sábado, 29 de março de 2014

Vacinação contra HPV ainda tem resistência no CE


Saúde 

Após o primeiro ano de vida sexual, 50% dos adolescentes estão contaminados com o Papiloma Vírus Humano (HPV). Ainda que, na maioria dos casos, a reação espontânea do organismo propicie a cura, o HPV preocupa, sobretudo, porque é associado ao câncer de colo de útero. Contudo, em Fortaleza a vacinação contra o HPV, iniciada no último dia 10, encontra algumas resistências, comumente associadas às dúvidas ou à desinformação.
Disponível em unidades de saúde de forma gratuita para meninas de 11 a 13 anos de idade, público-alvo da campanha, a vacina vem sendo aplicada com mais frequência nas escolas. "Quando nossas equipes vão a um colégio, vacinam, de uma só vez, um grande número de alunas", lembra a coordenadora de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, a enfermeira Vanessa Soldatelli.
Porém, admitiu a existência de questionamentos. "Mas para tirar qualquer dúvida, estamos enviando cartas aos pais explicando sobre a doença e a importância da vacinação", disse, ressaltando que a comunicação com os pais vem ajudando a derrubar resistências. "Após receber a carta, muitas mães comparecem na escola no dia seguinte trazendo o cartão de vacinação da filha", afirmou.

Para a diretora do Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPCC), a ginecologista a Tânia Werton Veras, mesmo com dúvidas ou pequenos temores quanto à injeção ou alegação de não ter ainda iniciado a vida sexual, a aceitação da vacina tem sido muito boa. Por outro lado, explica que vem fazendo palestras em escolas e em outras instituições da capital nas quais esclarece sobre a campanha.
A médica enfatizou que tem respondido perguntas sobre se uma grávida pode ou não receber a vacina. "Esclarecemos que não, pois não há testes que comprovem se ela pode ser aplicada em gestante". Outras perguntas estão relacionadas ao porquê da vacinação iniciar tão cedo. Sobre isso, explicou que a campanha desenvolvida pelo Ministério da Saúde em todo País é voltada para a prevenção, pois a possibilidade de uma garota bem jovem formar anticorpos contra o HPV é grande. "Além disso, o recomendável é que mulher receba a vacina antes do primeiro contato sexual", adiantou.
Como o vírus da HPV é altamente contagioso, a diretora do IPCC alertou que o contágio pode acontecer mesmo sem a penetração, bastando o contato pele a pele dos órgãos sexuais dos parceiros. Esclareceu, também, que a vacina previne contra as verrugas genitais, causadoras de grande incômodo na vagina e na vulva. Elas crescem, provocam dor e coceira. "É outra doença séria", frisou a ginecologista.
Já Vanessa Soldatelli ressaltou que até o dia 10 de abril, quando termina essa fase da campanha, muitas escolas serão visitadas pelas equipes da Secretaria de Municipal de Saúde. A meta do ministério é atingir 80% do público-alvo e até quinta-feira passada, data do último levantamento, tinham recebido a vacina 29.200, o que corresponde a 40% de crianças e adolescentes na faixa estipulada.
No Estado, conforme a coordenadora de Imunizações do Ceará, a enfermeira Ana Vilma Leite Braga, de um público estimado em 257.345, foram vacinadas 106.305 garotas, ou seja 41,31%. Contudo, alguns municípios do interior já ultrapassaram a cobertura vacinal mínima (80%). Entre eles, cita Ibicuitinga que já atingiu 99,10%, Cariré (95,96%) e Poranga (95,67%). "Dúvidas são normais, mas orientamos que é um cuidado contra o HPV e contra o câncer de colo do útero", frisou.
Residente em Fortaleza, mãe de duas adolescentes gêmeas de 13 anos e alunas do Colégio Maria Menezes de Serpa, Ana Márcia de Sousa Coelho admitiu que precisou conversar com as filhas e alertar que na família havia casos de câncer. "Uma delas já se vacinou. A outra não se vacinou ainda porque viajou", comenta. Ana Suelem de Sousa Ferreira, a filha que já recebeu a proteção contra o HPV confessou para a reportagem que fez isso "pra se proteger da doença".
Mozarly Almeida
Repórter

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