Vágner Mancini passou os últimos seis meses recebendo apenas 25% do
seu salário, já que os seus direitos de imagem não são depositados desde
junho. Mesmo assim, o técnico conta que ele e alguns jogadores ajudavam
financeiramente outros funcionários e atletas do Botafogo, pagando o
transporte para treinar e evitando greves, por exemplo.
Independentemente do rebaixamento, o treinador não se arrepende.
"Várias
vezes coloquei a mão no bolso. Não só para quitar as minhas contas, mas
para ajudar alguns outros funcionários que tinham dificuldades até para
ir ao treino. Outros atletas também fizeram isso. Tínhamos que fazer
com que as engrenagens do Botafogo andassem, tínhamos que ir a campo
treinar e jogar. As dificuldades eram enormes e só não foram maiores
porque tentamos, nessa gestão de pessoas, fazer com que diminuíssemos os
possíveis problemas", relatou.
Mancini relata que, se não fosse ele, o
rebaixamento seria confirmado antes. "A gestão de pessoas e do grupo do
Botafogo ficou restrita ao técnico e à minha equipe de trabalho. Muitas
vezes quem aparou as arestas, quem foi para o front para que não
houvesse mais desgaste ainda, com jogadores sujeitos à greve, esse tipo
de coisa, foi o treinador. Tive que me desdobrar dentro do clube. Não me
arrependo, por isso chegamos até a penúltima rodada com possibilidade
de sair. Senão, a situação seria pior.
"O técnico, porém, nunca
conviveu com uma situação tão ruim. Diversas vezes, chegou a viajar com
menos reservas ou mais próximo dos jogos para economizar. "Já tive
atraso de pagamento porque dirigentes acham que é uma tônica, que dá
para conviver, mesmo sendo uma falta de respeito. Mas nunca vivi com
esse tempo de atraso", continuou relatando, sem se surpreender com o
descenso.
"O
Botafogo mereceu. Por justiça, sim. Brigamos incessantemente para que
isso não se tornasse realidade, mas foram muitos erros administrativos e
financeiros. A equipe ficou aquém da estrutura que deveria ter. Mas
ninguém está tirando o corpo fora aqui. A culpa existe em comissão
técnica, jogadores e diretoria", relatou, até feliz pelo que viveu.
"Se
você decide ser técnico, tem que estar disposto a ganhar e perder. Não
adianta achar que, quando a coisa não vai bem, o melhor caminho é sair,
abandonar o barco. Muita gente não teria suportado o que suportei, mas
achei covardia abandonar vários atletas em situação semelhante e que
necessitavam de um comando. Eu me senti na obrigação de ficar até o
final e foi uma experiência de vida maravilhosa", indicou.
Mancini não sabe se fica e elogia diretoria, mas admite processar clube
Rebaixado
para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, Vágner Mancini elogia a
recém-empossada diretoria do Botafogo enquanto ainda não define se
renovará seu contrato. Mas está sem receber direitos de imagem
(correspondente a 75% do seu salário) há seis meses e já não descarta ir
à Justiça, mesmo entendendo que a nova gestão não tem condições de
quitar a dívida.
“Eu gostaria de resolver, mas eu estaria sendo
desumano se pedisse para essa diretoria acertar tudo que está atrasado.
Falamos de salários, mas tem outras partes do clube que também estão
atrasadas. E sei a real situação do clube financeiramente”, comentou o
técnico. “Meu contrato ainda não acabou e existe a possibilidade de, até
o fim do contrato, quitarem o que devem. Se não for, teríamos que
partir para a Justiça.”
O treinador, no entanto, não dá a entender
que tomará qualquer atitude antes de saber se fica no clube. “Ainda não
sei. Sempre digo que o treinador e o projeto devem continuar, mas eu
estaria muito deselegante falando qualquer coisa sendo que há poucos
dias entrou uma nova diretoria, e que terá a liberdade necessária para
fazer o que quiser. Não me sinto no direito de opinar”, esquivou-se.
O
presidente Carlos Eduardo Pereira foi eleito na semana passada e já
avisou que a permanência ou não de Mancini será definida após o último
jogo do clube no ano, marcado para as 17 horas (de Brasília) deste
domingo, contra o Atlético-MG, em Brasília (DF). O mandatário e seus
dirigentes, por enquanto, só recebem elogios do técnico.
“Tenho a
melhor relação possível. Eles entraram há menos de uma semana, já
tivemos algum contato. Obviamente, ainda não dá para estabelecer nada,
mas estivemos juntos já no jogo de Santos e, pelo que pude sentir, vão
tentar dar o apoio necessário para esse final de campeonato. Falta
apenas mais um jogo, mas é muito importante que haja uma integração
porque todos que estão no Botafogo tentaram fazer o seu melhor”,
declarou, confiando e indicando o melhor caminho para o clube se
reerguer.
“O Botafogo chegou à falência neste ano e tem que se
reestruturar de forma administrativa, com mentalidade vencedora e
eficaz, cortando gastos para redirecionar. Essa diretoria sabe muito bem
como fazer a reorganização para o clube retornar à Série A já em 2015. O
Botafogo é uma instituição centenária, de uma história belíssima,
riquíssima. Não é um rebaixamento que vai fazer com que o clube perca o
seu destino”, apostou.
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