Após meses de internação, o músico morreu em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas
Saudade assim é ruim. Longe dos palcos desde o dia 17 de dezembro de 2012, quando foi internado com arritmia cardíaca e infecção respiratória, Dominguinhos faleceu ontem.
Com cerca de meio século de carreira, o pernambucano de Garanhuns José Domingos de Morais deixou mais de 40 discos gravados. Com parceiros, assina clássicos como "De volta pro aconchego" FOTO: TUNO VIEIRA
Ele faleceu, às 18h, de acordo com o último boletim oficial divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês. O cantor lutava contra um câncer de pulmão há sete anos. No dia 13 de janeiro, a pedido da família, o músico foi transferido para o Sírio-Libanês, em São Paulo. Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital, ele morreu de complicações infecciosas e cardíacas.
Tradição nordestina
Um dos principais guardiões da musicalidade tradicional nordestina e discípulo de Luiz Gonzaga, pouco antes de ser internado, Dominguinhos havia participado das comemorações do centenário do rei do baião, em Exu (PE). Sentado, ele cantou e empunhou à sanfona alguns dos clássicos de Luiz Gonzaga, além de sucessos de sua autoria como "Eu Só Quero um Xodó" e "Lamento Sertanejo". Uma apresentação curta e memorável que marcou também sua despedida. Liv Moraes, sua filha, o acompanhou no palco.
Dominguinhos tinha diabetes. Em 2011, chegou a cancelar shows por conta do agravamento de seu estado de saúde, sendo submetido a um cateterismo e uma angioplastia. A última internação aconteceu em Recife, sendo transferido a pedido da família para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Carismático, sereno, dono de uma voz forte e um toque único à sanfona, Dominguinhos se destacou ainda como um dos grandes compositores da música popular brasileira. Daqueles que cantamos, muitas vezes sem saber quem é o autor.
Com mais de 40 discos lançados, ele assina clássicos como "Lamento Sertanejo", parceria com Gilberto Gil, "Pedras Que Cantam", com Fausto Nilo, as parcerias com Nando Cordel, "Isso Aqui Tá Bom de Mais", "De Volta Pro Aconchego" e "Gostoso Demais", ou "Tantas Palavras", com Chico Buarque. Sua primeira esposa, Anastácia, foi também uma das grandes parceiras de composições, com quem fez "Eu Só Quero um Xodó" e "Tenho Sede".
O nome artístico, Dominguinhos, também foi um presente de Luiz Gonzaga. Começou a tocar sanfona ainda cedo, ao seis anos de idade, por influência do pai, o afinador e sanfoneiro conhecido como Mestre Chicão.
Ao todo, foram mais de 40 discos gravados. O primeiro deles, Fim de Festa, em 1964, pela gravadora paulista Cantagalo. Entre os mais recentes, destaque para "Dominguinhos ao vivo" (2001), primeiro disco nascido da gravação de um show, no Sesc Pompéia, em São Paulo.
Entre os prêmios recentes que recebeu por sua obra, em 2002, foi vencedor do Grammy Latino com o disco "Chegando de Mansinho". Em 2007, ganhou o Prêmio TIM na categoria Melhor Cantor Regional pelo álbum "Conterrâneos" (2006) e no ano de 2010 foi homenageado no Prêmio Shell de Música Brasileira, recebendo a premiação pelo conjunto da obra.
FÁBIO MARQUES
REPÓRTER
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