A Maçonaria não se encaixa mais como sociedade secreta, mas sim como discreta
Foto: Bruno Gomes
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Todo mundo já ouviu falar em Maçonaria pelo menos uma
vez na vida. Seja nas aulas de História do colégio ou em rodas de
conversa ou em livros e filmes sobre teorias da conspiração. O fato é
que a organização habita e dá vida à imaginação de muitas pessoas, porém
estas nem sempre se interessam em saber exatamente sobre o que se trata
a instituição, muitas vezes por preconceito, ou acreditam em todos os
mitos e suposições que a envolvem sem se preocuparem em verificar o que é
verdade e o que é invenção.
De acordo com Alcides Araújo Bezerra, Grande Secretário de Ensino
Maçônico da Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará, o próprio nome
utilizado pelos membros da irmandade dá uma forte dica sobre a história
da organização. “Maçom” vem do francês “franco-maçom” e
significa “pedreiro livre”. A ordem teve origem na Idade Média e
funcionava como guildas (corporações de ofício) dos construtores civis.
Foi assim que surgiu a “Maçonaria operativa”, uma corporação de
pedreiros que tinham como segredo as técnicas de construção passadas
para os membros da guilda: aprendizes, companheiros e mestres, hoje
chamados de graus simbólicos da organização.
Com o passar dos anos e a decadência da profissão de construtor, as corporações começaram a aceitar intelectuais
como membros da organização para não deixar que a mesma morresse. Desta
forma surge, em meados de 1717, em Londres, a “Maçonaria especulativa
ou moderna”, na qual, ao invés de construir edifícios de pedra, passaram
a erguer templos dentro de si, para se aperfeiçoar como homem através
do estudo e do conhecimento.
Ordem de paradoxos
“Hoje, se a gente for definir Maçonaria, é bem difícil. Porque ela não é religião,
mas é religiosa. Ela não é uma escola filosófica, mas pratica
filosofia. Ela não é um partido político, mas influi na política. Ela é
patriótica, mas também universal. Ela conserva a tradição, mas acompanha
o progresso da sociedade”, explica o Grande Secretário. Ele esclarece
que a Maçonaria pode ser considerada uma escola que tem como objetivo o
crescimento do ser humano para o aperfeiçoamento da humanidade.
Alcides também fala que a ordem não se classifica mais como sociedade secreta, mas sim discreta.
“O que é uma coisa secreta? É aquilo que ninguém sabe onde está e não
sabe nem que existe. E todo mundo sabe onde fica a Maçonaria, temos
estatuto publicado no Diário Oficial, registrado em cartório, endereço,
um letreiro bem grande e até pessoas que não são maçons participam das
atividades. A gente só não tem necessidade de divulgar aos quatro ventos
o que é que a gente faz”, esclarece.
Família maçônica
A Maçonaria pode ser considerada uma grande família,
uma vez que os maçons tratam a si mesmos como irmãos. Desta forma, as
esposas são consideradas cunhadas e os filhos, sobrinhos uns dos outros.
A importância da família vai desde o ingresso na associação até a
inclusão dos filhos e esposas dentro da ordem. Por exemplo: mesmo sendo
aprovado pelos maçons, um homem só pode ingressar na Maçonaria se a
esposa concordar. Depois, dentro da irmandade, as esposas são convidadas
a fazerem parte do Clube das Samaritanas, organização comandada pela 1ª
dama, esposa do Grão Mestre (presidente geral do Estado), que se
“reúnem para se confraternizar, para planejar ações filantrópicas,
ajudando aos mais necessitados”, explica Rose Neide Santos Rodrigues
Ernandes, esposa de maçom e fundadora da Ordem da Estrela do Oriente no Ceará.
O parentesco maçônico também permite os familiares a participarem das
chamadas organizações paramaçônicas, tais como a Estrela do Oriente, os
DeMolays e as Filhas de Jó. De acordo com Rose, a relação da maçonaria
com a família funciona “como um elo de fraternidade, união,
companheirismo, pois nos tratamos como irmãos, e estamos juntos para
qualquer ocasião, seja na dor, na alegria”, relata.
Já para Charles Elton de Souza Aquino, que entrou na organização como DeMolay e hoje também é maçom, a Maçonaria é um local onde “os membros se sentem bem e engrandecem como pessoas e cidadãos”.
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