Provar que Jesus era negro é uma especulação antiga, tema de vários
encontros teológicos e livros sobre o assunto. Representações artísticas
do tema não faltam. Na ficção televisiva, já deu origem a muita
controvérsia.
Embora a Bíblia não o descreva fisicamente, existem
centenas de congregações norte-americanas que usam a imagem de um Jesus
negro para contrastar com a figura loira de olhos claros que ganhou
popularidade em quase todo o ocidente.
Talvez como sinal dos
tempos em que o politicamente correto está na ordem do dia, uma nova
Bíblia para jovens apresenta ilustrações que retratam vários personagens
bíblicos como homens e mulheres de origem africana (inclusive os
anjos).
A Bíblia da Juventude Afro-americana foi lançada após
quatro anos de debate, apresentando “comentários, notas de rodapé e
obras de arte destinadas a informar os jovens afro-americanos sobre as
Escrituras”.
Seu idealizador é o Bispo emérito John H. Ricard, da
Flórida. Além de reitor do Seminário Saint Joseph, em Washington, é o
atual presidente do Congresso Nacional de Católicos Negros e coordena a
Editora Saint Mary, que lançará a obra em janeiro de 2015.
“Nós
queríamos ter algo que apelasse para nossos jovens e queríamos fazer que
fosse o mais relevante possível para as suas vidas”, explica Ricard, em
uma entrevista com o Catholic News Service. “Depois de muitos anos de
estudo, pensamos que esta seria uma forma eficaz de fazer isso”. Durante
a concepção do projeto, estiveram envolvidos mais de 200 autores,
consultores teológicos e ilustradores.
A Bíblia inclui estudos
temáticos mostrando um pouco da história dos negros nos EUA e da
história da Igreja Católica em geral. “Essa Bíblia é resultado de uma
série de pesquisas”, explica o bispo. “Na Bíblia, falamos sobre
escravidão e procuramos explicar melhor o que isso significa para a
história dos afro-americanos nos Estados Unidos”, ressalta.
O
padre James Okoye atuou como editor da Bíblia. Ele conta que equilibrar a
perspectiva bíblica com a história dos escravos que vieram para o
continente americano não foi fácil. Alguns dos estudos foram mais
fáceis, como explicar que o Livro do Êxodo foi usado para manter viva a
esperança dos afro-americanos durante os tempos da escravidão. Outros
textos, como as encontradas nas cartas de Paulo, foram mais
desafiadores.
“Você tem que mostrar que a Bíblia é a palavra de
Deus, mas é a palavra de Deus, de acordo com o contexto humano”,
esclarece Okoye. “Você tem Colossenses e Efésios, onde Paulo
aparentemente aceita a escravidão como natural. Como você lida com isso
requer um equilíbrio delicado, para mostrar como a palavra de Deus foi
mal utilizada e como precisa ser usada hoje em dia”.
Valerie
Washington, diretor-executivo do Congresso Nacional de Católicos Negros,
explica que o público-alvo são jovens negros entre 14 e 22 anos, mas
que pode ser usada por qualquer pessoa.
“Nos queixamos que muitos
jovens não estão na igreja e que o seu envolvimento não está crescendo
tanto quanto gostaríamos”, disse Valerie. “Queremos que eles evangelizem
seus conhecidos. Se queremos chegar até essa juventude de agora
precisamos ser mais inclusivos. Esperamos que essa Bíblia os ajude a
evangelizar e crescer na sua fé.” Com informações de Catholic News Herald e NCR Online
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