terça-feira, 5 de agosto de 2014

A preocupação exagerada com a imagem nas redes sociais pode revelar ou intensificar transtornos


 

Estar bem na foto não basta, é preciso ser curtido, seguido, enfim, admirado e aceito por todos. Talvez por isto tanta preocupação em caprichar e, muitas vezes, "abusar" nas postagens dos selfies (autorretratos). Essa busca pela imagem perfeita pode trazer sérias consequências, em especial aos adolescentes com transtornos preexistentes, a exemplo da bulimia e do transtorno dismórfico corporal, segundo explica o psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, David F. De Lucena.
O caso do britânico Danny Bowman, 19 anos, é bem emblemático. Ele passava até 10 horas por dia tentando a pose perfeita. A mania o levou a abandonar os estudos, a perder 30 quilos e a não sair de casa durante 60 meses. Diagnosticado com transtorno dismórfico (distúrbio psicológico onde a pessoa acredita ter defeitos físicos que não possui), o jovem foi considerado o primeiro viciado em selfie da Grã-Bretanha.
Os sintomas surgiram aos 15 anos quando ele passou a postar esse tipo de foto no Facebook. Ao perceber que não conseguia a imagem ideal chegou a tentar contra a própria vida. Não por acaso, Danny está na faixa etária dos mais atingidos pelo problema.

Conforme o psiquiatra David de Lucena, estudos de grupos canadenses e americanos mostram que as redes sociais têm elevados traços narcisistas, histriônicos e impulsivos de jovens que nasceram durante o surgimento de redes sociais (12-20 anos). "Em certos casos pode sim haver uma compulsão em publicar fotos perfeitas e aguardar que elas sejam curtidas. A perfeição das fotos faz parte da rotina. Não há dúvidas que algumas pessoas estão sofrendo com esta cultura".
O fato é que, com a evolução da tecnologia, está cada vez mais fácil "cair na rede" e mais difícil resistir a um selfie, isso vale para todos, independentemente de idade, sexo ou classe social.
Cristina Pioner
Especial para o Vida

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