Grevistas lotaram ontem a Câmara Municipal durante audiência pública que debateu o movimento paredista na rede de ensino
FOTO: ROBERTO CRISPIM
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Crato. Cerca de 350 professores participaram ontem da
audiência pública realizada pela Câmara de Vereadores deste município na
tentativa de que um canal de diálogo pudesse ter sido aberto com a
gestão local, através da Secretaria de Educação, objetivando o
acatamento das reivindicações apresentadas na última quarta-feira,
quando os docentes entraram em greve por tempo indeterminado.
A categoria reivindica o repasse da diferença salarial do piso para
todos os profissionais do magistério, no percentual de 14,18%; majoração
do percentual de regência de classe atualmente de 8% sobre o salário
base para 20%; reformulação do Plano de Cargos e Carreiras do Magistério
(PCCS) e, ainda, a progressão dos auxiliares de serviço gerais,
merendeiras, técnicos administrativos e secretários escolares.
Ontem, os grevistas mantinham expectativas de que, com a presença do
secretário de Educação do município, Cacá Rodrigues, na audiência
realizada pelo Poder Legislativo, governo e professores pudessem chegar a
um entendimento. O secretário de Educação de Crato, no entanto, não
compareceu à reunião pública e sua ausência acabou sendo interpretada
pelos grevistas como um desrespeito à categoria. "A ausência do
secretário é mais um deboche da administração municipal para com o
professorado do nosso município. Uma grande falta de respeito não apenas
com a categoria, mas também com toda a sociedade que aqui se encontrava
presente à audiência", avaliou o representante do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais
da Educaçã o (Fundeb), Samuel Siebra.
Conforme o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais do Crato
(SindsmCrato), cerca de 80% da categoria aderiu à paralisação iniciada
na semana passada. A entidade avalia que apenas professores que atuam em
regime de contrato temporário junto ao município ainda estejam em sala
de aula. O Sindicato também defende que apenas algumas escolas da zona
rural de Crato ainda estão funcionando.
Com a greve dos professores, a entidade estima que o número de alunos
prejudicados em todo o município seja de 19 mil estudantes. "O professor
está completamente desvalorizado pelo município. A diferença em torno
do reajuste salarial é de 12% e o município, de forma surpreendente,
apresentou uma proposta de apenas 2% para a categoria. Os professores
estão revoltados com a falta de diálogo. Consideram humilhante a
proposta que o município ofereceu. Além disso, a política de valorização
da categoria vai no sentido de manter e ampliar direitos. Não podemos
convive com inconstância das condições de trabalho", ressaltou o
presidente do SindsmCrato, Júnior Matos.
A Secretaria de Educação do município não confirmou o percentual de
professores que aderiram ao movimento grevista, tão pouco o número de
alunos prejudicados com a interrupção das aulas pelos professores.
A reportagem tentou, por varias vezes, contatar o secretário de
Educação de Crato, Cacá Rodrigues, seu celular, no entanto, estava
desligado ou fora da área de cobertura.
Roberto Crispim
Repórter
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