Antes de Seu Lunga ser sepultado, foi celebrada uma missa às 15
horas no Centro de Velório Anjo da Guarda, onde foram prestadas as
primeiras homenagens ao comerciante
Foto: Elizângela Santos
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Milhares de pessoas deram o último adeus ao homem que se tornou um dos
personagens mais populares do Brasil, principalmente da terra onde viveu
a maior parte da sua vida, em Juazeiro do Norte. Joaquim Santos Rodrigues, ‘Seu Lunga’,
como ficou conhecido nacionalmente, foi sepultado no final da tarde
deste domingo (23), no cemitério do Socorro, em Juazeiro do Norte, sob
os aplausos de uma multidão de cerca de 4 mil pessoas. Ele morreu aos 87 anos, vítima de uma parada cardíaca.
Há mais de um ano, chegou a fazer uma cirurgia do esôfago e havia
suspeita de um câncer, não confirmado pela família. Na última
quarta-feira ele foi levado ao Hospital São Vicente de Paulo, em
Barbalha, onde faleceu no sábado, por volta das 9h30.
Antes de ser sepultado, foi celebrada uma missa às 15 horas no Centro
de Velório Anjo da Guarda, onde foram prestadas as primeiras homenagens
ao comerciante, dono de uma sucata que se tornou atrativo para turistas e
admiradores do Seu Lunga, que queriam conhecer o personagem das
histórias do homem pouco tolerante às pessoas que não sabiam perguntar. O
estabelecimento funcionava na rua Santa Luzia, 588, no Centro da
cidade, que até bem pouco tempo ele fazia questão de ir até o local de
trabalho.
Uma chuva de pétalas caídas de um helicóptero, após o som de uma
sanfona ‘pé de bode’, com os cânticos de louvor ao Padre Cícero, davam o
tom da despedida do poeta, repentista, e também o orador, que costumava
no último adeus aos amigos, à beira do túmulo, prestar-lhes às últimas
palavras. Antes de chegar ao cemitério do Socorro, uma multidão
aguardava para se despedir com homenagens de frente à casa de Seu Lunga,
na praça do Cinquentenário, nas proximidades do Socorro. Antes da
chegada ao túmulo, o caixão permaneceu por alguns minutos diante da
estátua do Padre Cícero, na praça do Socorro, em seguida adentrando a
capela. Próximo ao túmulo do sacerdote, que ele sonhava antes de morrer
ver a igreja reabilitando, foram realizadas as últimas despedidas de
amigos e familiares.
Seu Lunga tinha uma família numerosa, de 13 filhos, desses, 10 mulheres
estão vivas. Há cerca de quatro meses perdeu o último dos seus filhos,
Gilberto, aos 51 anos, vítima de um infarto. Ele nasceu no Município
vizinho de Caririaçu, mas parte de sua infância, com os pais e sete
irmãos, foi no Município de Assaré, também no Cariri cearense. Somente
aos 16 anos veio residir em Juazeiro do Norte. O apelido veio após o
comércio, por conta de uma de uma vizinha que lhe chamava de Calunda.
Com o tempo, passou a ser chamado de Lunga, nome que o fez ganhar fama
de pouco tolerante no Brasil. ontem, após a notícia da sua morte, as
homenagens nas redes sociais se espalharam e ele chegou a se destaque em
jornais de outros estados.
Autoridades, amigos, admiradores, ou simplesmente curiosos de conhecer
ou ver pela última o homem que preencheu o imaginário das pessoas com as
tiradas que se tornaram engraçadas, se despediram de Seu Lunga.
Enquanto muitos lembravam seus causos, outros falavam da lenda vivia que
agora fica para sempre marca na história de Juazeiro do Norte. O
ex-secretário de Cultura e radialista, Agnaldo Carlos Sousa, lembrou da
personalidade forte do comerciante e disse que ele se tornou, sem
dúvida, uma das figuras mais populares de Juazeiro do Norte, até mesmo
podendo ser considerada a mais conhecida, depois do Padre Cícero.
Um dos sonhos de Seu Lunga era poder fazer um registro de suas poesias.
Esse projeto vinha sendo alimentado há um bom tempo, pelo seu amigo
Júlio Vieira. Ele prestou vários serviços ao comerciante e disse que
pôde ver bem o outro lado do homem que antes ele até temia perguntar
alguma coisa. “Depois vi que ele era uma pessoa amável, atenciosa,
educada”, conta. Infelizmente o projeto não se concretizou, já que a
ideia, segundo o diretor da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins, era
gravar nos estúdios da fundação.
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