Rio - Era só ligar a TV e lá estava Fernanda
Gentil entrando ao vivo na programação Globo durante toda a Copa do
Mundo no Brasil. As aparições da repórter viraram um dos pontos altos da
cobertura do Mundial. Simpática e espontânea, ela conquistou o carinho
do público e ganhou até o título informal de musa. "Acho legal, é um
carinho. Mas não levo isso pra casa", agradece a lourinha de 27 anos,
que bateu um bolão, diferentemente da Seleção.
Em entrevista ao DIA, Fernanda conta
detalhes de sua rotina acompanhando o time de Felipão e revela as
dificuldades do seu dia a dia, como ter que se maquiar sozinha e
aparecer na telinha com cara de sono. "Maquiar não é muito o meu forte",
admite, aos risos. Num dos flashes ao vivo, foi flagrada com o celular
na mão, mas não perdeu a esportiva. "Foi engraçado", diverte-se. Mas,
após a goleada de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha, ela chorou ao falar
no dia seguinte no programa 'Encontro com Fátima Bernardes'. E, por
isso, recebeu nas redes sociais uma enxurrada de comentários contra e a
favor. "Fiquei emocionada com as criancinhas vendo a imagem e acabei
chorando", explica.
Fernanda conta ainda que sentiu saudades do
marido, o empresário do meio esportivo Matheus Braga, e da família, ao
longo dos mais de 30 dias que passou longe de casa. Apesar de estar
sempre sorrindo, ela confessa que só perde o bom humor quando está com
fome.
A repórter não costuma ficar 100% satisfeita
com o próprio trabalho, mas admite que desta vez chegou bem perto disso.
A próxima Copa é na Rússia, em 2018. Até lá, Fernanda tem mais uma meta
a atingir e um sonho a realizar: "Para estar lá, tenho que me preparar e
estudar tudo de novo. Não vai cair do céu".
O DIA - Como foi a experiência de acompanhar a Seleção entrando ao vivo todos os dias?
FERNANDA GENTIL -
Foi maravilhoso, totalmente inesquecível! Cobrir a seleção brasileira
em uma Copa do Mundo em casa foi um sonho que realizei, me sinto muito
privilegiada e sortuda por isso. Foram 50 dias sem descanso entrando ao
vivo em todos eles, um trabalho que exigia muito da minha concentração,
mas esse é o grande desafio do vivo, e a adrenalina que só ele te dá é
única. É o que eu mais gosto.
Às vezes, você aparecia de manhã com
cara de sono e cabelo molhado. Como era sua rotina? Dormia pouco? Dava
tempo para cuidar dessas vaidades femininas, como fazer o cabelo, a
maquiagem etc...?
Antes de ir para Teresópolis fiz as unhas,
pintei e cortei o cabelo. E pronto! Já queria ir pra lá com tudo isso
feito, para não ter que me preocupar com esses assuntos lá! Mas sou um
ser humano como qualquer outro. Alguns dias, acordamos com menos cara de
sono, em outros estamos mais cansados do que o normal e nem a maquiagem
esconde. Para os vivos, eu tentava fazer o meu melhor em relação à
maquiagem, mas maquiar não é muito o meu forte (risos). Minha maior
preocupação é com o conteúdo, com o que eu estou dizendo.
Quantas horas trabalhava por dia?
A única hora certa que eu tinha era para
acordar: às 6h10, pois tinha que entrar ao vivo às 7h30, no 'Bom Dia
Brasil'. A hora de dormir variava muito. Minha rotina era entrar ao vivo
nos programas da manhã/tarde e acompanhar os treinos na parte da tarde,
já que eu falaria sobre eles no dia seguinte. O Abel Neto era o outro
repórter dos flashes ao vivo que me rendia no período da tarde/noite.
Você passou por algum perrengue ou dificuldade antes de entrar ao vivo?
Antes não, passei durante os vivos mesmo!
(risos) Muitas vezes, dá um branco, e você não lembra o que tinha para
falar, ou o seu tempo está acabando e você ainda tem muito o que
falar... O vivo tem dessas coisas e, na verdade, essa é a melhor parte.
Por isso, sempre digo: o grande segredo é estar bem informada sempre.
Qual foi o melhor momento da cobertura?
O melhor momento é saber que fizemos parte da
história. Não falo apenas sobre nós jornalistas, mas o povo brasileiro
como um todo. Fizemos uma bela festa pelo país, sorrimos, recebemos bem,
abraçamos e conquistamos até a seleção campeã do mundo!
E o mais engraçado?
O mais engraçado acho que foi a entrada com o
celular, né? Tivemos um problema no retorno e eu não ouvi a Cris Dias me
chamando, portanto, não sabia que ia entrar no ar e me plugaram com o
celular na mão (risos). Foi engraçado!
O momento mais triste foi a goleada sofrida pelo Brasil?
O momento mais triste, sem dúvidas, foi a
eliminação da Seleção. Não por ter sido eliminada pela Alemanha na
semifinal – o que seria normal – mas pelo placar que foi. Ninguém
esperava aquilo!
Do que mais você sentiu saudade ou falta nos mais de 30 dias longe de casa?
Da minha família e amigas! Sou muito apegada e sinto muita falta da rotina com eles!
E qual foi a primeira coisa que você fez ao chegar em casa?
Levei a Nala (minha cachorra) pra tomar banho, que eu tinha marcado ainda quando estava lá em Teresópolis.
Você falava com seu marido (o empresário Matheus Braga) e a família todos os dias?
Todos os dias, o dia inteiro. Tínhamos um grupo
no celular e mandávamos mensagens sempre, eu contando as novidades de
lá, e eles, as daqui. Todos foram me visitar! Meu marido subiu a serra
quase todo fim de semana.
Você interagiu bastante com as pessoas
em Teresópolis e nas outras cidades por onde passou com a Seleção -
cantou, brincou e tirou fotos com elas. Criaram até uma espécie de
associação em sua homenagem, a "Amagentil". Como foi esse contato direto
com o público?
As pessoas, por onde eu passava, eram sempre
muito, muito, muito carinhosas! Só queriam uma foto e, às vezes, um
autógrafo. É tão bom receber esse retorno deles que assistem a gente
sempre. Esse é o maior sinal de que estamos fazendo um trabalho bem
feito, e fico feliz demais por isso!
Nas redes sociais, você recebeu muitas
mensagens de incentivo, elogios, e críticas somente quando apareceu
chorando após a goleada do Brasil para a Alemanha. Como encarou os
comentários sobre seu trabalho?
Todos os comentários são muito bem-vindos!
Nosso trabalho, mais do que qualquer outro, é suscetível à opinião
pública por estar superexposto. O elogio é sempre o meu maior incentivo,
mas o que me guia é a crítica - elas nos dizem por onde ir ou não. Mas
só ouço a crítica boa, construtiva, aquela que nos faz crescer. Em
relação ao choro, fiquei emocionada com as criancinhas vendo a imagem e
acabei chorando...
Você fez selfies com craques como Neymar e Marcelo. Como foi conviver com os jogadores? Todos foram sempre simpáticos?
O mais importante pra mim é manter sempre uma
relação muito profissional. Até porque faz parte do jogo: um dia eu vou
elogiar, mas em outro posso ter que criticar. Tenho que me sentir à
vontade para isso, e eles têm que entender que não é nada pessoal.
Tem alguma história curiosa dos
bastidores da cobertura? Alguém te pediu, por exemplo, para fazer
contato ou entregar presente para jogador da Seleção?
Todos os dias! E dos mais variados
presentes!!!! Pediam para entregar cartas, bonés, ursos, CDs, santinhos e
até bolo (esse quase que comi!). Mas em todos esses casos expliquei que
eu não tinha contato direto com os jogadores para entregar. Assim,
deveriam procurar alguém da CBF. O que importa é o carinho, a vibração
positiva e a energia maravilhosa que eles mandavam para os jogadores e
isso tenho certeza de que eles receberam!
Seu senso de humor também é muito comentado. Nunca fica mal-humorada?
Claro que fico! Mas, normalmente, não estou no
ar quando isso acontece! (risos) Fico de mau-humor em vários momentos,
mas principalmente mesmo quando estou com fome!
Antes de começar a Copa, você falou ao
DIA que era sua grande chance de provar pra todos e pra você mesma que
era capaz. E agora? Ficou satisfeita com seu desempenho?
Tenho certeza de que se eu provar e mostrar
para mim que sou capaz, os outros vão gostar porque é muito difícil eu
ficar 100% satisfeita comigo mesma. Mas nessa Copa posso dizer que foi a
cobertura em que eu cheguei mais perto disso. Acho que sempre temos o
que melhorar e aprender, e espero que seja assim por muitos e muitos
anos, porque é isso que me motiva a estudar mais e estar cada dia mais
preparada para esses desafios da profissão.
Mal acabou a Copa e você voltou à rotina do Esporte. Quando vai tirar folgas e o que vai fazer?
Tiro uma semaninha de folga, mas viajo só durante um final de semana!
Em 2018, você vai pra Rússia, certo? É uma meta, outro sonho?
Certo mesmo só quando sair a lista da
cobertura, e ainda está muito longe disso! Claro que cobrir mais uma
Copa é uma expectativa, uma meta e um sonho, tudo isso. Mas para estar
lá tenho que me preparar e estudar tudo de novo. Não vai cair do céu.
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