Pesquisa revela que, em média, um minuto de chamada entre operadoras diferentes custa US$ 0,74
Fortaleza/Genebra. O Brasil tem a tarifa de chamadas de celular mais cara do mundo em termos absolutos. A constatação é da União Internacional de Telecomunicações, que publicou ontem seu informe anual sobre o setor. Em termos gerais e contando também com tarifas de telefonia fixa e internet, o Brasil também não tem um bom desempenho. Entre 161 países avaliados, ocupa a 93ª posição, superado por Índia, Colômbia ou Peru.
O custo nacional é três vezes o que um americano paga para falar ao celular ou em Portugal, de onde vem uma parte importante dos investidores Foto: Marilia Camelo
Em média, um minuto no celular em horário de pico custaria US$ 0,71 entre chamadas pelo mesmo operador no Brasil. A taxa sobe para US$ 0,74 por minuto em caso de chamadas entre operadores diferentes. Para fazer a comparação, a UIT usou a taxa média praticada em São Paulo. "Esse dado não surpreende. Com a privatização da telefonia nacional e a falta de competição nessa área, fica fácil para as empresas elevarem os custos", diz a coordenadora institucional da Proteste - Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci.
Relação com outros paísesFortaleza/Genebra. O Brasil tem a tarifa de chamadas de celular mais cara do mundo em termos absolutos. A constatação é da União Internacional de Telecomunicações, que publicou ontem seu informe anual sobre o setor. Em termos gerais e contando também com tarifas de telefonia fixa e internet, o Brasil também não tem um bom desempenho. Entre 161 países avaliados, ocupa a 93ª posição, superado por Índia, Colômbia ou Peru.
O custo nacional é três vezes o que um americano paga para falar ao celular ou em Portugal, de onde vem uma parte importante dos investidores Foto: Marilia Camelo
Em média, um minuto no celular em horário de pico custaria US$ 0,71 entre chamadas pelo mesmo operador no Brasil. A taxa sobe para US$ 0,74 por minuto em caso de chamadas entre operadores diferentes. Para fazer a comparação, a UIT usou a taxa média praticada em São Paulo. "Esse dado não surpreende. Com a privatização da telefonia nacional e a falta de competição nessa área, fica fácil para as empresas elevarem os custos", diz a coordenadora institucional da Proteste - Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci.
O custo é três vezes o que um americano paga para falar ao celular ou em Portugal, de onde vem uma parte importante dos investidores. Na Espanha, sede da Telefonica, um cidadão paga cinco vezes menos pelo celular que no Brasil. Em Hong Kong, um minuto no celular custa US$ 0,01 fora do horário de pico, 70 vezes menos que no Brasil.
"Se pelo menos tivéssemos um serviço de qualidade, talvez fizesse um pouco mais de sentido termos valores tão altos. Há anos, porém, as operadoras de telefonia são campeãs em reclamações por parte dos consumidores", afirma Dolci.
Segundo o secretário-executivo em exercício do Decon/CE, João Gualberto, na contratação dos planos os consumidores também pagam mais. "As empresas reduzem o valor da chamada e enchem o contrato com ´cascas de banana´. O mais comum são os descontos que vão sendo abatidos com o temo", explica.
Banda larga
No que se refere ao custo de banda larga, a situação é bastante melhor. Apenas 54 países têm taxas mais baratas que o Brasil. Nas Américas, o Brasil tem a terceira taxa mais baixa da região
Em termos de telefonia fixa, o País ocupa a modesta posição de número 112 entre os mais caros. E, entre os celulares, levando em conta a renda e o PIB per capita, o Brasil é o 117º lugar, sem qualquer redução no preço entre 2011 e 2012.
Em termos gerais, o Brasil é o 62º colocado no ranking dos países mais preparados para usar as tecnologias de informação no mundo, abaixo do Azerbaijão, Croácia, Arábia Saudita, Chile ou Líbano. O ranking é liderado por Coreia, Suécia e Islândia.
Avanço
Apesar dos custos, um número cada vez maior de brasileiros tem acesso a celulares e internet. Segundo a UIT, o Brasil atingiu pela primeira vez a marca de ter metade da população usando a web e metade com computador em casa ao final de 2012. Em 2011, essa taxa era de aproximadamente 45%.
No que se refere aos usuários de banda larga, a taxa ainda é pequena, passando de 8,6% para 9,2% entre 2011 e 2012, bem distante da média de 27% nos países ricos.
Os celulares, apesar do custo elevado, já ultrapassaram o número de brasileiros. Em média, existem 125 celulares por 100 brasileiros, contra 119 em 2011.
O acesso ao 3G também vem crescendo de forma expressiva ap longo dos anos. Em 2012, 37% dos usuários de celulares tinha acesso à rede. Em 2011, essa taxa era de 21%.
Ainda de acordo com a pesquisa, a expansão brasileira segue uma tendência de outros países emergentes, que dobraram o volume de acesso ao 3G em apenas dois anos. Atualmente, metade do mundo tem acesso à rede.
PROTAGONISTA
Pré-pagos são os mais afetados pelos custos
"Nada mais previsível". Foi com essa afirmação que o policial, Carlos Magno, recebeu a notícia de que as tarifas de celular do Brasil foram consideradas as mais caras do mundo. Na opinião dele, "é um absurdo como os créditos dos planos pré-pagos voam quando estamos falando". Para Carlos, que é casado com uma fonoaudióloga que vive em outra cidade, as ligações de longa distância são ainda mais abusivas. "Se eu não tomar cuidado, acabo gastando os créditos que coloco para um mês inteiro em uma única ligação", lamenta.
Carlos MagnoPolicial
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Temos uma concorrência pífia
O que ocorre hoje, no Brasil, é que temos uma concorrência pífia entre as operadoras de telefonia. Nesse cenário, onde algumas poucas empresas dominam o mercado nacional, a possibilidade de termos redução nos preços das chamadas é praticamente inexistente, pois ambas possuem custos elevados e nivelam os valores por cima. Ao meu ver, isso também acaba sendo uma consequência da falta de infraestrutura e planejamento a longo prazo dessas empresas, que poderiam se programar perfeitamente para reduzirem seus custos de operação. O que me preocupa é que, além das tarifas serem caras, o serviço deixa muito a desejar no Brasil. Digo isso porque não é de hoje que as operadoras são campeãs em reclamações dos consumidores, seja por parte do serviço em si, da contratação de planos, ou dos próprios custos, que muitas vezes enganam as pessoas. Não é nada raro alguém contratar um plano, pagar um determinado valor nos primeiros meses, e depois ver sua conta não parar de crescer porque os valores promocionais eram temporários. A verdade é que as empresas de telefonia têm muita resistência em atender bem aos seus clientes e isso é incompreensível. Elas só têm a perder.
Maria Inês DolciCoordenadora institucional da Proteste
Operadoras citam bônus para rebater pesquisa
Representante das operadoras nacionais, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) negou, em nota emitida ontem, que o custo do celular no País seja o mais caro do mundo. A entidade inclusive contestou a metodologia utilizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) para chegar a tal conclusão.
"O levantamento no que se refere a preço da telefonia celular considera planos que não são praticados no mercado brasileiro, apenas são homologados no órgão regulador, como uma espécie de preço máximo. Com isso, o resultado do relatório não reflete a realidade brasileira, formada por uma grande variedade de planos alternativos, com preços muito mais baratos. Se forem levados em conta todos os planos, verificamos que o preço médio do minuto no Brasil é de R$ 0,15, com impostos (US$ 0,068). E esse preço caiu pela metade nos últimos cinco anos", destaca o SindiTelebrasil.
O sindicato diz ainda que se fosse considerado o valor de US$ 0,74 para o preço do minuto da telefonia celular, a conta média do brasileiro seria de R$ 214,89, "o que em hipótese alguma reflete a realidade praticada no Brasil", diz a nota.
TIM e Vivo comentam
A reportagem entrou em contato com todas as quatro operadoras que atuam no Ceará atualmente, mas apenas a TIM e a Vivo quiserem comentar o levantamento divulgado ontem, já que Oi e Claro preferiram ser representadas pelo sindicato.
A TIM informou que, desde 2009, quando lançou os planos Liberty e Infinity, adotou uma nova forma de tarifação, onde as ligações são cobradas por chamada, e não mais por minuto, "o que assegura mais economia aos seus clientes". A Vivo, por sua vez, disse que ao exceder a franquia de minutos contratados, o cliente paga "R$ 0,87 por minuto nos planos pré-pagos".
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