domingo, 1 de junho de 2014

Fagner fala suas histórias das copas

A brilhante seleção brasileira de 1982 tinha 22 convocados. Mas havia um 23º jogador sempre presente. Ele não podia disputar a Copa do Mundo, mas esteve em todos os treinos. Privilegiado, o cantor Raimundo Fagner foi uma espécie de torcedor de luxo, como poucos na história canarinho. Graças à amizade estreita com dois dos líderes daquele time, Zico e Sócrates.

Poucos sabem de todos esses bastidores além de quem fez parte daquela delegação. “Eu era bem conhecido na Espanha, e estava lançando um disco (em espanhol, diga-se). Então fiquei com a seleção no hotel, em Sevilha. Eu estava totalmente integrado, ajudava a descontrair os jogadores”, relembra o cearense, em vídeo gravado para o portal Copa 2014, do Governo Federal.
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Fagner, padrinho de filho de Zico, levou o craque para a música (Foto: Divulgação)

Por estar tão vinculado ao time, para Fagner foi ainda mais difícil a decepção da eliminação frente a Itália. “Foi a grande tristeza da minha vida, o futebol ficou menor depois daquilo”, lamenta o cantor. “Eu nasci em 1949, então imagino a decepção para quem viu a grande seleção de 1950 perder a final no Maracanã e depois sofreu de novo em 1982”.
Fagner é o músico que manteve amizade com maior número de grandes craques brasileiros. Tudo começou no início da década de 1970, quando deixou Fortaleza rumo ao Rio de Janeiro. Na cidade ele morou na casa de Afonsinho, do Botafogo, e foi vizinho de Geraldo, do Flamengo. Geraldo era grande amigo de Zico. Assim nasceu a parceria do cearense com o Galinho.
“Zico é meu cumpadre, uma amizade eterna”, define Fagner, padrinho de um dos filhos do craque. Enturmado com boleiros e músicos boleiros, Fagner virou figura carimbada em peladas do Trem da Alegria, de Afonsinho. “Nesse time jogavam Paulinho da Viola, Gonzaguinha e muitas estrelas do futebol. Eu era o carrasco do Politheama (de Chico Buarque)”, gaba-se.
A fama do cearense se espalhou. “Tenho a sorte de ter jogado em muitos estádios pelo país”, comemora. Assim, disputou peladas até no exterior, com amigos de Pelé no Cosmos, de Zico na Udinese. No Castelão, em Fortaleza, a partida que marcou seu disco de platina, em 1981, contou com nada menos que Zico, Sócrates, Falcão, Dinamite, Rivelino, Jairzinho e Cláudio Adão.
Zico é meu cumpadre, uma amizade eterna”. Raimundo Fagner.
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Na comemoração de seu disco de platina, Fagner levou ao Castelão os amigos Sérgio Lopes, Batista, Edu, Osmar Guarneli, Roberto Dinamite, Reinaldo, Eder, Rivelino, Sócrates, Cláudio Adão e Jairzinho. Também estiveram, mas não aparecem na foto, Zico, Júnior, Cerezo e Falcão (Foto: Divulgação)
Minha vida sempre foi muito mais ligada ao futebol do que o ambiente musical”.
Com gente de tanta classe sempre por perto, o futebol de Fagner evoluiu. “Nas peladas do Zico, se ele mete 10 bolas, você tem que balançar a rede pelo menos quatro vezes, se não a turma cobra. Assim fui pegando marra”, relata o cantor, que chegou a ser sondado para atuar profissionalmente.
Essa pressão dos amigos, porém, não chegou nem perto do que sofreu quando disputou jogos oficiais pelo Fortaleza, seu time de coração. Foram duas ocasiões, em 1982 e 2002. “Na primeira, eu não consegui dormir direito, foi terrível. Fiquei me escondendo do Zé Eduardo. No segundo jogo, que marcou a subida para a Série A, fiquei mais relaxado e me saí bem”, conta.
Mesmo sem ter sido profissional, poucos jogadores têm tanta resenha pra contar quanto Fagner.
Site de Fagner:
Site do fã-clube de Fagner:


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