Desde 2011, o Hospital de Messejana realizou 14 transplantes de
coração. Ao todo, a instituição contabiliza 22 procedimentos em igual
período
FOTO: ALEX COSTA
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Neste ano, seis transplantes de pulmão foram realizados no Ceará. Com
isso, chega a 22 o número de procedimentos realizados pelo Hospital de
Messejana desde 2011. Apenas outras três unidades realizam a operação no
País, em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Já transplantes
de coração foram 14 no mesmo período, o que coloca o Estado em evidência
no Brasil. O aumento dos transplantes está associado às campanhas de
conscientização para a importância de doar. Entre elas, está o movimento
Doe de Coração, promovido pela Fundação Edson Queiroz, desde 2003.
Em setembro, mês em que se comemora o dia mundial de doação de órgãos e
tecidos, celebrado no dia 27, o movimento Doe de Coração inicia sua 12ª
campanha. De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes do
Ceará, Eliana Barbosa, o movimento, reconhecido pela Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), conseguiu chamar a atenção
da sociedade para a doação.
"O Doe de Coração desenvolve excelentes estratégias de comunicação que
conseguem informar e sensibilizar todos segmentos da sociedade cearense.
A campanha promove mudanças de atitudes positivas para os transplantes,
favorecendo o aumento do número de famílias que dizem sim à doação de
órgãos e tecidos", afirma.
O primeiro semestre de 2014 registrou um aumento de 28,4% das
notificações de potenciais doadores de órgãos e tecidos para
transplantes no Estado em comparação com igual período do ano anterior.
As doações efetivas também cresceram 24,7%, e os transplantes, 15,9%,
conforme levantamento da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde
do Estado (Sesa).
Recusas
As campanhas de incentivo às doações também podem estar contribuindo
para o esclarecimento das famílias de potenciais doadores. Segundo o
Hospital de Messejana, a redução proporcional das recusas familiares à
doação apresentou a maior variação no semestre, sinalizando maior
aceitação. "Nos primeiros cinco meses do ano, a negativa familiar às
doações nas entrevistas teve média de 47,7%, taxa reduzida em junho a
28,9%", informou a instituição.
De acordo com dados da ABTO, já foram realizados 922 transplantes no
País em 2014, enquanto 1.037 pessoas ainda permanecem na fila de espera.
Segundo o presidente da ABTO, Lúcio Pacheco, para que as pessoas sejam
favoráveis à doação, é necessário esclarecimento sobre o processo
doação-transplante. "Fazemos isso através de campanhas regulares
semelhantes à idealizada pelo movimento Doe de Coração", afirma.
A importância de campanhas que esclareçam e desmitifiquem os receios
sobre a doação de órgãos é testificada por pessoas que precisaram de um
transplante e hoje fazem parte da luta para garantir a vida de muitos
outros que ainda necessitam receber órgãos e tecidos. É este o caso de
Velúsia Medeiros, fundadora e gestora do Grupo de Apoio ao Paciente
Onco-Hematológico (Gapo), que passou por um transplante de medula.
"Fui acometida pelo câncer, leucemia mieloide crônica, em fevereiro de
2002. Fiquei um ano em tratamento com medicações até chegar o momento do
transplante. Passei um ano à espera e ela não foi tão grande, pois tive
a felicidade de encontrar em minha família um doador 100% compatível
comigo, o meu irmão. Ver no outro a possibilidade de continuar a sua
vida é sensacional", conta.
Divulgação
O presidente da Associação Cearense dos Pacientes Hepáticos e
Transplantados, José Wilter, foi beneficiado pelo transplante de fígado e
ressalta o resultado de ações de divulgação para viabilizar novos
procedimentos. "Tive a felicidade de uma família, após a morte de seu
ente querido, ter tido a solidariedade e o amor de dizer o 'sim' para a
doação de órgãos. Sem isso, eu não estaria aqui dando este depoimento.
Depois do transplante, foi uma nova vida".
A campanha Doe de Coração busca sensibilizar a sociedade através dos
meios de comunicação com o objetivo de atingir diversos segmentos da
população, em especial a rede de saúde pública e privada, além de
grandes agentes, com a utilização de anúncios de jornal, inserções em TV
aberta e fechada e distribuição de cartilhas e camisas.
A mobilização é realizada em hospitais, escolas, clínicas, no Sistema
Verdes Mares, na Unifor e em entidades, além de configurar em
investimento da Fundação Edson Queiroz para disseminar essa mensagem de
esperança de vida, atingindo milhares de pessoas.
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