quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
PMDB ameaça abandonar Dilma
Palácio do Planalto ainda vê o gesto como blefe do partido e, ao menos agora, duvida de uma saída drástica
Brasília Irritada com a resistência da presidente Dilma Rousseff em dar mais um ministério para o PMDB, a cúpula do partido resgatou uma ideia antiga: antecipar de junho para abril a convenção nacional que discutirá o caminho da legenda nas eleições presidenciais deste ano. Na prática, a antecipação do calendário guarda uma ameaça velada: o risco de desembarque do PMDB do governo.
Clima na sigla do vice, Michel Temer, é o pior possível, após conversa com a presidente. Hoje, a cúpula se reunirá para tentar fechar posição Foto: Folhapress
O Palácio do Planalto ainda vê o gesto como blefe e, ao menos agora, duvida de uma saída drástica como essa. O partido tem cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Turismo, Agricultura e Secretaria de Aviação Civil) e quer ganhar a Integração Nacional.
Em conversa preliminar na noite de anteontem com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), Dilma afirmou que precisa contemplar outros aliados, como PTB, Pros e PSD, e evitar que eles migrem para o campo da oposição.
No encontro, a presidente disse que o PSD de Gilberto Kassab está sub-representado, e que PTB e Pros ainda não tem cargos no primeiro escalão. Ambos ficaram de falar novamente.
Ao deixar a reunião, Temer seguiu para sua residência oficial, onde se encontrou com integrantes da cúpula peemedebista para comunicá-los da posição do Planalto sobre a reforma ministerial. Nos bastidores, diversos integrantes da legenda começaram a circular a proposta de antecipar a convenção partidária, alternativa enfaticamente negada pelo vice em dezembro, quando os mesmos rumores começaram a circular. No mês passado, durante encontro com jornalistas, ele havia dito que, se o PMDB seguisse esse caminho, não haveria volta. À época, afirmou que a legenda não poderia antecipar a convenção, desembarcar do governo, ser atendido e, então, fazer outra convenção para voltar. Ele também afirmou que tal manobra poderia custar a vice.
Confusão
O clima no PMDB é o pior possível. Hoje à noite, a cúpula do partido se reunirá para tentar fechar uma posição comum. "É hora de muita responsabilidade e de esperar", deu o tom o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), que se juntará ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e aos líderes do PMDB no Congresso para conversar sobre as pretensões do partido na Esplanada. Conhecido pelo apetite por cargos, a ameaça de desembarque do governo é vista com ceticismo no Executivo.
O PMDB teria dificuldades de migrar para a campanha de Eduardo Campos (PSB-PE) à Presidência da República, diante da resistência da ex-senadora Marina Silva em receber uma legenda tida, em sua maior porção, como fisiológica. No PSDB, com a provável candidatura do senador Aécio Neves (MG), o ingresso é visto como mais fácil.
Cidades
Na conversa com Michel Temer, a presidente afirmou que tende a manter o PP no Ministérios das Cidades, pois não quer ver o aliado gravitando na órbita de algum dos dois principais adversários nas eleições deste ano.
O objetivo é não perder apoio de legendas na base do governo. Quanto mais partidos na chapa de um candidato, mais tempo de TV esse candidato terá para fazer sua campanha. O cálculo de Dilma é justamente esse: ampliar sua hegemonia para divulgar seu programa de TV.
Além do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que concorrerá a uma vaga na Câmara dos Deputados este ano, Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Saúde) devem deixar o governo nos próximos dias.
Ministérios atuais
Edison Lobão (Minas e Energia)
Garibaldi Alves Filho (Previdência Social)
Gastão Vieira (Ministério do Turismo)
Antônio Andrade (Ministério da Agricultura)
Moreira Franco (Secretaria da Aviação Civil)
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