segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Mudanças no clima exigem ação séria

As mudanças climáticas podem ter impactos graves sobre os ecossistemas marítimos, como na já se observa no litoral de Icaraí, no Ceará
As mudanças climáticas podem ter impactos graves sobre os ecossistemas marítimos, como na já se observa no litoral de Icaraí, no Ceará
Foto: Kid Júnior
Copenhague. A síntese do 5º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado ontem, em Copenhague, Dinamarca, revelou que se não houver ação imediata das nações para frear o aquecimento global, logo não haverá muito o que fazer.
"Se as taxas de emissão de gases de efeito estufa continuarem aumentando, os meios de adaptação não serão suficientes", aponta o documento.
"Temos uma janela de oportunidade, mas ela é muito curta. As mudanças climáticas não deixarão nenhuma parte do globo intacta", disse o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri.
Ele ressaltou que ainda há meios para frear as mudanças climáticas e construir um futuro sustentável, mas que as nações precisam levar a questão a sério.

Gerenciar os riscos
O relatório, elaborado com a participação de mais de 800 cientistas de 80 países, mostra que a emissão de gases de efeito estufa tem aumentado desde a era pré-industrial (resultado do crescimento econômico e da população). E que de 2000 a 2010, as emissões foram as mais altas da história. "O acúmulo de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso alcançaram níveis sem precedentes nos últimos 800 anos".
Entre 2000 e 2010, a produção de energia por meio da queima de combustíveis fósseis respondeu por 47% da emissão de gases de efeito estufa, enquanto a industrial (30%), o transporte (11%) e as construções (3%).
Segundo Pachauri, nas últimas três décadas foram registrados sucessivos aquecimentos na superfície da Terra; sem precedentes desde 1850. De 1983 a 2012 foi o período mais quente dos últimos 800 anos no Hemisfério Norte. O aquecimento (da Terra e dos oceanos), de 1880 a 2012, foi 0,85 grau Celsius (°C).
O derretimento das geleiras (na Groenlândia e na Antártida), aumentaram o nível do mar em 19 cm (de 1991 a 2010), número maior do que dos últimos dois milênios. O relatório alerta para a acidificação dos oceanos em 26% por causa da apreensão de gás carbônico da atmosfera, o que pode ter impacto grave sobre os ecossistemas marítimos. Os cientistas preveem impactos severos e irreversíveis para a humanidade e para os ecossistemas.
"Se não frearmos as mudanças climáticas, elas ampliarão os riscos já existentes e criarão novos riscos. Meios de vida serão interrompidos por tempestades, por inundações, períodos de seca e extremo calor".
Para o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, é preciso agir imediatamente. "O tempo não está a nosso favor. Vamos trabalhar juntos, preservar o nosso planeta Terra", disse.

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