Iguatu. Dez meses depois do veto da presidente Dilma
Rousseff ao projeto de lei complementar que definia novas regras de
criação, fusão e incorporação de municípios, o tema é novamente
discutido a partir da aprovação, anteontem, pelo Senado de uma nova
legislação. As regras agora são mais rígidas. As lideranças
emancipalistas concordam que haverá maior dificuldade em se obter a
emancipação, mas defendem a necessidade de uma regulamentação para a
matéria.
No Ceará, cerca de 30 distritos pleiteiam a emancipação política.
Porém, esse número poderá ser reduzido porque os critérios da nova lei
são mais rigorosos. Um deles é o número mínimo populacional para a
região Nordeste, que passou de 8.700 habitantes para 12 mil.
Com base no Censo de 2010, apenas os distritos de Jurema (Caucaia);
Pajuçara (Maracanaú); Iguape e Camará (Aquiraz); Parajuru (Beberibe);
Cruxati (Itapipoca); alcançam o critério mínimo populacional.
Em novembro de 2013, a presidente Dilma Roussef decidiu vetar o projeto
de lei que tratava da emancipação política de distritos. A decisão
causou surpresa e indignação de lideranças políticas, porquanto a
matéria havia sido discutida e aprovada por lideranças da situação e
seguia critérios definidos pelo Gabinete da Presidência. Até hoje, o
veto ainda não foi apreciado no Congresso Nacional.
Mediante novo acordo entre as lideranças políticas, o Senado votou novo
projeto de lei, que foi debatido e modificado na Câmara dos Deputados.
De volta ao Senado, as mudanças feitas pelos deputados federais foram
mantidas. O texto foi aprovado e agora segue para sanção presidencial.
"Há um novo acordo, que prevê a sanção da lei pela presidente Dilma para
o novo projeto e, em contrapartida, o Congresso mantém o veto do
projeto anterior", observou o presidente da Federação de Desenvolvimento
Distrital e Emancipação do Ceará, Carlos Farias.
Mobilização
Farias não crê em novas surpresas. "O veto ao projeto anterior resultou
em mobilização, protestos e, por isso, acho que o acordo atual será
mantido", disse. "O novo projeto traz regras mais rígidas", confirmou.
O texto prevê uma regra de transição para que, a partir do 13º ano, os
novos municípios tenham um prazo de dez anos para começarem a receber,
gradativamente, a nova cota do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM) nos casos de fusões e incorporações.
As lideranças do movimento consideram improvável que ocorram emancipações e eleições em 2016.
A lei define que, preferencialmente, os plebiscitos sejam realizados
por ocasião de eleições gerais. "Para este ano não dá mais", disse
Farias. "Para as eleições municipais, há critérios conflitantes e, por
isso, a consulta poderá ficar para 2018". Assim sendo, eleições
municipais nas novas cidades serão possíveis somente no ano de 2020.
Plebiscito
Além disso, é preciso a realização de um plebiscito em que os eleitores
de todo o município sejam consultados com o voto do "sim" ou "não" pela
emancipação do distrito. É preciso metade mais um dos votos para a
aprovação da proposta emancipacionista. "É provável que a população de
municípios sedes e lideranças políticas fiquem contrárias temendo
prejuízo", observa o vice-prefeito de Iguatu, Ednaldo Lavor, que luta
pela emancipação do distrito de José de Alencar. "Esse é outro desafio a
ser vencido", admite ele. O vereador Francisco Sales, que luta pela
emancipação do distrito de São Pedro do Norte, no município de Jucás,
lamentou que a partir do novo critério populacional, a maioria dos
distritos que sonhavam com a emancipação, terá de esperar por mais
alguns anos.
"Aqui na região Centro-Sul do Ceará, os distritos não foram
contemplados, mas paciência", disse. "O lado bom é que, agora, deveremos
ter um marco legal, eliminando o vácuo existente".
Âmbito federal
A emenda constitucional nº 15, de 1996, retirou das Assembleias
Legislativas a competência de legislar sobre a criação, fusão e
incorporação de novos municípios. Uma lei federal deveria regulamentar
os critérios. "Parece que finalmente vamos ter essa lei", disse Sales.
Para dar início ao processo de emancipação, é necessário que seja
enviado, para a Assembleia Legislativa, um requerimento com a assinatura
de, no mínimo, 20% dos eleitores residentes no local que se pretenda
emancipar ou que se pretenda desmembrar e por 3% dos eleitores
residentes em cada município envolvido. Deve ter arrecadação própria
superior a 10% dos municípios do Estado. Exige-se ainda estudo de
viabilidade econômica.
Ajustes
Quanto ao critério população, Ednaldo Lavor entende que é possível
definir no projeto setor censitário, de continuidade territorial.
Agregando essas novas áreas, poderia ser alcançado o critério
populacional. Isso para os distritos que estão próximos dos 12 mil
habitantes.
Santa Quitéria é a maior área no Estado constituído por oito distritos,
dos quais, Macaraú, Trapiá e Lisieux buscam emancipação política. Caso
haja o desmembramento, o novo município deverá levar quase dez mil dos
42.763 habitantes de Santa Quitéria.
Dos que procuram emancipação, Lisieux é o que possui a maior população
urbana, além de acesso asfaltado até a sede Santa Quitéria.
Mais informações
Assembleia Legislativa do Ceará
Comissão de Novos Municípios (85) 3277. 2735
Aprece (85) 4003.4006
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Honório Barbosa
Repórter
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