sábado, 3 de maio de 2014

PMDB está fora do Governo Cid

PMDB FORA DO GOVERNO CID
Controlador geral  João Melo diz que secretários que estão deixando os cargos
Foto: Helosa Araújo
Peemedebistas protocolaram, ontem à tarde, no Palácio da Abolição, os pedidos de exoneração de seus cargos no Governo Cid Gomes (PROS). João Alves de Melo, que ocupava o cargo de controlador geral do Estado desde janeiro de 2011 e é secretário do PMDB estadual, afirma que todos os secretários que estão entregando as pastas deverão se reunir com o governador na próxima segunda-feira (5) em "tom de agradecimentos".
O documento foi assinado coletivamente por João Melo, César Pinheiro, da Secretaria de Recursos Hídricos, Bruno Menezes, presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), e Aloísio Barbosa Carvalho, secretário Executivo da Secretaria de Esportes. Melo enfatiza que a saída dos gestores não significa o rompimento da aliança. "Não é afastamento político, estamos liberando os cargos para liberar o partido", afirma. Ele acrescenta ainda que os deputados estaduais e federais continuarão o discurso de defesa do Governo.
Segundo João Melo, dificilmente o PMDB viraria oposição a Cid. "O que há de separação em um momento inicial pode significar um reencontro na parte final do processo. Se necessário for, volta a se unir. Isso é da política", afirmou o controlador, deixando a entender que o partido deseja, caso não estejam juntos no primeiro turno, Eunício e Cid dividiriam um mesmo palanque no segundo.

Março
Melo reconhece que a decisão do grupo de gestores se afastar do Governo já vinha sendo articulada desde o fim de março, após a conversa entre Eunício e o governador. "(Na ocasião), o senador apresentou a sua manifestação de que seria candidato ao Governo e, na medida em que o governador ficou ciente, fomos aos poucos amiudando essa conversa dentro do partido", revela.
Segundo Melo, o grupo irá se dedicar, a partir de agora, a assuntos relacionados à campanha do pré-candidato ao Governo Eunício Oliveira. "Vou me dedicar em tempo integral na feitura do Plano de Governo. Parte do grupo vai se engajar nesse processo, outros no planejamento de campanha", afirma. "Como estamos entrando no mês de maio, a um mês das convenções partidárias, devemos ter alinhado pelo menos uma parte básica do plano que será defendido na campanha".
Melo diz imaginar que Cid não ficará satisfeito com a saída dos gestores, mas ressalta que são os trâmites da política. "Não temos nada a reclamar. O governador sempre deu todo o apoio que podia às secretarias".
Deputados
A entrega dos cargos de secretários do Estado ocupados por peemedebistas, é considerada por deputados do partido como um rompimento real da aliança mantida desde 2006 com Cid Gomes. Apesar ter tomado conhecimento do fato pelo Diário do Nordeste, o deputado estadual Neto Nunes acredita que a entrega quer dizer de fato um rompimento entre o PMDB e o Pros. O parlamentar argumenta que ação é ruim para todos que fazem parte da aliança, pois com isso a eleição no Ceará será mais difícil neste ano.
"A primeira vista eu vejo como rompimento até porque todo mundo briga por um espaço. Eu acho que foi ruim para todo mundo porque dividiu, se tivesse todo mundo junto seria mais tranquilo".
O deputado Carlomano Marques foi mais incisivo em sua declaração e afirmou que a entrega dos cargos demorou para acontecer, pois o "PMDB já tinha que ter botado moral". Para ele, a ação é irreversível e decisiva para o partido começar a lutar pelo Governo do Estado. "Quer rompimento maior do que esse? Eu acho que o governador vai ter uma surpresa não muito boa. O xadrez da política no Ceará mudou completamente só não vê quem não quer".
Já Danniel Oliveira, líder do PMDB na Assembleia, usou um discurso mais político e ameno para comentar a entrega dos cargos. Segundo ele, a ação deixa o partido tranquilo para peregrinar por todas as agremiações e também deixa Cid Gomes a vontade para tomar sua decisão. Danniel explica que os cargos já estavam a disposição do governador desde o dia que Eunício teve uma conversa com Cid Gomes sobre a decisão de concorrer ao Governo do Estado. "Não há rompimento, nós temos que buscar o nosso caminho. Se houver rompimento não será de nossa parte", garante.
Municipal
Os representantes do PMDB mais ligados à Prefeitura de Fortaleza não acreditam que o impasse motivado pela sucessão estadual com o governador Cid Gomes interfira na posição que cada membro da legenda ocupa na gestão do prefeito Roberto Cláudio. Apesar de o partido ter entregue os cargos que mantinha no secretariado do Governo do Estado, o Diretório Municipal do PMDB negou haver uma movimentação semelhante no âmbito da Capital.
O presidente municipal do PMDB e da Câmara Municipal, vereador Walter Cavalcante, alegou que, apesar de o prefeito Roberto Cláudio fazer parte do mesmo grupo político de Cid Gomes, a disputa pela sucessão estadual não vai afetar a relação entre os dois partidos.
"O Governo Municipal é outra coisa. São duas instâncias totalmente diferentes. A disputa é estadual. O momento da Prefeitura é outro. Em nenhum momento também, falou-se em ruptura. A atitude do PMDB em entregar os cargos é deixar o governador tranquilo e livre para tomar uma posição", disse Walter.

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