavatório; 23,8%, com lavagem de roupa; 2,4%, com
ducha e 10,3%, com serviço de cozinha.
Conforme a assessoria do órgão, a Cagece tem um índice de perdas
(Índice de Água Não Faturada - Ianf) de 24,75%, abaixo da média nacional
(37,57%). A meta é chegar, até 2020, a um índice de 20%.
Thatiany Nascimento
Repórter
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