sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Lúcia Veríssimo produz programa sobre sexo e fala da sua sexualidade: "Desejos são variados"

Lúcia Veríssimo está tocando um programa sobre sexo, produzido por ela, que está negociando com algumas emissoras  (Foto: Jornal Extra)
Lúcia Veríssimo está tocando um programa sobre sexo, produzido por ela, que está negociando com algumas emissoras (Foto: Extra)
Bruno Astuto
com Acyr Méra Júnior e Dani Barbi

Afastada da TV desde Amor à Vida, aos 56 anos Lúcia Veríssimo está tocando um programa sobre sexo que está negociando com algumas emissoras. "Está ficando divertido e bastante informativo", afirma ela, que desde os anos de 1990 lida com a curiosidade em torno da sua sexualidade. "Faço a minha parte, vivendo minha vida sem hipocrisia. Podemos ter desejos variados em diversos momentos da vida. Não respeitar esses movimentos é descartar possibilidades de grandes vivências. Não gosto da forma careta como enxergam o ser humano, que é por essência diversos seres dentro de um só. Ver tudo de forma quadrada é se tornar tão quadrado quanto", afirma a atriz, sem revelar, nem esconder, sua orientação. "Mesmo antes de existirem redes sociais eu já pagava um preço enorme por me exprimir sem mentiras. Até já perdi emprego por causa disso. Mas meu travesseiro é quem me conforta ao me deitar durmo bem tranquila". Enquanto isso através da sua produtora, Canela, Lúcia produz um documentário sobre seu pai, o compositor Severino Filho, chamado Eu, Meu Pai e Os Cariocas. Nas horas de folga, ela uso o tempo para seu principal lazer: andar de moto. "Adoro ser motociclista, apesar de ter que conviver com os motoqueiros que detestam mulheres, ainda por cima mais velhas, pilotando motos".

 A atriz e produtora bateu um papo sem rodeios com a coluna.
Soube que você não aguenta mais falar sobre sexo, por que?
Tem muita coisa que me incomoda, a principal delas é a ignorância, a falta de educação. Não gosto da forma careta como enxergam o ser humano, que é por essência diversos seres dentro de um só. Não podemos nos aprisionar em uma forma somente se somos sabedores que existem tantas possibilidades dentro de nós. Podemos ter desejos variados em diversos momentos na vida e não respeitar esses movimentos é estar descartando possibilidades de grandes vivências. Ver tudo de forma quadrada é se tornar tão quadrado quanto.
Qual o peso do sexo em uma relação?
Para mim é enorme, mas não o único.
Suas opiniões sobre o tema nas redes sociais já te causaram problemas?
Mesmo antes de existirem redes sociais eu já pagava um preço enorme por me exprimir sem mentiras, em entrevistas por exemplo. Não uso redes sociais para me tornar conhecida ou famosa e sim como meio de falar o que penso sem interlocutores, falo diretamente com quem queira ler sobre determinado assunto, sem interpretações de outros ou tendências dos veículos. Não sou adepta a usar hashtag e não me lembro de ter usado essa de #prontofalei. Uso hashtag para divulgar algum movimento que estou aderindo e geralmente são ligados a discussões políticas, preservação do meio ambiente e defesa animal. Esses são os assuntos que falo fora citar livros, filmes, peças de teatro, museus, artes plásticas, shows etc... Não vão me ver falando de moda ou algo do gênero. Sabe por que não sou tão interessante para se fazer fofoca? Porque eu mesma sou a maior divulgadora de tudo que faço e sou. Sendo um livro aberto, o que as pessoas têm pra falar? Até já perdi emprego por causa disso, de expor o que penso. Mas meu travesseiro é quem me conforta ao me deitar, durmo bem tranquila.
Mas como lida com as críticas que vêm das redes sociais?
Já fui duramente surrada... Aliás, quase que diariamente. Os que falam em nome de Jesus então, adoram me agredir. Não sei quem deu a eles a procuração para falar em nome de Jesus, porém eles afirmam que foi Jesus que disse que sou uma pecadora e que mereço queimar na fogueira. Meu Deus: e eu que pensei que as fogueiras da inquisição tinham ficado na idade média. Está vendo como estamos em total retrocesso?! Agora, tenho imensa gratidão quando encontro pessoas que falam “aquela declaração que você fez me levou a pensar e agir de forma diferente e isso foi ótimo”, ou mesmo que entram em discussões nessas mesmas redes sociais de forma inteligente e as vezes até me fazendo enxergar de forma diferente também. isso é gratificante. Fiz amigos reais nas relações virtuais e não são poucos, de verdade.
Como é sua vida longe da TV?
Dificilmente vou a festas e lugares badalados. Não tenho nada contra isso, mas não faz o meu tipo, não é assunto que me interesso desde sempre. Sou muito caseira, gosto de receber amigos, ler, assistir filmes, namorar… coisas tranquilas. Para a maioria de hoje em dia, sou uma chata e sem atrativos.
Pretende voltar a fazer novela?
Se me chamarem, certamente. Foi o que mais fiz na minha vida e foi onde direcionei minha carreira. Gosto muito de ter me afastado e ter mergulhado no teatro, mas isso não encerrou meu caminho na TV, muito pelo contrário, hoje me dia estou muito mais calma e serena para trabalhar. Nos anos 80 e 90 eu terminava uma novela e começava outra, isso me desgastava demais e passei a ficar nervosa e cansada com o ritmo frenético exigido pela televisão. Agora tudo está diferente e adoraria voltar com maior frequência do que venho fazendo ultimamente.
Posaria nua novamente?
Nunca vi nada de errado com a nudez e nem acho um bicho de sete cabeças posar nua. Ainda continuo tomando banho de mar, cachoeira (na minha fazenda), rio e piscina da forma como Deus me colocou no mundo. E continuo fazendo força para que todos que me acompanham façam o mesmo, mas duvido muito que queiram ver uma mulher que já não tem mais as mesmas formas de jovem, nos seus 56 anos, pelada. Posei nua duas vezes, no tempo que não existia photoshop. Fazer outra vez agora com o recurso do photoshop seria muito mais fácil. Acho que teriam um enorme trabalho de edição e não sei se eu gostaria de mentir tanto. Prefiro me expor a poucos eleitos.
Se incomoda com a chegada da idade?
Me incomoda em muitas coisas e me alegra em muitas outras, como tudo na vida. Fico triste de ver que para manter um corpo magro hoje em dia tenho que abdicar de muitos prazeres mundanos como bons vinhos, doces, massas. E que devido a escolhas de esportes tão radicais que sempre fiz, contraí problemas que não me dão oportunidade de queimar essas calorias com facilidade numa boa atividade física. Então fico pensando: é difícil alguém ser feliz e magro? Então me entristece não ter mais aquela facilidade de emagrecer, porém adoro a minha calma, serenidade e quase nenhuma ansiedade. Detesto ver que existem, sim, limitações físicas, mas que as viagens intelectuais são mais atraentes. Detesto a minha falta de paciência, porém adoro não ter mais saco de discutir, de brigar. Detesto levantar para beber água, dar banho no cachorro, limpar a moto, trocar a tomada do abajour e continuar com sede porque esqueci para que eu tinha levantado, mas adoro me divertir com isso também. Adoro ainda ser motociclista, apesar de ter que conviver com os motoqueiros que detestam mulheres e ainda mais velhas pilotando motos, mas adoro passear de moto hoje. Enfim, gosto que a idade me dê oportunidade de enxergar as coisas com mais clareza e inteligência, apesar de não me deixar ser tão mais ágil fisicamente.

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