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Crianças de 6 meses a menores de 5 anos devem ser imunizadas;
conforme a Sesa, cobertura da última campanha não foi homogênea
Foto: Lucas de Menezes
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O Ceará é o único local das três Américas (do Norte, Central e do Sul)
onde há transmissão do vírus do sarampo entre a população. Se após este
mês de janeiro for registrado mais um caso, além dos 613 ocorridos desde
dezembro de 2013, o Estado poderá ser responsável pela interrupção
oficial no processo de eliminação da doença em todo o continente.
Com a gravidade da situação, uma comissão formada por membros do
Ministério da Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) veio a
Fortaleza para combater o avanço e evitar que o surto se transforme
numa endemia. Ontem, o grupo se reuniu com os secretários da Saúde do
Estado, Carlile Lavor; de Fortaleza, Socorro Martins; e de Caucaia,
Deuzinho Filho.
"Estamos num processo de eliminação do sarampo em todas as Américas e,
se não interrompermos esse surto no Ceará, a certificação será suspensa
não só no Brasil, mas no continente", ressaltou a coordenadora do
Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Carla Domingos.
"Isso vai comprometer não só o País, em termos de comércio e turismo,
mas principalmente fazer com que essa doença possa voltar a circular em
outros estados do Brasil ou países próximos", declarou.
O último confirmado se deu no dia 5 de janeiro, em Caucaia. A data
marca a contagem do prazo de 90 dias para se atestar a erradicação do
vírus no Estado, caso não apareçam outras confirmações. Entretanto, há
ainda outras 46 notificações suspeitas sendo investigadas em quatro
municípios da Região Metropolitana (RMF): Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e
Aquiraz.
De acordo com os especialistas, se após o mês de janeiro mais casos
forem confirmados, o cancelamento do processo de eliminação do sarampo
das Américas será praticamente certo. "O importante é acabar com essa
doença o mais rápido, antes do Carnaval se possível, em duas ou três
semanas", disse a consultora regional da Opas para o Programa para
Eliminação do Sarampo, Pamela Bravo, enviada de Washington, capital dos
Estados Unidos, para colaborar com o planejamento das ações. "Estamos
reunidos com os técnicos, apoiando as recomendações para acabar com essa
doença", completou.
José Cássio de Morais, representante de um comitê internacional de
especialistas criado pela Opas para certificar a eliminação do sarampo
nas Américas, reforça o risco que o Estado causa ao continente. Se
continuar a ocorrência de casos, a Organização Pan-americana vai
declarar o Brasil e o Ceará como "endêmicos". "Se em fevereiro houver um
novo registro, teremos esse problema, porque já é um tempo muito
longo", reforçou.
O secretário Carlile Lavor lamenta a situação. "O Ceará, que foi
campeão de vacinação, volta a ter sarampo. Isso é grave. Uma doença que
tínhamos eliminado das Américas volta a ocorrer no Ceará". Contudo, o
gestor estadual ressalta o empenho dos órgãos públicos para sanar o
problema. E a principal ação são as vacinações. "Todas as mães devem
levar os filhos para vacinar. As crianças menores de 5 anos, que tenham
completado pelo menos 6 meses, devem ser imunizadas. Nós só
conseguiremos resolver esse problema se todas elas estiverem vacinadas",
alertou Lavor.
Mobilização
Para convocar os pais e responsáveis a levarem todas as crianças da
idade alvo para tomar a vacina, uma campanha publicitária está sendo
criada em caráter de urgência.
Apesar da mobilização encerrada no último dia 31 ter atingido a meta de
95% de imunizações, segundo a Secretaria da Saúde (Sesa), a cobertura
não foi homogênea e algumas comunidades podem ter ficado abaixo do
percentual desejado.
Com o objetivo de eliminar a doença, os órgãos públicos estão indo de
casa em casa, garante a titular da Secretaria de Saúde do Município
(SMS), Socorro Martins. "A gente está indo de casa em casa, fazendo
varreduras para buscar essas crianças", destacou.
"Hoje, nossa meta é ter caso zero em Fortaleza. Estimulamos as mães a
procurar nossas unidades, que elas não esperem. Quando o filho fizer 6
meses, vá imediatamente, para erradicar o sarampo do nosso território",
apela a secretária. A Capital contabiliza o maior número de casos
confirmados: 310 desde dezembro de 2013.
Outros municípios que também têm uma situação preocupante são Caucaia e
Maracanaú. Mesmo com registros pequenos em relação a outras cidades, os
casos são mais recentes.
"Caucaia, apesar da baixa incidência, chama a atenção pelo número de
casos no início do ano, na divisa com Fortaleza", confirma o secretário
de Saúde do Município, Deuzinho Filho. Segundo ele, há 700 profissionais
da área visitando a população e até mesmo transportando aos postos
pessoas com até 29 anos e ainda não imunizadas.
Mais informações
Secretaria Estadual da Saúde
Telefone: (85) 3101.5123
Telefone: (85) 3101.5123
Secretaria de Saúde de Fortaleza
Telefone: (85) 3452.6604
Telefone: (85) 3452.6604
Secretaria de Saúde de Caucaia
Telefone: (85) 3342.8023
Telefone: (85) 3342.8023
Germano Ribeiro
Repórter
Repórter

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