Controlador geral João Melo diz que
secretários que estão deixando os cargos
Foto: Helosa Araújo
|
Peemedebistas protocolaram, ontem à tarde, no Palácio da Abolição, os
pedidos de exoneração de seus cargos no Governo Cid Gomes (PROS). João
Alves de Melo, que ocupava o cargo de controlador geral do Estado desde
janeiro de 2011 e é secretário do PMDB estadual, afirma que todos os
secretários que estão entregando as pastas deverão se reunir com o
governador na próxima segunda-feira (5) em "tom de agradecimentos".
O documento foi assinado coletivamente por João Melo, César Pinheiro,
da Secretaria de Recursos Hídricos, Bruno Menezes, presidente do
Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), e Aloísio
Barbosa Carvalho, secretário Executivo da Secretaria de Esportes. Melo
enfatiza que a saída dos gestores não significa o rompimento da aliança.
"Não é afastamento político, estamos liberando os cargos para liberar o
partido", afirma. Ele acrescenta ainda que os deputados estaduais e
federais continuarão o discurso de defesa do Governo.
Segundo João Melo, dificilmente o PMDB viraria oposição a Cid. "O que
há de separação em um momento inicial pode significar um reencontro na
parte final do processo. Se necessário for, volta a se unir. Isso é da
política", afirmou o controlador, deixando a entender que o partido
deseja, caso não estejam juntos no primeiro turno, Eunício e Cid
dividiriam um mesmo palanque no segundo.
Março
Melo reconhece que a decisão do grupo de gestores se afastar do Governo
já vinha sendo articulada desde o fim de março, após a conversa entre
Eunício e o governador. "(Na ocasião), o senador apresentou a sua
manifestação de que seria candidato ao Governo e, na medida em que o
governador ficou ciente, fomos aos poucos amiudando essa conversa dentro
do partido", revela.
Segundo Melo, o grupo irá se dedicar, a partir de agora, a assuntos
relacionados à campanha do pré-candidato ao Governo Eunício Oliveira.
"Vou me dedicar em tempo integral na feitura do Plano de Governo. Parte
do grupo vai se engajar nesse processo, outros no planejamento de
campanha", afirma. "Como estamos entrando no mês de maio, a um mês das
convenções partidárias, devemos ter alinhado pelo menos uma parte básica
do plano que será defendido na campanha".
Melo diz imaginar que Cid não ficará satisfeito com a saída dos
gestores, mas ressalta que são os trâmites da política. "Não temos nada a
reclamar. O governador sempre deu todo o apoio que podia às
secretarias".
Deputados
A entrega dos cargos de secretários do Estado ocupados por
peemedebistas, é considerada por deputados do partido como um rompimento
real da aliança mantida desde 2006 com Cid Gomes. Apesar ter tomado
conhecimento do fato pelo Diário do Nordeste, o deputado estadual Neto
Nunes acredita que a entrega quer dizer de fato um rompimento entre o
PMDB e o Pros. O parlamentar argumenta que ação é ruim para todos que
fazem parte da aliança, pois com isso a eleição no Ceará será mais
difícil neste ano.
"A primeira vista eu vejo como rompimento até porque todo mundo briga
por um espaço. Eu acho que foi ruim para todo mundo porque dividiu, se
tivesse todo mundo junto seria mais tranquilo".
O deputado Carlomano Marques foi mais incisivo em sua declaração e
afirmou que a entrega dos cargos demorou para acontecer, pois o "PMDB já
tinha que ter botado moral". Para ele, a ação é irreversível e decisiva
para o partido começar a lutar pelo Governo do Estado. "Quer rompimento
maior do que esse? Eu acho que o governador vai ter uma surpresa não
muito boa. O xadrez da política no Ceará mudou completamente só não vê
quem não quer".
Já Danniel Oliveira, líder do PMDB na Assembleia, usou um discurso mais
político e ameno para comentar a entrega dos cargos. Segundo ele, a
ação deixa o partido tranquilo para peregrinar por todas as agremiações e
também deixa Cid Gomes a vontade para tomar sua decisão. Danniel
explica que os cargos já estavam a disposição do governador desde o dia
que Eunício teve uma conversa com Cid Gomes sobre a decisão de concorrer
ao Governo do Estado. "Não há rompimento, nós temos que buscar o nosso
caminho. Se houver rompimento não será de nossa parte", garante.
Municipal
Os representantes do PMDB mais ligados à Prefeitura de Fortaleza não
acreditam que o impasse motivado pela sucessão estadual com o governador
Cid Gomes interfira na posição que cada membro da legenda ocupa na
gestão do prefeito Roberto Cláudio. Apesar de o partido ter entregue os
cargos que mantinha no secretariado do Governo do Estado, o Diretório
Municipal do PMDB negou haver uma movimentação semelhante no âmbito da
Capital.
O presidente municipal do PMDB e da Câmara Municipal, vereador Walter
Cavalcante, alegou que, apesar de o prefeito Roberto Cláudio fazer parte
do mesmo grupo político de Cid Gomes, a disputa pela sucessão estadual
não vai afetar a relação entre os dois partidos.
"O Governo Municipal é outra coisa. São duas instâncias totalmente
diferentes. A disputa é estadual. O momento da Prefeitura é outro. Em
nenhum momento também, falou-se em ruptura. A atitude do PMDB em
entregar os cargos é deixar o governador tranquilo e livre para tomar
uma posição", disse Walter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário