Entre as cidades, que estarão completamente sem água nos próximos
meses, está Jaguaretama. A região mais afetada é o sertão de Crateús
Foto: Bruno Gomes
|
A situação hídrica do Ceará, com a perspectiva de um quarto ano seguido
de seca, vem preocupando cada vez mais setores da sociedade. Ontem,
numa reunião a portas fechadas do Ministério Público do Estado (MPCE)
com representantes da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
e da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), ligadas à Secretaria
de Recursos Hídricos (SRH), o Governo revelou que oito municípios
deverão ficar completamente sem água nos próximos meses. Contudo, nenhum
plano para reverter o quadro foi divulgado.
As cidades são Ipaporanga, Itatira, Apuiarés, Jaguaretama, Urioca,
Senador Sá, São Luís do Curu e Parambu. A informação teria sido
apresentada pela Cogerh durante o encontro, mas só foi repassada à
imprensa pelo MPCE. "A novidade foi essa lista de municípios que em
janeiro, fevereiro, março e abril vão, em tese, ficar sem água, pela
projeção da análise dos reservatórios de água e pelo consumo", explicou o
promotor de Justiça e assessor do Centro de Apoio ao Meio Ambiente
(Calmace), Amisterdan de Lima Ximenes.
A reunião, na verdade, seria aberta à imprensa, convidada pelo MPCE a
participar. Entretanto, a pedido de representantes do Governo, os
jornalistas foram convidados a se retirar. A mesma situação tem
acontecido com o Comitê Integrado de Combate à Seca, que antes realizou
as últimas duas audiências a portas fechadas.
Apesar do sigilo, o promotor de Justiça do MPCE se disse frustrado com a
falta de proposições dos órgãos governamentais. "Nós esperávamos a
colocação da situação, mas também a apresentação de propostas. Qual a
projeção de novos poços, em que localidades, quais as verbas
disponibilizadas?", questionou. Outra falta, segundo Ximenes, foi a
falta de um plano de educação ambiental. "Eu pensei que pelo menos isso
trariam hoje. Tem que ter a conscientização, principalmente na Região
Metropolitana de Fortaleza", ressaltou.
Crateús
A região do Estado mais afetada com a seca é o sertão de Crateús, onde
os açudes estão, em média, com 0,9% da capacidade. Em todo o Ceará, o
volume atual é de 19,7% do total. Dos 149 açudes administrados pela
Cogerh, 128 estão com menos de 30% e apenas um, o Gavião, tem mais de
90% de preenchimento.
Apesar da situação, o presidente da companhia, João Lúcio de Farias,
negou, após a reunião, a necessidade de um racionamento. "Nós estamos
ainda trabalhando estes cenários, analisando todas as possibilidades, a
questão dos usos", disse. "Mas, por enquanto, a RMF tem uma reserva
considerável e importante para o Estado", completou.
Com relação a Crateús, Farias afirmou que está em conclusão a
construção de uma adutora que irá abastecer a região através do Açude
Araras. "Há uma previsão de entregar essa adutora até o dia 10",
garantiu.
O gestor da Cogerh informou ainda que uma campanha de conscientização
deverá ser anunciada em breve pelo governador Camilo Santana.
Germano Ribeiro
Repórter
Repórter
Nenhum comentário:
Postar um comentário