Após o primeiro ano de vida sexual, 50% dos adolescentes estão
contaminados com o Papiloma Vírus Humano (HPV). Ainda que, na maioria
dos casos, a reação espontânea do organismo propicie a cura, o HPV
preocupa, sobretudo, porque é associado ao câncer de colo de útero.
Contudo, em Fortaleza a vacinação contra o HPV, iniciada no último dia
10, encontra algumas resistências, comumente associadas às dúvidas ou à
desinformação.
Disponível em unidades de saúde de forma gratuita para meninas de 11 a
13 anos de idade, público-alvo da campanha, a vacina vem sendo aplicada
com mais frequência nas escolas. "Quando nossas equipes vão a um
colégio, vacinam, de uma só vez, um grande número de alunas", lembra a
coordenadora de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, a
enfermeira Vanessa Soldatelli.
Porém, admitiu a existência de questionamentos. "Mas para tirar
qualquer dúvida, estamos enviando cartas aos pais explicando sobre a
doença e a importância da vacinação", disse, ressaltando que a
comunicação com os pais vem ajudando a derrubar resistências. "Após
receber a carta, muitas mães comparecem na escola no dia seguinte
trazendo o cartão de vacinação da filha", afirmou.
Para a diretora do Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPCC), a
ginecologista a Tânia Werton Veras, mesmo com dúvidas ou pequenos
temores quanto à injeção ou alegação de não ter ainda iniciado a vida
sexual, a aceitação da vacina tem sido muito boa. Por outro lado,
explica que vem fazendo palestras em escolas e em outras instituições da
capital nas quais esclarece sobre a campanha.
A médica enfatizou que tem respondido perguntas sobre se uma grávida
pode ou não receber a vacina. "Esclarecemos que não, pois não há testes
que comprovem se ela pode ser aplicada em gestante". Outras perguntas
estão relacionadas ao porquê da vacinação iniciar tão cedo. Sobre isso,
explicou que a campanha desenvolvida pelo Ministério da Saúde em todo
País é voltada para a prevenção, pois a possibilidade de uma garota bem
jovem formar anticorpos contra o HPV é grande. "Além disso, o
recomendável é que mulher receba a vacina antes do primeiro contato
sexual", adiantou.
Como o vírus da HPV é altamente contagioso, a diretora do IPCC alertou
que o contágio pode acontecer mesmo sem a penetração, bastando o contato
pele a pele dos órgãos sexuais dos parceiros. Esclareceu, também, que a
vacina previne contra as verrugas genitais, causadoras de grande
incômodo na vagina e na vulva. Elas crescem, provocam dor e coceira. "É
outra doença séria", frisou a ginecologista.
Já Vanessa Soldatelli ressaltou que até o dia 10 de abril, quando
termina essa fase da campanha, muitas escolas serão visitadas pelas
equipes da Secretaria de Municipal de Saúde. A meta do ministério é
atingir 80% do público-alvo e até quinta-feira passada, data do último
levantamento, tinham recebido a vacina 29.200, o que corresponde a 40%
de crianças e adolescentes na faixa estipulada.
No Estado, conforme a coordenadora de Imunizações do Ceará, a
enfermeira Ana Vilma Leite Braga, de um público estimado em 257.345,
foram vacinadas 106.305 garotas, ou seja 41,31%. Contudo, alguns
municípios do interior já ultrapassaram a cobertura vacinal mínima
(80%). Entre eles, cita Ibicuitinga que já atingiu 99,10%, Cariré
(95,96%) e Poranga (95,67%). "Dúvidas são normais, mas orientamos que é
um cuidado contra o HPV e contra o câncer de colo do útero", frisou.
Residente em Fortaleza, mãe de duas adolescentes gêmeas de 13 anos e
alunas do Colégio Maria Menezes de Serpa, Ana Márcia de Sousa Coelho
admitiu que precisou conversar com as filhas e alertar que na família
havia casos de câncer. "Uma delas já se vacinou. A outra não se vacinou
ainda porque viajou", comenta. Ana Suelem de Sousa Ferreira, a filha que
já recebeu a proteção contra o HPV confessou para a reportagem que fez
isso "pra se proteger da doença".
Mozarly Almeida
Repórter
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