Decon-CE vai monitorar o marketing das empresas por faixa etária, com foco nos idosos
Kelly Freitas
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Produtos, serviços essenciais e assuntos financeiros foram as áreas
mais reclamadas em 2013 pelos consumidores cearenses no Programa
Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Estadual), mais
conhecido como Decon-CE. De acordo com o Cadastro de Reclamações
Fundamentadas de 2013 divulgado, ontem, pelo órgão, cada área
participou, respectivamente, com 44,29%, 21,57% e 19,44% do total de
4.435 reclamações registradas oficialmente no ano passado pelo órgão,
que conseguiu solucionar 94,95% das respectivas queixas.
Os maiores problemas verificados, citados no relatório, são relativos a
cobrança (34,35%), vício ou má qualidade de produto ou serviço (20%),
garantia de produtos (16,04%), descumprimento de oferta (9,24%) e
contratos (8,63%).
Dentre os assuntos que geraram reclamações no órgão o principal foi a
telefonia celular (8,1%), seguido de microcomputador e produtos de
informática (7,2%), cartão de crédito (6,8%), telefonia fixa (6,6%) e
banco comercial (6,4%).
Empresas
Segundo o relatório, que aponta as 30 empresas mais reclamadas no
Decon-CE durante o ano de 2013, a líder do ranking foi a Oi, que somou
475 reclamações, dentre as quais 472 foram atendidas e três não tiveram
atendimento, resultando em 99,37% de resolução.
Na vice-liderança aparece a Cagece, com 187 registros, sendo que seis
não obtiveram resposta. Em terceiro lugar figura a Sky, que contou com
151 reclamações, das quais apenas uma não foi atendida pelo fornecedor. A
quarta colocação ficou com a Rabelo, com 151 queixas, porém, 148 foram
atendidas.
Ausência de atendimento
Dentre os fornecedores, que menos atenderam às reclamações dos
consumidores cearenses no ano passado, segundo o Decon, a campeã foi a
Ibyte - Tecno Indústria e Comércio de Computadores Ltda, que apresentou
79,41% de grau de resolutividade. Significa que de cada 100 reclamações
de consumidores insatisfeitos com a empresa registrados no órgão em
2013, 79 foram atendidas.
Avanço
Para a secretária executiva do Decon-CE, Ann Celly Sampaio Cavalcante, o
balanço de 2013 foi melhor do que o de 2012, quando apenas 80,43% das
reclamações foram efetivamente resolvidas. "Houve uma melhora
considerável em 2013. Ao olhar o ranking (dos mais reclamados) a gente
percebe que poucas demandas deixaram de ser atendidas. Poucas foram
encaminhadas à Promotoria de Justiça para emissão de parecer e cobrança
de multa. No caso da Oi, por exemplo, de 475 reclamações só três não
foram atendidas. Então é uma redução considerável do número de queixas
não atendidas", observa.
Mas a promotora lamentou o resultado do ranking dos fornecedores que
menos atenderam às queixas dos consumidores. "Nos deixa tristes perceber
que na liderança dos que menos atendem ao consumidor está um fornecedor
do Estado. É uma empresa nova, genuinamente cearense, que precisa
perceber que CDC (Código de Defesa do Consumidor) está em vigor deve ser
atendido. Nenhuma empresa cresce se não houver respeito ao seu maior
parceiro, que é o consumidor. Eles dependem do cliente exclusivamente.
Então é preciso que eles verifiquem o que está acontecendo e porque
estão em primeiro lugar nesse ranking", sugere Ann Celly.
Consumo gera 82% dos atendimentos
Com uma média de 300 atendimentos por dia totalizando 22.224 em 2013, dos quais 4.445 foram registradas no Cadastro de Reclamações Fundamentadas, o Decon-CE teve 82,75% dos atendimentos gerados por problemas de consumo em estabelecimentos comerciais ou lojas físicas.
Com uma média de 300 atendimentos por dia totalizando 22.224 em 2013, dos quais 4.445 foram registradas no Cadastro de Reclamações Fundamentadas, o Decon-CE teve 82,75% dos atendimentos gerados por problemas de consumo em estabelecimentos comerciais ou lojas físicas.
Em relação ao perfil dos consumidores, 47% dos atendidos pelo órgão no
ano passado possuem idade entre 31 e 50 anos e 51% são do sexo feminino.
Para Ann Celly chama a atenção o fato dos mais jovens, na faixa até 20
anos, representarem apenas 1,02% dos atendimentos, e dos idosos com mais
de 70 anos serem 6,48% do total atendido. "Devido a dificuldade de
mobilidade do idoso, ele vem menos ao Decon registrar suas queixas. Já o
jovem não tem a percepção da infração ao CDC a que ele foi penalizado.
Por isso que estamos querendo proteger essas duas faixas de
consumidores", antecipa.
Monitoramento
Com base nessa análise, ela afirma que o Decon-CE irá acompanhar as
empresas. "Vamos monitorar a partir de agora as reclamações por empresa
por faixa etária, pois quero analisar a agressividade do marketing
dessas empresas em relação aos jovens e aos idosos. Porque o idoso é
hiper vulnerável. Então a propaganda que é feita para idoso tem de ser
melhor explicada. Se aquela empresa está pretendendo atingir esse
público, ela precisa direcionar a informação com maior riqueza de
detalhes".
Novas práticas
A secretária executiva informou que, em 2014, o órgão está com novas
técnicas de avaliação. "Esse ano fizemos mudanças inclusive na forma de
tratamento em relação às empresas. Quando o consumidor faltava a
audiência, antigamente nós arquivávamos aquela reclamação. E esse ano a
gente resolveu mudar. Se o consumidor falta a audiência, mas houve
realmente infração ao CDC, nós registramos como reclamação fundamentada
não atendida. Sabemos que isso pode vir a alterar o grau de
resolutividade das empresas, mas achamos necessário", afirma.
É que segundo Ann Celly, "foi verificado pelo órgão que muitas vezes as
empresas entravam em contato com o consumidor, se antecipavam em
resolver o problema, e pediam para ele não comparecer com o objetivo de
que a informação fosse arquivada e, assim, a empresa não figurasse no
ranking". "Os processos arquivados reduziram consideravelmente, então
isso pode interferir no nosso grau de resolutividade, mas foi muito mais
benéfico para os consumidores". "Para mim esses números (de
atendimentos e reclamações) não traduzem a realidade das infrações ao
CDC (no Ceará) porque muitos consumidores continuam resignados em suas
casa não registrando suas reclamações nos Procons ou apenas fazendo
desabafos nas redes sociais", diz a titular do Decon. (AC)
Empresas respondem às queixas
A empresa de telefonia Oi, que lidera a lista das fornecedoras de serviços que mais geraram reclamações dos consumidores cearenses no ano passado, informou, em nota, que está priorizando investimentos em suas redes de telecomunicações, "visando a melhoria da qualidade do serviço aos clientes em todo o País". Segundo a operadora, em 2013, a Oi investiu R$ 6,3 bilhões em expansão e melhoria.
A empresa de telefonia Oi, que lidera a lista das fornecedoras de serviços que mais geraram reclamações dos consumidores cearenses no ano passado, informou, em nota, que está priorizando investimentos em suas redes de telecomunicações, "visando a melhoria da qualidade do serviço aos clientes em todo o País". Segundo a operadora, em 2013, a Oi investiu R$ 6,3 bilhões em expansão e melhoria.
Já a TIM, que figura na nona posição da lista de mais reclamadas e na
quarta das que menos atendem às demandas, afirmou, através de nota, que
"direciona seus esforços para a redução do total de reclamações nos
órgãos de defesa do consumidor com um trabalho focado na melhoria do
atendimento".
Instituições financeiras
Também por meio de nota, o Bradesco, citado no ranking dos fornecedores
mais reclamados, ressaltou que desenvolve um programa "intensivo de
revisão de processos e sistemas, aliado ao desenvolvimento de programas
de formação e aperfeiçoamento do quadro de funcionários, sempre
procurando aumentar o nível de satisfação de seus clientes". Já o
Santander (10º na lista) afirmou que "vem fazendo uma revisão completa
dos seus processos, ofertas e atendimento, com o intuito de torná-los
mais simples e ágeis". Ja o Banco BMG informou "que trata as demandas de
maneira ágil e sempre buscando a melhor solução para cada caso".
Atendimento precário
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), segunda no ranking de
reclamações, destacou que, "apesar número representar uma pequena
parcela de seus consumidores, a empresa sempre preocupada em melhorar o
relacionamento com o seu cliente". Já a Rabelo respondeu, através do seu
setor jurídico, que, atualmente, conta com um serviço de atendimento ao
consumidor, "buscando dar pleno atendimento às demandas, analisando
cada caso com eficiência e no mínimo de tempo possível".
O Walmart afirmou que irá entrar em contato com o órgão de defesa do
consumidor do Estado para entender melhor o levantamento feito, "assim
como atuar nas causas das queixas".
A Ibyte, que ocupa o primeiro lugar entre as instituições que menos
atenderam às queixas, destacou, por meio de nota, que tem um processo
"formatado e consolidado para sanar todas as reclamações dentro das
próprias lojas e através de vários canais online e off-line". O Jornal
procurou as demais empresas citadas para comentarem o ranking, mas não
obteve retorno até o fechamento desta edição.
Ângela Cavalcante
Repórter
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