O Parque do Cocó, que foi atingido por fogo na semana passada, é um dos pontos recorrentes de incêndios em Fortaleza
Foto: Kiko Silva
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De janeiro a setembro deste ano, o Ceará já registrou 1.168 incêndios
de vegetação como o que, na semana passada, atingiu o Parque do Cocó, em
Fortaleza. Nos nove meses, a média é de quatro ocorrências a cada 24
horas no Estado. Se comparada a 2013, a incidência dos sinistros cresceu
63% neste ano, já que no igual período do ano passado foram 714
incêndios. A situação deve piorar. Isto porque os focos de incêndio
crescem em setembro, outubro e novembro, devido à baixa umidade do solo e
do ar, elevação da temperatura e alta velocidade do vento.
Em 2013, de janeiro a agosto, segundo a Coordenadoria Integrada de
Operações de Segurança (Ciops), foram contabilizados 470 incêndios de
vegetação no Estado. Em setembro, outubro e novembro, foram 667
ocorrências. Se comparados os incêndios ocorridos em setembro de 2013
com o igual período deste ano, houve aumento de 38,9%. Em 2013, foram
244 ocorrências. Neste ano, 339. Não há um balanço dos números deste
mês.
O Ceará tem 1.917 focos de calor monitorados pela Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Esses pontos podem se tornar
focos de incêndio. Quixadá lidera a lista, com 54 focos, seguido por
Caucaia, com 52. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) revelam que o número de queimadas entre setembro e outubro deste
ano, no Estado, já ultrapassa o contabilizado durante os oito primeiros
meses de 2014. Segundo o Inpe, foram 368 queimadas de janeiro a agosto e
396 em setembro.
O meteorologista supervisor da Unidade de Tempo e Clima do Núcleo de
Meteorologia da Funceme, Raul Fritz, explica que o aquecimento das águas
do Oceano Pacífico faz com que, neste mês, a temperatura máxima
esperada no Estado seja de 32ºC. Porém, já chegou a 34ºC na Capital e
até 38ºC no Interior.
Além disso, Fritz afirmou que a umidade do solo no Estado, neste
período, é praticamente zero. Em Fortaleza, a situação é mais amena
devido à faixa litorânea leste, que segundo o meteorologia, recebe
algumas chuvas de efeito de brisa.
A incidência e a proporção dos incêndios de vegetação também são
influenciadas pela velocidade do vento, que neste mês, em média, têm
rajadas de 29 Km/h em Fortaleza. Em agosto e setembro, a velocidade
média chegou a 33Km/h e 32Km/h, respectivamente. Nos próximos dois
meses, os ventos podem chegar a 27Km/h e 25Km/h. A diferença da
velocidade média registrada agora chega a ser de 10Km/h da contabilizada
em março e abril.
Prevenção
Desde 2004, o governo do Estado tem o Programa Estadual de Prevenção,
Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais
(Previna). Um satélite meteorológico mede as áreas com focos de calor
que podem vir a incendiar. Segundo Fritz, esta é uma eficaz ferramenta
de prevenção. Porém, carece de investimento e aprimoramento.
Ele explicou que o equipamento mede a temperatura de brilho, que é
diferente da emissão comum e não tem como comparar com a escala de graus
Celsius usada convencionalmente. Segundo o meteorologista, órgãos como
Corpo de Bombeiros, Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente
(Conpam) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) têm acesso aos dados dos focos de calor e podem
atuar preventivamente.
"Os incêndios de maior porte são antecipados pelo satélite, mas
carecemos de informações sobre os pequenos", diz. Para o meteorologista,
o ideal é que o Estado tenha equipes de brigadista que combatam o
possível fogo antecipadamente ou imediatamente após ser detectado.
O relações públicas do Corpo de Bombeiros do Ceará, coronel Ricardo
Rodrigues, diz que além das ações da natureza, o fator humano contribui
com as queimadas de terreno para plantio - comum na área rural - e com a
queimada de lixo em vegetações - recorrentes na área urbana.
O coronel informou que o Corpo de Bombeiros reforça o trabalho
educativo nesta época do ano, como palestras e debates junto às
comunidades agrícolas no Estado. As tropas também recebem reforço de
bombas costais para conter os incêndios.
Em Fortaleza, os parques do Cocó e Adahil Barreto, os bairros
Jangurussu e Parque São José, segundo o coronel, são pontos recorrentes
de incêndios. Nas áreas de proteção, a fiscalização é executada pelo
Batalhão de Polícia Militar Ambiental. O coronel ressalta que quem faz
queimadas comete crime ambiental, além de assumir criminalmente que está
pondo em risco o patrimônio alheio.
Thatiany Nascimento
Repórter
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