Estar bem na foto não basta, é preciso ser curtido, seguido, enfim,
admirado e aceito por todos. Talvez por isto tanta preocupação em
caprichar e, muitas vezes, "abusar" nas postagens dos selfies
(autorretratos). Essa busca pela imagem perfeita pode trazer sérias
consequências, em especial aos adolescentes com transtornos
preexistentes, a exemplo da bulimia e do transtorno dismórfico corporal,
segundo explica o psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará, David F. De Lucena.
O caso do britânico Danny Bowman, 19 anos, é bem emblemático. Ele
passava até 10 horas por dia tentando a pose perfeita. A mania o levou a
abandonar os estudos, a perder 30 quilos e a não sair de casa durante
60 meses. Diagnosticado com transtorno dismórfico (distúrbio psicológico
onde a pessoa acredita ter defeitos físicos que não possui), o jovem
foi considerado o primeiro viciado em selfie da Grã-Bretanha.
Os sintomas surgiram aos 15 anos quando ele passou a postar esse tipo
de foto no Facebook. Ao perceber que não conseguia a imagem ideal chegou
a tentar contra a própria vida. Não por acaso, Danny está na faixa
etária dos mais atingidos pelo problema.
Conforme o psiquiatra David de Lucena, estudos de grupos canadenses e
americanos mostram que as redes sociais têm elevados traços narcisistas,
histriônicos e impulsivos de jovens que nasceram durante o surgimento
de redes sociais (12-20 anos). "Em certos casos pode sim haver uma
compulsão em publicar fotos perfeitas e aguardar que elas sejam
curtidas. A perfeição das fotos faz parte da rotina. Não há dúvidas que
algumas pessoas estão sofrendo com esta cultura".
O fato é que, com a evolução da tecnologia, está cada vez mais fácil
"cair na rede" e mais difícil resistir a um selfie, isso vale para
todos, independentemente de idade, sexo ou classe social.
Cristina Pioner
Especial para o Vida
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