Ser poeta cordelista é ter domínio singular da
palavra. É transformar o português em matemática para falar de quaisquer
outras ciências plausíveis ou fantásticas, sempre possíveis no universo
da imaginação. Klévisson Viana é especialista no trabalho com a
palavra. Faz verso até com o próprio nome, é poeta até quando não usa as
palavras e escolhe como signo os traços de suas ilustrações. Com 25
anos de carreira, Klévisson se destaca como divulgador da literatura de
cordel em todo o mundo.
Família de poetas em Quixeramobim, a herança vem do
bisavô, Francisco de Assis, mais conhecido como Fitico, autor de cordéis
que corriam de mão em mão entre as fazendas da região. “Meu pai era
agricultor, mas sempre estava com um livro na mão. Ele nunca me mandou
ler um livro, mas seu comportamento acabou inspirando o gosto pela
leitura em mim e em meus irmãos”.
O talento para o desenho nasceu enquanto observava os bordados feitos
pela mãe. Em 1988, aos 15 anos, Klévisson começou a trabalhar como
ilustrador para um jornal em Canindé. Dois anos depois,
passou a desenhar também para um jornal de Fortaleza. “Comecei a me
dedicar mais à ilustração, mas não me afastei dos cordéis, pois muitos
cordelistas me procuravam para fazer as capas de folhetos”.
Literatura de ordel
Em 1995 decidiu sair do emprego para fundar a editora Tupynanquim.
Certo dia, uma amiga comentou que a filha precisava fazer um trabalho
escolar sobre literatura de cordel, mas não encontrava mais folhetos
em Fortaleza. “Na verdade, ainda existiam vários poetas, mas eles
deixaram de publicar em gráficas, faziam dez cópias dos seus folhetos e
se davam por satisfeitos, o que diminui a circulação dos cordéis”,
comenta.
Em 1998, recebeu o prêmio HQMix pelo livro “Lampião... Era o Cavalo do Tempo atrás da Besta da Vida”, ficou hospedado na casa de Joseph Luyten,
professor especialista em cultura popular. “Ele tinha uma coleção de
mais de 17 mil folhetos, a maior do Brasil. Voltei à Fortaleza
convencido a publicar cordéis na Tupynanquim”, diz Klévisson.
Mil títulos publicados
Desde então, já se somam quase mil títulos publicados, entre obras de
autores veteranos e contemporâneos. Alguns dos folhetos já ultrapassaram
os 70 mil exemplares e mais de dois milhões já foram distribuídos, não
apenas no Brasil, mas em outros países. O primeiro cordel de Klévisson, “A Botija Encantada e o Preguiçoso Afortunado”, está entre eles.
Confira matéria na íntegra na edição de quinta-feira (30) do Diário do Nordeste Plus, aplicativo para tablets do Diário do Nordeste.
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