quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Autoatendimento ainda gera dificuldades a usuários

Nas agências que ainda estão funcionando na Capital, a lotação tem sido bem acima do registrado antes do início da greve
Nas agências que ainda estão funcionando na Capital, a lotação tem sido bem acima do registrado antes do início da greve
fotos: Natinho Rodrigues
 
O funcionamento dos caixas eletrônicos das agências nem sempre significa comodidade para quem busca utilizá-los durante a greve dos bancários. São muitas as pessoas, principalmente as mais idosas, que não têm habilidade para utilizar o serviço de autoatendimento. A situação é pior onde não há funcionários para auxiliar os usuários com dificuldade, que vão embora sem realizar os procedimentos.
Ontem, pelo menos 329 agências em todo do Ceará aderiram à greve dos bancários. O número representa 63,2% de um total de 520 estabelecimentos localizados no Ceará, segundo levantamento do Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb-CE).
"Preciso fazer uma transferência com urgência, mas não sei mexer no caixa eletrônico. Já vim da Caixa Econômica da Rua Senador Pompeu. Lá, tinha gente para ajudar, e consegui fazer um depósito. Aqui, não tem ninguém. E não vou pedir ajuda a estranho", conta a aposentada Maria de Conceição Rodrigues, que esteve ontem na agência do Banco do Brasil da Rua Floriano Peixoto, no Centro de Fortaleza.
No mesmo lugar, o vendedor Rinaldo dos Santos foi embora frustrado, pois não conseguiu efetuar um pagamento. Ele sabe usar o caixa eletrônico, mas conta que a máquina não estava lendo o código de barras da fatura. "Aparece a opção para colocar os números da fatura, mas tenho problema de visão e não consigo enxergar os números. Já tentei três vezes e nada. Deveria ter aqui, no mínimo, uma pessoa para nos ajudar", reclama.

Os usuários ficam mais tranquilos nas agências onde existem funcionários para prestar informações e auxiliá-los em caso de dificuldade. E esse apoio aos clientes é mais comum nos bancos privados. "Só estou sacando no caixa eletrônico porque é o jeito e tem alguém para me instruir. Além de não saber tirar dinheiro pela máquina, não gosto, por uma questão de segurança mesmo", relata a pensionista Maria Cleomar de Castro Tavares, na agência do Santander da Rua Floriano Peixoto.
Grande fluxo
Ainda é possível encontrar bancos funcionando em Fortaleza. Localizado ao lado do Santander, o Bradesco não paralisou as atividades e, segundo informações de funcionários, teve de abrir às 8 horas para dar conta do grande fluxo de clientes. "Vim receber meu salário. Já saquei R$ 2 mil no caixa eletrônico, é o limite. Agora, estou aqui dentro aguardando para retirar o restante. O número da minha senha é 3090, está no 3051. Espero que não demore tanto, meu atendimento é preferencial", declara o aposentado José Osvaldo Silva, na agência do Bradesco.
Dinheiro
Todas as agências que a reportagem do Diário do Nordeste percorreu na manhã dessa quarta-feira (1º), segundo dia de paralisação da categoria em todo o Brasil, ainda contavam com cédulas na maioria dos caixas eletrônicos. Por conta da greve, pode ser comum encontrar instituições financeiras onde falta dinheiro nas máquinas, como já aconteceu em anos anteriores de paralisação.
No entanto, no Banco do Brasil da Avenida Pontes Vieira, no bairro Dionísio Torres, o aposentado José Heber Santos reclamava que a máquina liberava apenas cédulas de R$ 10. "É um desrespeito", diz.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Banco do Brasil para repercutir a falta de funcionários para auxiliar os clientes no autoatendimento. A assessoria preferiu não falar sobre o problema, dizendo apenas que todos os assuntos relativos à greve devem ser tratados com a Federação Brasileira de Bancos.
Funcionários de call center aderem à paralisação
São Paulo. Em todo o País, o número de agências paradas na greve dos bancários chegou a 7.673 ontem. O número representa um terço de todas as 22.987 unidades bancárias do País. Na terça-feira (30), quando a greve começou, 6.572 agências, ou 28,6% do total, não abriram as portas.
A paralisação foi fortalecida nesta quarta-feira (1º) com a adesão de funcionários de call center do Banco do Brasil, Bradesco, Santander e HSBC, além de centros administrativos do Itaú Unibanco.
A Febraban, no entanto, afirma não ter registrado problemas nos atendimentos por telefone. A entidade diz que o serviço é em grande parte automatizado e representa apenas 4% dos 40,2 bilhões de transações realizadas em 2013.
Em caso de problemas, a Febraban aconselha os consumidores a acessar sites e aplicativos de celular dos bancos. Caixas eletrônicos também estão à disposição dos consumidores.
Manifestações
Os trabalhadores do setor bancário aproveitam a greve para realizar manifestações em dez capitais do País ontem. O protesto tem por objetivo criticar as propostas de candidatos às eleições presidenciais que propõem a independência do Banco Central. O movimento é organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). As manifestações ocorrem em representações do BC em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belém.
Para encerrar a greve, a categoria demanda um reajuste de 12,5%, o que inclui 5,8% acima da inflação medida pelo INPC (6,35% no acumulado em 12 meses), piso salarial de R$ 2.979,25, 14º salário e outros benefícios. A proposta dos bancos prevê correção salarial de 7,35%, aumento real de 0,94%.
Raone Saraiva
Repórter
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