Uma lei complementar deve ser aprovada para esclarecer o que é considerado trabalho escravo e como a expropriação deve ocorrer |
Brasília A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do
Trabalho Escravo deverá ser votada em caráter definitivo no plenário do
Senado no dia 27 de maio.
Com a aprovação de um calendário especial de tramitação, todos os
prazos de discussão para a votação da proposta em primeiro e segundo
turnos estão dispensados. Após a aprovação, a PEC seguirá para
promulgação.
A PEC, apresentada no Senado em 1999, prevê a expropriação das terras
onde for constatada a exploração de trabalho análogo à escravidão e o
cultivo de substâncias psicotrópicas proibidas por lei. O texto original
previa que os donos perderiam tais propriedades sem direito à
indenização do Poder Público e que as terras seriam destinadas à reforma
agrária, com preferência para assentar os colonos que já estivessem
trabalhando nelas.
Punição
No entanto, a Câmara dos Deputados aprovou em 2012 um substitutivo que
previa, entre outras coisas, a mesma punição em propriedades urbanas,
destinando os recursos provenientes da expropriação a programas de
habitação popular, além da reforma agrária. Uma emenda passou a remeter
os efeitos da PEC a uma lei que irá esclarecer o que é considerado
trabalho escravo e como a expropriação deverá ocorrer. Na época, a
bancada ruralista na Câmara considerou que o texto, como estava, poderia
dar margem a precipitações e interpretações equivocadas sobre o que é
considerado trabalho análogo ao de escravo. Dessa forma, optaram por
aprovar o texto com uma emenda remetendo a uma lei complementar.
"As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à
reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei, observado, no que couber, o disposto no Artigo 5º", diz o texto
que será votado no Senado.
Flagra
Fiscais do Ministério do Trabalho resgataram no começo deste mês seis
bolivianos que costuravam peças da marca M. Officer em condições
análogas à escravidão em uma oficina na zona leste da capital paulista.
Segundo o auditor Luiz Alexandre Faria, os trabalhadores eram
submetidos a jornadas extenuantes de trabalho em ambiente insalubre e
perigoso.
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