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Mercadante queria que todos os ministros entregassem seus cargos
juntos, num gesto para deixar Dilma à vontade para remontar sua equipe
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
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Brasília. Até a tarde de ontem, mais de dez ministros
já haviam entregado cartas colocando o cargo à disposição da presidente
Dilma Rousseff (PT) para que ela possa fazer a reforma política sem
constrangimentos, segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio
Mercadante.
Ele informou ontem que "mais de 10, 15 ministros", inclusive ele mesmo,
já apresentaram uma carta colocando o cargo à disposição da presidente.
Na avaliação de Mercadante, o gesto é meramente "diplomático" e de
"agradecimento por ter participado" do atual governo. "É uma
formalidade, foi uma sugestão minha, da Miriam Belchior, faz quem
quiser", disse o ministro, em coletiva de imprensa concedida no Palácio
do Planalto.
A ideia original era que os ministros fizessem isso apenas na próxima
terça-feira (18). Na última terça, no entanto, a ministra da Cultura,
Marta Suplicy, enviou sua carta de demissão à Presidência e tornou-a
pública nas redes sociais.
No texto, ela faz crítica velada à condição da economia. A reportagem
apurou, que a ministra já havia apresentado seu pedido na semana
passada, mas o chefe da Casa Civil pediu para segurar a exoneração.
Ele queria que todos os ministros entregassem seus cargos juntos, num
gesto para deixar Dilma à vontade para remontar sua equipe. Com a saída
abrupta de Marta, a Casa Civil acionou os demais integrantes do primeiro
escalão na última terça, pedindo que antecipassem o movimento. Mauro
Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Thomas
Traummann (Secretaria de Comunicação) e Clélio Campolina (Ciência e
Tecnologia) estão entre os que já cumpriram o pedido.
Para assessores palacianos, a atitude de Marta - de entregar uma dura
carta de demissão enquanto a presidente estava fora do País - foi vista
como uma sinalização de que ela pode se desligar do PT para se filiar ao
PMDB, caso a sigla não lhe permita disputar prévia com o atual prefeito
de São Paulo, Fernando Haddad, na definição do candidato petista que
disputará as eleições municipais de 2016.
Mais cedo, o presidente da República em exercício, Michel Temer, disse
que não sabe "ainda" se a senadora licenciada por São Paulo pode se
filiar ao PMDB.
Tucanos
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse ontem, em tom de ironia, que
concordava com vários ministros do governo Dilma, especialmente com a da
Cultura, que entregou o cargo fazendo críticas à política econômica do
governo. "Concordo com a Marta, com o Gilberto Carvalho (da
Secretaria-Geral da Presidência). Estou concordando em tudo com os
ministros da Dilma", brincou.
Em sua carta de demissão, Marta disse esperar que, em seu segundo
mandato, Dilma escolhesse uma equipe econômica que resgatasse "a
confiança e credibilidade" do governo e que estivesse comprometida com o
crescimento do País.
Já Carvalho, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República,
disse nesta semana que a presidente dialogou pouco com a sociedade e se
afastou dos "principais atores na economia e na política" desde 2010.

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