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Os casos de desaparecimento de adolescentes são motivados, na
maioria das vezes, por conflitos familiares. Já as crianças geralmente
se perdem em grandes aglomerados, como praias e shopping centers
Foto: José Leomar
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Cresce o número de pessoas desaparecidas no Ceará. Foram 120 em 2013,
saltando para 141 em 2014, o que representa aumento de 17,5%. Dos casos
registrados no ano passado, 88,6% foram elucidados (125). Chama a
atenção, do total de sumidos, que 110 são adolescentes com idade entre
12 e 17 anos (78%), 12 crianças (8,5%), dez adultos (7%), seis idosos
(4,2%) e apenas três jovens (2,1%). As mulheres representam maioria
(68,7%), enquanto os homens somam 31,2% das ocorrências. É o que aponta o
Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas),
ligado à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).
Francisco Monteiro, coordenador do Creas, esclarece que casos de
desaparecimento de crianças geralmente ocorrem por elas se perderem em
grandes aglomerados, a exemplo de praias e shopping centers.
Adolescentes, frequentemente, fogem do lar. Além da questão da rebeldia
da idade, eles saem de casa por causa de conflitos familiares. Os
motivos são os mais diversos - para ficar com o namorado ou para ir a
algum local que os pais não deixam. No entanto, na maior parte das
ocorrências registradas, retornam com no máximo 15 dias.
Acompanhamento
"Acontece muito esse 'desapareceu e aparece'. A gente pede que, nestes
casos, o desaparecido compareça ao Creas para ter um acompanhamento
psicossocial, com um assistente social ou um psicólogo. Às vezes, ele
foge de casa e volta logo depois. Sai com o namorado ou uma colega. São
'N' fatores", frisa.
Já os idosos, a maioria se perde por lapsos da memória, muitas vezes
por causa do mal de Alzheimer - doença neurodegenerativa. Neste caso, o
Creas utiliza a mídia televisiva para tentar localizar os familiares ou
eles próprios os procuram. Monteiro acrescenta ainda que o período das
férias é quando as crianças e os adolescentes mais se perdem.
Na última sexta-feira (16), quando a dona de casa Leidiane Fontenele,
26, retornava para casa na companhia do marido, na Avenida dos
Expedicionários, se deparou com um amontoado de pessoas em volta de um
menino de 7 anos, que estava perdido dos pais. Como ele não sabia dizer
onde morava e não tinha nenhum contato telefônico, ela o levou para casa
e, lá chegando, fez uma foto dele e divulgou nas redes sociais.
No dia seguinte, foi pelas redondezas ver se localizava os seus pais e,
à tarde, entrou em contato com o Conselho Tutelar. Foi quando disseram
que a mãe do menino já tinha feito a denúncia do desaparecimento.
Quando estava indo deixar a criança, ela recebeu a ligação de uma
mulher que viu a postagem na internet e disse que o menino era filho de
um vizinho, o mesmo que o esperava no Conselho Tutelar. "Fiquei feliz
por a criança ter encontrado a mãe, mas desapontada por ver que a
família é desestruturada. O pai, que na verdade é um tio, é alcoólatra, e
a mãe bate no menino, tanto que ele ficou visivelmente amedrontado
quando a viu. Para a criança ter saído de casa, é porque algum motivo
ela tinha. Ajudei, porque me vi na pele da mãe. Se fosse meu filho, eu
iria procurá-lo até encontrar", disse.
Apesar da agilidade do Conselho Tutelar, Leidiane ressalta a rapidez
com que a notícia se espalhou nas redes sociais. "Hoje, a internet
facilita muito as coisas. A gente pôde observar que muitas pessoas se
mobilizaram, inclusive, páginas policiais. Tudo tem o seu lado bom e a
internet tem o dela", observa.
Mais informações
No caso de desaparecimento de alguma pessoa, basta ligar para o Creas da STDS - 0800 285 1407.
O horário de funcionamento é de segunda à sexta-feira, de 7h às 17h
Luana Lima
Repórter
Repórter

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