A
velha e boa rádio AM vai ganhar novo fôlego no Brasil, com a migração
das emissoras para a faixa FM. Como nenhum aparelho eletrônico moderno,
incluindo os celulares, recebem o sinal AM, as rádios que operam nessa
faixa estavam perdendo público velozmente, principalmente entre os mais
jovens, disse nesta segunda-feira o ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo, durante a 43ª Assembleia Geral da Associação Internacional de
Radiodifusão, que este ano ocorre no Rio de Janeiro.
Paulo Bernardo disse que a digitalização do rádio, assim
como vem acontecendo com a TV, ainda não tem um modelo que
definitivamente sirva ao Brasil. "O que nós vamos fazer ainda este ano é
autorizar as rádios AM se transformarem em rádios FM. Uma das pressões
que temos para fazer o rádio digital é que a qualidade do rádio AM está
caindo, principalmente nos grandes centros urbanos. Isso prejudica muito
a audiência. A juventude, por exemplo, nem ouve mais rádio AM", disse.
Bernardo informou que já foram feitos estudos que
apontam viabilidade para a migração. "Com a digitalização da TV, nós
temos os canais 5 e 6 (liberados), onde cabem muitas rádios.
Nós estamos fazendo uma solução que é importante, que é autorizar rádio
AM para a faixa de FM. Isso vai ser assinado em novembro, que tem o Dia
do Radialista (comemorado em 7 de novembro.)"
O ministro disse também que o desligamento do sinal
analógico para os antigos aparelhos de televisão, chamado de switch off,
ocorrerá no primeiro semestre de 2015, mas que o cronograma ainda está
sendo acertado com as emissoras. Segundo Bernardo, não haverá, contudo,
prejuízo para o público, pois o governo vai facilitar a aquisição dos
aparelhos necessários para converter o sinal digital para as televisões
analógicas.
O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de
Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, explicou que, com a futura
liberação do espectro de 700 mega-hetz (MHz), onde hoje operam as
televisões analógicas, parte desse espaço será ocupado pelas rádios AM.
"Hoje a faixa de frequência do FM atual vai de 88 MHz a
108 MHz. Os canais 5 e 6 vão de 76 MHz a 88 MHz. É o que agente chama de
faixa contígua ao FM. O decreto conterá que nos municípios onde tem
outorga e todas as AM cabem no espectro atual de FM elas migram
automaticamente e devolvem sua frequência AM para o governo. E nas
emissoras que vão para os canais 5 e 6, elas começam a operar e terão um
prazo de transmissão simultâneo até cinco anos", explicou.
O presidente da Abert disse ainda que, para garantir que
os novos rádios possam captar essa faixa extra de FM, o governo deverá
editar uma portaria obrigando todos os receptores produzidos no Brasil
já virem com atualização do software para a faixa estendida.
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