O Conselho Tutelar de Juazeiro esteve na casa da família e
garantiu apoio para a situação. O menino, que era ameaçado de morte, já
se encontra em uma das unidades de acolhimento de Juazeiro, no bairro
Triângulo
FOTO: CÍCERO VALÉRIO/SITE MISÉRIA
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Juazeiro do Norte. Um caso dramático ganhou
repercussão neste município nos últimos dias. Uma mãe de 27 anos
procurou a imprensa para pedir ajuda a um dos seus quatro filhos,
envolvido com drogas. Residente no bairro Pio XII, o garoto de apenas 9
anos de idade já foi até ameaçado de morte por rivais.
A mãe, desesperada, pede um apoio aos órgãos públicos. "Preciso de um
lugar para colocar o meu filho onde ele só saia quando for maior de
idade, com um bom emprego. Prefiro ter que dar o meu filho do que ver
ele morto", suplica.
O Conselho Tutelar de Juazeiro esteve na casa da família e garantiu
apoio para a situação. O presidente do Conselho, Adauto Hélio, esclarece
que, como a mãe relatou que a criança estava sendo ameaçada de morte, o
caso está sendo encaminhado ao Ministério Público. "Uma vez que envolve
ameaça, encaminharemos o caso ao MP, para que as investigações sejam
iniciadas", afirma. Ele diz que o menino já se encontra em uma das
unidades de acolhimento do município, no bairro Triângulo.
"Ao tomarmos conhecimento das ameaças, buscamos o menino diretamente na
escola e o levamos para a unidade de acolhimento", revela o presidente
do Conselho.
Segundo o relato da mãe, a situação fugiu de seu controle, portanto
precisa de ajuda "Ele já me deu muita dor de cabeça, os vizinhos já não
falam comigo, porque ele já quebrou telhados, já roubou coisas". Ela
conta que o garoto saia de casa pela manhã e só voltava na madrugada,
drogado querendo matar a ela e aos irmãos. "A casa está toda destruída,
não posso mais nem trabalhar, pois quando eu saía, na volta encontrava
tudo quebrado. Já chegaram aqui em casa para matar ele, mas eu sou mãe e
escondi meu filho dentro do guarda roupas e não deixei fazerem nada com
ele. Sofri muito para criar esse menino, mas ele só vive envolvido com
drogas, pegando no que é alheio. Eu vivia de casa em casa e fui muito
humilhada", desafaba a mãe.
Acompanhamento
Uma equipe de agentes sociais, formada por conselheiros e psicólogos
esteve na casa da criança onde será realizado também um acompanhamento
familiar. De acordo com Adauto, no contato com a família do garoto, foi
percebido, de imediato, o abalo emocional da mãe e dos irmãos, o que
requer também um trabalho dos agentes sociais.
A titular estadual da Assessoria Especial de Políticas Públicas sobre
Drogas, Socorro França, explica que a própria lei diz que são três tipos
de acolhimento. "O voluntário, que é esse que nós temos 600 vagas,
quase todas preenchidas, onde a pessoa pode passar até um ano em
recuperação nas comunidades terapêuticas. Tem um outro caso do
acolhimento involuntário, quando existe uma doença por trás da
dependência química, pode ser um esquizofrênico, tuberculoso, uma pessoa
com Aids, quem pode nesse caso prescrever é o médico, não vai para a
comunidade terapêutica, e sim para outro tipo de acolhimento. Pode ser
um Caps, ou o Hospital de Messejana, que cuida do transtorno mental, da
dependência química e tem a internação compulsória, que quem determina é
o juiz".
Para esses casos, ela diz que, por enquanto, só existe o Hospital de
Messejana, mas afirma que está para começar a construção do Centro de
Desintoxicação, para adultos e crianças.
Para o juiz titular da 5ª Vara do Juizado da Infância e Juventude,
Manuel Clístenes de Façanha, o grande problema hoje das drogas é a falta
de educação. "Inicialmente, o traficante oferece maconha para o jovem e
como este não está preparado, não recebeu uma educação boa, dentro de
casa, ele sai da maconha para cocaína, seja na forma de pedra ou pó, de
uma forma muito rápida".
O juiz observa que, antigamente, o perfil do jovem infrator usuário de
droga era uma espécie de "trombadinha", que praticava pequenos furtos,
usava cola de sapateiro e ficava muitos anos nisso. A cola era muito
barata e ele conseguia manter o vício.
"Porém, hoje, essa realidade mudou completamente. O indivíduo já começa
com a maconha e daí para o crack é muito rápido. A vida dele gira em
torno disso. Peguei um caso de um que fumava 100 pedras por dia e pra
isso ele praticava até cinco roubos ao dia", relata.
As estatísticas criminais mostram que os delitos de furtos deram lugar à
prática de roubos, porte de armas e tráfico de drogas, que avançam para
homicídios e latrocínios.
"Os índices de criminalidade aumentam mais, com maior gravidade, e a
idade diminui. Por trás de tudo isso, está a droga e também a
corrupção".
Mais informações
Conselho Tutelar da Criança
E do Adolescente
Rua do Cruzeiro, 575, Centro Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 3587.3349
Conselho Tutelar da Criança
E do Adolescente
Rua do Cruzeiro, 575, Centro Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 3587.3349
Mirelly Morais
Repórter
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