Telecentros digitais estão sem funcionar em Russas

Com o fim dos contratos com bolsistas, as comunidades estão sem a ferramenta de acesso às novas tecnologias

Russas. Treze telecentros comunitários do Programa Telecentros.BR, do Governo Federal, estão sem realizar atividades desde o começo do ano neste município. De acordo com os gerentes de algumas unidades, a prefeitura tem adiado a nomeação de um novo coordenador. O programa é realizado por meio do Ministério das Telecomunicações em convênio com as prefeituras. Em Russas, os telecentros beneficiaram mais de 2,5 mil pessoas em quatro anos.

Telecentro comunitário está fechando e população reclama atendimento
FOTO: ELLEN FREITAS

Cada um dos 13 telecentros comunitários instalados da cidade, receberam a doação de 11 computadores do Ministérios das Telecomunicações, mais um kit multimídia, com data show. Além do material, um técnico foi encaminhado pelo programa para dar suporte e manutenção aos equipamentos. O objetivo é promover para a população mais carente o acesso gratuito às tecnologias de informação e comunicação por meio desses telecentros. Dois monitores bolsistas auxiliavam nas aulas de informática básica e acompanhavam o acesso gratuito de jovens e adultos à Internet.

Os monitores de cada unidade recebiam uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e cursos para ministrarem as aulas. Monitores e alunos dos telecentros realizavam projetos junto à comunidade e utilizavam os acesso a informação para a pesquisa e a divulgação dos trabalhados.

De acordo com a presidente da associação comunitária e gerente do telecentro da localidade de Ingá, zona rural de Russas, Alcivane da Silva Costa, a comunidade se sente prejudicada com a paralisação das atividades. "Aqui na comunidade as aulas foram até o final de abril, que foi o período em que as bolsas das duas monitoras foram encerradas. De lá pra cá as pessoas que eram alunas do projeto vêm até a gente pedindo a retomada das atividades, mas nós não temos condições de fazer", lamentou.

Mais de 20 jovens bolsistas recebiam bolsas do CNPq no valor de R$ 241,50, e eram capacitados para repassar os conhecimentos de informática básica para a comunidade. Segundo uma das monitoras, que pediu para não ser identificada, o telecentro era visto como uma forma de lazer para a comunidade. "Muitas pessoas aqui da zona rural não tinham acesso a essa tecnologia, para isso tinha que ir para o centro da cidade.

Além disso, o telecentro passou a ser visto como um local de encontro das pessoas para aprender coisas novas e no final todos acabavam se envolvendo nos trabalhos", conta.

Prejuízo

Alcivane explica ainda que alunos de cursos a distância que utilizavam os telecentro para acompanhar as aulas, estão tendo que pagar para não perderem o curso. "Aqui na comunidade terminou agora, mas nós já sabemos que tem outras comunidades onde os telecentros estão sem funcionar desde janeiro, por causa do encerramento da primeira seleção de bolsistas, que dura só um ano, mas é um prejuízo a comunidade não poder dar continuidade à utilização do serviço", relata.

O problema, segundo a gerente da unidade da Ingá, está na demora em nomear um novo coordenador. Ela afirmou que já houve reuniões entre os gerentes dos telecentros, representantes da ONG Ação Digital, criada para dar suporte às atividades, e prefeitura, só que o processo vem se dando de forma lenta.

O convênio, encerrado no ano passado, foi renovado em fevereiro deste ano, mas o município precisa nomear um coordenador. A partir da nomeação, será aberto um processo seletivo para novos bolsistas das unidades. De acordo com secretário municipal Zilzo Evangelista, a nomeação já foi autorizada e, nos próximos dias, será anunciado o novo coordenador.

O Programa Telecentros.BR está em atuação no município desde 2008 por meio do Decreto nº 030/2008, em que foi criado o Projeto Ação Digital (PAD). Em 2011, a ONG Ação Digital foi criada para dar apoio às atividades relacionadas a inclusão sócio digital à comunidades mais carentes, de forma gratuita.

Em novembro do ano passado, a ONG Ação Digital realizou a 4ª Semana de Inclusão Digital (Semid), em que apresentou números dos avanços da inclusão digital no município.

De acordo com o relatório do evento, durante os quatro anos de atividade, houve a implantação de 13 telecentros comunitários, sendo quatro na periferia e nove na zona rural. Foram beneficiados com curso de informática básica 2.539 alunos, com idades a partir de 16 anos. Representou capacitação humana, profissional e tecnológica de público diversificado, e uma inserção significativa de jovens no mercado de trabalho.

Outro destaque para o trabalho foi a criação de blogs dos telecentros, nos quais os núcleos divulgaram informações ligadas às comunidades.

Mais Informações
Projeto Ação Digital
Trav. José de Deus, s/n, Centro. Russas-CE,
Telefone: (88)3411-2243 pad@projetoacaodigital.com.br

ELLEN FREITASCOLABORADORA