| Jerônimo Lima da Silva, Iêda Montenegro, Francisco de Assis Lima, Ana Luíza Bessa Barros, Paulo Neiva, Odério Nogueira, Manassés Fonteles e Ariosto Holanda |
A proposta de criação do Instituto de
Tecnologia do Ceará (ITC), formulada pelo deputado Ariosto Holanda, será
apresentada ao candidato a governador pela coligação PT-PROS, Camilo
Santana, no próximo sábado (dia 19) num hotel em Fortaleza. A ideia
central do ITC foi discutida sexta-feira (dia 12) pelo deputado federal
com representantes da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde ficará
sediado o Instituto no campus Itaperi, da Fundação Núcleo de Tecnologia
Industrial (Nutec) e do Instituto Centec, com a participação da Empresa
de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice).
O ITC tem por objetivo integrar as institituições de ciência e
tecnologia do Ceará e promover as atividades do segmento à luz do Código
Nacional de Ciência, Tecologia e Inovação, cuja lei foi aprovada pela
Câmara Federal e tramita no Senado. O Código amplia a oferta de recursos
e a participação de instituições para estender a maior número de
empresas os benefícios da Lei de Inovação, que vem aperfeiçoar.
De acordo com a proposta, deverão integrar o ITC a UECE, Centec, Nutec, a
Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap),
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e
outras instituições. O Instituto terá uma área para incubadora da
empresas de tecnologia da informação, entre elas o Instituto Atlântico e
Centro Renato Archer de Tecnologia da Informação (ITC). Quinta-feira,
ao encontrar Camilo Santana, Ariosto Holanda propos o encontro para a
apresentação do ITC com o objetivo de vir a ser incorporado na
plataforma de compromissos de governo do candidato na área de ciência,
tecnologia e inovação.
A nova estrutura - que terá o perfil de organização social com o perfil
adequado para atender aos mecanismos do Código de Ciência e Tecnologia
aprovado na Câmara - deverá ser construída no campus Itaperi da UECE e
deverá ser acompanhada de uma área reservada para empresas de base
tecnológica. Com o delocamento do Nutec para o ITC, as edificações desta
Fundação na Universidade Federal do Ceará (UFC) serão transformadas em
parque tecnológico tendo como gestor o Instituto de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (IPDI).
Em paralelo à criação do ITC, a proposta a ser discutida com o candidato
a governador do PT-Pros, inclui ainda uma alteração na Lei das
Organizações Sociais do Ceará, de modo a permitir que qualquer
funcionário público estadual possa trabalhar numa OS. Conforme Ariosto
Holanda, a lei federal das Organizações Sociais permite o ingresso de
servidores públicos federais em OS vinculadas a órgãos da União.
Participaram da reunião preparatória do encontro o presidente do Nutec,
Paulo Neiva, com os assessores Iêda Magda Silva Montenegro e Francisco
de Assis Lima; o diretor de Extensão, Ensino e Pesquisa do Instituto
Centec, Afonso Odério Nogueira Lima, com o coordenador de Extensão,
Jerônimo Lima da Silva; o ex-reitor da UECE, Manassés Fonteles, o
pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UECE, Jefferson Teixeira de
Souza, com Fábio Perdigão Vasconcelos, da Comissão de Vestibular (CEV) e
Ana Lúcia Bessa de Paula Barros, do Departamento de Ciência da
Computação e membro do grupo de trabalho do Parque Tecnológico da UECE e
o presidente da Etice, Fernando de Carvalho Gomes. O encontro resultou
no consenso em torno da ideia central do ITC.
Jefferson Teixeira de Souza declarou em nome do reitor da UECE, Jackson
Sampaio, o interesse da institituição no projeto de criação do ITC. "O
projeto serve para fortalecer a instituição e tem completa consonância
com a ideia do parque tecnológico da UECE", disse ele, ao destacar a
importância da participação de outros atores no ITC no pleito e citar o
Instituto Senai de Energias Renováveis como provável itegrante. "A UECE
está à inteira disposição para colaborar com este projeto. Temos espaço
alocado e um núcleo de inovação tecnológica forte. Cedemos espaço físico
e colocamos recursos humanos à disposição", afirmou.
A iniciativa do ITC resgata o projeto de criação do curso de Engenharia
Industrial na UECE, elaborado na gestão passada mas que não recebeu
apoio para implantação. Apesar de ser a oitava maior no ranking das
Universidades estaduais, a Uece ainda não ingressou na área das
engenharias, disse Manassés Fonteles. O ex-reitor observou que o Ceará é
extremamente fragmentado - ele considerou a fragmentação um erro, numa
alusão à dispersão atual das instituições locais de ciência, tecnologia e
inovação.
"Onde for para agregar, ajudarei", afirmou Manassés Fonteles. Com o
projeto do ITC será gerado o ambiente necessário para agregar
professores e empresas para viabilizar o curso de engeharia industrial
ou outra denominação. O ex-reitor lembrou que o projeto de criação do
curso de engeharia industrial, desenvolvida com apoio da Univerdade
Mackenzie, de São Paulo, da qual foi reitor, estava pronto mas foi
interrrompido por falta de interesse do governo na implantação.
Ana Luiza Bessa de Paula Barros avalia com fundamental, no momento, a
articulação para criar o ITC. A professora e pesquisadora participa há
quase um ano do grupo de trabalho para criação do parque tecnológico da
UECE. Segundo ela, o Instituto Atlântico deu entrada na documentação
para ir para a UECE mas não consegue avançar. O projeto esbarra numa
interpretação de que a UECE não pode doar o terreno onde está instalada,
porque este pertence ao Estado.
Conforme Ana Luiza Barros, também pretende vir para o Ceará um braço do
Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), um instituto de
pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O campus
Itaperi da UECE, que possui 103 hectares, reserva área para o parque
tecnológico e pretende destinar uma área para receber o Instituto
Atlântico. O argumento de ordem jurídica não pode ser entrave e pode ser
contornado, disse Manassés Fonteles, que se comprometeu a ajudar na sua
viabilização.
"Vejo que o projeto tem futuro", disse Fernando Carvalho. O presidente
da Etice avalia que, com a nova Lei de Inovação - modificada com a
aprovação do Código Nacional de Ciência e Tecnologia - o quadro deve
mudar em direção a "um modelo que venha gerar inovação de ideia e
produto no mercado, não em prateleira". Ao observar que também gosta de
artigo publicado, o professor e pesquisador lembrou que o Brasil está
atrasado com o modelo e citou como exemplo que o país, na sua área de
conhecimento (TI), gera 90 patentes, enquanto a Coreia do Sul gera 3 mil
patentes.
O Cinturão Digital, a infraestrutura de fibra óptica para transmissão de
dados e Internet do governo estadual conta hoje com 2,5 milhões de
usuários e foi feita para colaborar com projetos nas áreas de ciência e
tecnologia como o ITC. "É totalmente possível", disse Fernando Carvalho.
Segundo Ariosto Holanda, o presidente da Etice, empresa vinculada à
Secretaria estadual de Planejamento, foi chamado para dar sua opinião
sobre o projeto do ITC e pela importância do Cinturão Digital para os
projetos a serem desenvolvidos no âmbito da nova estrutura.
Ariosto Holanda aponta como ações do ITC as áreas de pesquisa e inovação
tecnológica e do ensino e extensão tecnolótica. Na primeira destaca a
pesquisa e desenvolvimento, projetos especiais, metrologia, propriedade
industrial e infovias, em articulação com a Rede Nacional de Pesquisa
(RNP), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e o Cinturão
Digital, da Etice. Na segunda área o deputado destaca o curso de
engenharia industrial da UECE, as atividades do Centec com ensino e
extensão tecnológica e do Nutec com assistência tecnológica, educação à
distância, Cinturão Digital e banco de soluções.
Odério Nogueira Lima aponta hoje como uma limitação o fato de o
Instituto Centec ser uma organização social, e avalia que o ITC, ao
abrir a possibilidade de receber emendas, abre nova possibilidade de
captação de recursos e significa uma revitalização da instituição.
Segundo ele, o novo organismo na UECE vai facilitar a atração de grandes
projetos e ampliar a possibilidade de receber bolsas de extensão. "Como
as instituições de ciência e tecnologia hoje estão isoladas, a força
não é gerada", assinala Odério Nogueira Lima ao observar que com a
mudança a convergência vai acontecer e fortalecer todas as instituições,
que terão no ITC a fonte onde beber.
Paulo Neiva considera excelente a ideia, mas avalia que precisa de
decisão de governo, pois vai mexer com todas instituições. Diante da
sugestão do presidente do Nutec de colocar, na discussão com Camilo
Santana, também as questões salariais das instituições, Ariosto Holanda
assinalou que o momento é para apresentar ao candidato apenas o conceito
central do ITC.
Conforme Ariosto Holanda, o ITC vai dar suporte para todas as
instituições, ao atuar dentro do que é estabelecido pela Lei 2177 do
Código Nacional de Ciência e Tecnologia, como um ponto de convergência
para trabalhar os projetos de todas instituições. Segundo ele, o Centec
hoje não pode receber recursos de emenda, por ser uma organização
social, mas ficará desimpedido de fazer a captação com a nova estrutura.
Já o Nutec, por ser uma autarquia, não pode contratar pessoal altamente
especializado para determinado projeto, como a Uece também está
impedida, mas o ITC terá um perfil que possibilitará oferecer salários
em patamar competitivo no mercado.
Outra vantagem do ITC é que resultará no barateamento de custos
operacionais das instituições, hoje dispersas em vários locais, e vai
gerar sinergia e fortalecimento a cada uma delas em interação com o
curso de engenharia industrial e o parque tecnológico na UECE. "Estamos
hoje com as instituições fragmentadas e sem força, a UECE tentando se
fortalecer. Com o ITC vamos integrar o sistema num distrito
tecnológico", disse o deputado. O ITC, segundo ele, vai poder negociar
projetos para todo o sistema e alocar professores e funcionários
públicos em integração com o setor produtivo, uma oportunidade para
gerar projetos estratégicos e utilizar a ferramenta da educação à
distância por meio do Cinturão Digital.
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