O cardiologista havia sido internado em setembro no hospital após sofrer um infarto agudo do miocárdio. |
Na noite de ontem (14), Adib Jatene, 85 anos, passou mal e foi levado ao Hospital do Coração, em São Paulo, onde morreu. O cardiologista havia sido internado em setembro no hospital após sofrer um infarto agudo do miocárdio.
Em maio de 2012, o médico já havia sido internado com dores no peito. À
época, ele mesmo diagnosticou o próprio infarto e deu orientações sobre
o seu tratamento. Passou por um cateterismo e precisou colocar um stent
(prótese metálica para a desobstrução de artérias).
Diretor-geral do HCor e um dos pioneiros da cirurgia do coração no
Brasil, Jatene tinha mais de 20 mil procedimentos em seu currículo. Foi o
primeiro a realizar a cirurgia de ponte de safena no Brasil e inventou
aparelhos e equipamentos médicos.
Filho de um seringueiro libanês e de uma dona de armarinho, era natural
de Xapuri. Estudou na USP (Universidade de São Paulo) e aos 23 anos
formou pela Faculdade de Medicina. A residência e pós-graduação foram
feitas no Hospital das Clínicas da mesma faculdade.
Nunca se filiou a partidos, mas participou de várias gestões. Atuou como secretário estadual da Saúde de São Paulo (1979-1982), no governo de Paulo Maluf, e duas vezes como ministro, na mesma área, nas gestões Fernando Collor (1992, por oito meses) e Fernando Henrique Cardoso (1995-1996, por 22 meses).
No governo de FHC, criou a CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira), para ajudar a financiar a saúde brasileira.
Ano passado, chegou a presidir uma comissão de especialistas que ajudou
o governo federal na formulação de projeto para mudanças no ensino
médico, mas se afastou depois de o governo de Dilma Rousseff (PT) lançar, à revelia da comissão, o programa Mais Médicos.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Jatene criticou o fato de os
programas de residência darem ênfase à alta tecnologia e
especializações. "O médico precisa se transformar em um especialista de
gente", disse ele à época.
Autor e co-autor de cerca de 700 trabalhos científicos publicados na
literatura nacional e internacional, deixa a esposa Aurice Biscegli
Jatene e quatro filhos -os médicos Ieda, Marcelo e Fábio, além da
arquiteta Iara.
Folhapress
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