domingo, 29 de setembro de 2013

Cid e aliados vão para o PROS

Governador conversou ou mandou falar com líderes de partidos que abriram a porta apenas por educação

O governador Cid Gomes, agora sem partido, adiou o anúncio de sua nova filiação partidária para a próxima terça-feira, para ser educado com os dirigentes partidários interessados em seu ingresso, com o irmão, hoje secretário de Saúde do Estado, Ciro Gomes, e todos os demais liderados, inclusive o vice-governador Domingos Filho, recém-saído do PMDB, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio e o presidente da Assembleia, deputado José Albuquerque.

Governador Cid Gomes falando para correligionários, na última quinta-feira, quando confirmou o seu desligamento do PSB FOTO: BRUNO GOMES
A decisão já está tomada, desde a última terça-feira, embora a conversa marcada para ontem, com o presidente nacional do PROS (Partido Republicano da Ordem Social), Eurípedes Júnior, e outros dois fundadores dessa nova agremiação, fosse importante para o estabelecimento de alguns compromissos.

Cid defende umas poucas alterações no estatuto do partido, aproximando-o dos grêmios atuais considerados progressistas, questão já discutida antes da reunião de ontem em Fortaleza, de importante relevância para fundar o discurso nos palanques da próxima campanha eleitoral.
O ingresso no PROS tem o aceite da totalidade dos prováveis candidatos em 2014, hoje detentores de mandato. E a preferência se dá pela única razão de ser a nova sigla o porto seguro para a incolumidade de suas permanências nas diversas instâncias do Legislativo e também do Executivo. Filiação a uma nova legenda não constitui infidelidade partidária, no entendimento dos nossos tribunais.

O deputado José Albuquerque foi a Recife, na última sexta-feira, levando o pedido de desfiliação do governador e de todos os seus aliados com mandato eletivo para, além de cumprir dispositivo legal relacionado aos partidos políticos, conseguir um documento, anteriormente acordado, rezando sobre o divórcio consensual, e isentando todos os ex-pessebistas da prática da infidelidade partidária, peça importante para a defesa dos mandatos de quem precisar fazê-la junto aos tribunais, no caso da possibilidade de ações intentadas pelo Ministério Público ou por suplentes.

Descartado

Educadamente, na conversa do prefeito Roberto Cláudio com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na última sexta-feira à tarde, ficou claro não ser aquela agremiação a preferência dos aliados de Cid. As disputas internas no PDT não garantem a tranquilidade perseguida pelo núcleo central de articulações políticas do grupo governista do Ceará, ressabiado após as dificuldades de relacionamento no PSB.

Ademais, a série de escândalos envolvendo integrantes do partido fundado por Leonel Brizola, especificamente no Ministério do Trabalho, recomenda cautela a tantos quantos têm o discurso de defesa da moralidade e precisam de uma legenda para garantia de seus projetos de eleição.

O Partido Progressista (PP), como o novato Solidariedade estão muito próximos da candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB), portanto descartado de plano, posto ter sido a defesa arraigada da reeleição da presidente Dilma, o motivo principal da saída dos governistas do PSB. O PSD não é mais considerado um partido novo, portanto, o vereador, prefeito, deputado, senador ou governador que nele se filiar, agora, corre o risco da perda do mandato e, por fim, o PCdoB muito à esquerda do que pensam hoje Cid, Ciro e os demais, daí restar apenas o PROS.

Hoje, Cid, Ciro e os mais próximos estão convencidos da necessidade de eles se prepararem para ter um espaço maior num partido nacional onde possam dividir o comando partidário e ficarem menos dependentes de humores e decisões abruptas aos seus interesses, como a do PSB de romper administrativamente com o Governo Federal.

O PROS, evidentemente, não parece ser o caminho natural para a consecução do objetivo, mas a partir dele, respaldado como chegam pela força política representada numericamente pelo vice-governador, quatro deputados federais, mais de uma dezena de deputados estaduais (contando os do PSB e de outros partidos), vários prefeitos e vereadores do Interior cearense, ainda têm a recomendação da cúpula do Governo Federal.

Acompanhando

A presidente Dilma Rousseff, ainda nos Estados Unidos, na semana passada, conversou com o governador Cid Gomes sobre a situação política local. Na quinta-feira à noite ela voltou a telefonar para ele, querendo saber sobre sua decisão. Antes, Cid havia atendido ligações do governador da Bahia, Jackson Wagner e do ministro Aloizio Mercadante. As testemunhas das conversas, emprestam um significado importante a essa preocupação da presidente e do pessoal à sua volta no Planalto.

Cid, nas entrevistas concedidas na quinta-feira, falou de conversas com a presidente relacionadas à posição política do seu grupo e até do interesse dela em deixar o ministro Leônidas Cristino na Secretaria de Portos. Não foi além disso. E nem poderia ir. Mas em meio ao emaranhado de coisas, os detalhes e a frequência dos contatos motivaram grande expectativa junto ao grupo, sobretudo em relação a mais apoio da presidente para as pretensões políticas e administrativa do próprio governador cearense.

EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA

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