Fortaleza. Subiu para 24 o número de cidades em
racionamento de água no Ceará. A contenção no fornecimento hídrico varia
conforme o nível de reserva de cada localidade. A situação piora com
mais dias sem chuva, para aumentar o volume dos reservatórios, que são
mínimos: já são 103 açudes com menos de 30% da capacidade.
Desses, metade, ou 51 açudes, está com menos de 10% da capacidade, uma
verdadeira situação de colapso de abastecimento. Amparados pelos órgãos
técnicos, os municípios estão fazendo "o que podem".
Na semana passada, o Diário do Nordeste apontava que, pelo menos,
quatro municípios já adotavam o racionamento de água como forma de
evitar o colapso total nessas cidades.
As medidas de contenção são tomadas pela Companhia de Água e esgoto no
Ceará (Cagece) e pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), órgãos
gerenciadores em distintos municípios. A Cagece, que abastece a maioria
dos municípios, têm ao menos 19 cidades sofrendo racionamento de água.
Embora esses órgãos tenham autonomia para decidir o racionamento, as
decisões têm partido da reunião no Comitê Integrado da Seca, que reúne
os diversos órgãos estaduais, municipais e federais envolvidos com a
problemática.
Conforme o coordenador de Ofertas Hídricas da Secretaria de Recursos
Hídricos do Estado (SRH), Gianni Lima, o racionamento está sendo
iniciado nos municípios como medida preventiva. A situação tem exigido
um esforço coordenado com Prefeituras dos municípios afetados,
especialmente para o trabalho de conscientização do uso. O monitoramento
é contínuo, e de acordo com os açudes que os abastecem, os municípios
terão menos ou mais água.
A crise é generalizada, com menos intensidade apenas no Vale do
Jaguaribe, que possui as maiores reservas do Estado, e na Região
Metropolitana de Fortaleza, que é abastecida, na maior parte, pelas
águas jaguaribanas. Ainda assim, o Açude Castanhão está com apenas 35%
da capacidade de armazenamento.
Rotina
Assim como de seca o Nordeste entende, de racionamento, centenas de
comunidades rurais do Ceará sabem há tempos e de forma rotineira. Mas a
situação de escassez tornou-se tão mais drástica que são as áreas
urbanas, nas sedes municipais, em crescente escala de falta d'água. Para
Ricardo Adeodato, diretor de operações da Companhia de Gestão dos
Recurso Hídricos (Cogerh), é o momento de economizar "mais do que
nunca". Ele afirma haver segurança hídrica para 2015, mas a situação
varia conforme a região das bacias hidrográficas. Adutora de montagem
rápida, perfuração de poços e carros-pipas são as principais medidas
adotadas para combater a falta d'água.
Embora já ocorram anos de seca e as medidas preventivas sejam adotadas,
a solução ainda não chegou para todos os municípios, literalmente, à
míngua.
Melquíades Júnior
Repórter
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