Nas agências que ainda estão funcionando na Capital, a lotação tem sido bem acima do registrado antes do início da greve
fotos: Natinho Rodrigues
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O funcionamento dos caixas eletrônicos das agências nem sempre
significa comodidade para quem busca utilizá-los durante a greve dos
bancários. São muitas as pessoas, principalmente as mais idosas, que não
têm habilidade para utilizar o serviço de autoatendimento. A situação é
pior onde não há funcionários para auxiliar os usuários com
dificuldade, que vão embora sem realizar os procedimentos.
Ontem, pelo menos 329 agências em todo do Ceará aderiram à greve dos
bancários. O número representa 63,2% de um total de 520 estabelecimentos
localizados no Ceará, segundo levantamento do Sindicato dos Bancários
do Ceará (Seeb-CE).
"Preciso fazer uma transferência com urgência, mas não sei mexer no
caixa eletrônico. Já vim da Caixa Econômica da Rua Senador Pompeu. Lá,
tinha gente para ajudar, e consegui fazer um depósito. Aqui, não tem
ninguém. E não vou pedir ajuda a estranho", conta a aposentada Maria de
Conceição Rodrigues, que esteve ontem na agência do Banco do Brasil da
Rua Floriano Peixoto, no Centro de Fortaleza.
No mesmo lugar, o vendedor Rinaldo dos Santos foi embora frustrado,
pois não conseguiu efetuar um pagamento. Ele sabe usar o caixa
eletrônico, mas conta que a máquina não estava lendo o código de barras
da fatura. "Aparece a opção para colocar os números da fatura, mas tenho
problema de visão e não consigo enxergar os números. Já tentei três
vezes e nada. Deveria ter aqui, no mínimo, uma pessoa para nos ajudar",
reclama.
Os usuários ficam mais tranquilos nas agências onde existem
funcionários para prestar informações e auxiliá-los em caso de
dificuldade. E esse apoio aos clientes é mais comum nos bancos privados.
"Só estou sacando no caixa eletrônico porque é o jeito e tem alguém
para me instruir. Além de não saber tirar dinheiro pela máquina, não
gosto, por uma questão de segurança mesmo", relata a pensionista Maria
Cleomar de Castro Tavares, na agência do Santander da Rua Floriano
Peixoto.
Grande fluxo
Ainda é possível encontrar bancos funcionando em Fortaleza. Localizado
ao lado do Santander, o Bradesco não paralisou as atividades e, segundo
informações de funcionários, teve de abrir às 8 horas para dar conta do
grande fluxo de clientes. "Vim receber meu salário. Já saquei R$ 2 mil
no caixa eletrônico, é o limite. Agora, estou aqui dentro aguardando
para retirar o restante. O número da minha senha é 3090, está no 3051.
Espero que não demore tanto, meu atendimento é preferencial", declara o
aposentado José Osvaldo Silva, na agência do Bradesco.
Dinheiro
Todas as agências que a reportagem do Diário do Nordeste percorreu na
manhã dessa quarta-feira (1º), segundo dia de paralisação da categoria
em todo o Brasil, ainda contavam com cédulas na maioria dos caixas
eletrônicos. Por conta da greve, pode ser comum encontrar instituições
financeiras onde falta dinheiro nas máquinas, como já aconteceu em anos
anteriores de paralisação.
No entanto, no Banco do Brasil da Avenida Pontes Vieira, no bairro
Dionísio Torres, o aposentado José Heber Santos reclamava que a máquina
liberava apenas cédulas de R$ 10. "É um desrespeito", diz.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Banco do Brasil para
repercutir a falta de funcionários para auxiliar os clientes no
autoatendimento. A assessoria preferiu não falar sobre o problema,
dizendo apenas que todos os assuntos relativos à greve devem ser
tratados com a Federação Brasileira de Bancos.
Funcionários de call center aderem à paralisação
São Paulo. Em todo o País, o número de agências
paradas na greve dos bancários chegou a 7.673 ontem. O número representa
um terço de todas as 22.987 unidades bancárias do País. Na terça-feira
(30), quando a greve começou, 6.572 agências, ou 28,6% do total, não
abriram as portas.
A paralisação foi fortalecida nesta quarta-feira (1º) com a adesão de
funcionários de call center do Banco do Brasil, Bradesco, Santander e
HSBC, além de centros administrativos do Itaú Unibanco.
A Febraban, no entanto, afirma não ter registrado problemas nos
atendimentos por telefone. A entidade diz que o serviço é em grande
parte automatizado e representa apenas 4% dos 40,2 bilhões de transações
realizadas em 2013.
Em caso de problemas, a Febraban aconselha os consumidores a acessar
sites e aplicativos de celular dos bancos. Caixas eletrônicos também
estão à disposição dos consumidores.
Manifestações
Os trabalhadores do setor bancário aproveitam a greve para realizar
manifestações em dez capitais do País ontem. O protesto tem por objetivo
criticar as propostas de candidatos às eleições presidenciais que
propõem a independência do Banco Central. O movimento é organizado pela
Central Única dos Trabalhadores (CUT). As manifestações ocorrem em
representações do BC em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belém.
Para encerrar a greve, a categoria demanda um reajuste de 12,5%, o que
inclui 5,8% acima da inflação medida pelo INPC (6,35% no acumulado em 12
meses), piso salarial de R$ 2.979,25, 14º salário e outros benefícios. A
proposta dos bancos prevê correção salarial de 7,35%, aumento real de
0,94%.
Raone Saraiva
Repórter
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