Produtores rurais fizeram um carreata com as carcaças dos animais nas principais ruas do município
Tauá. Centenas de trabalhadores, produtores e agropecuaristas dos Sertões dos Inhamuns participaram de protesto, na manhã de ontem, neste município, reivindicando "socorro" urgente para amenizar os prejuízos causados pela estiagem que assola o sertão cearense desde o ano passado. Eles reclamam da falta de agilidade na chegada de auxílio para a região.
Carcaças do gado ficaram à mostra para população da zona urbana de Tauá FOTO: SILVANIA CLAUDINO
O ato pacífico trouxe uma novidade, que chamou a atenção pelo ineditismo - e mau cheiro - de toda a população do município e região, ao ser acompanhado durante todo o trajeto e ficar estacionado nas ruas centrais em boa parte da manhã de tratores carregando "carcaças" de animais, mostrando a cruel realidade que passa o criador rural. Seis tratores e caminhões exibiram para a cidade o retrato da realidade no campo: animais mortos pela escassez de água e pasto.
Os manifestantes
tomaram as ruas do centro da cidade, em protesto que começou na BR 020 e
em caminhada percorreu as principais ruas da cidade, passando pelas
agências bancárias e culminando com uma audiência pública na Câmara
Municipal.Tauá. Centenas de trabalhadores, produtores e agropecuaristas dos Sertões dos Inhamuns participaram de protesto, na manhã de ontem, neste município, reivindicando "socorro" urgente para amenizar os prejuízos causados pela estiagem que assola o sertão cearense desde o ano passado. Eles reclamam da falta de agilidade na chegada de auxílio para a região.
Carcaças do gado ficaram à mostra para população da zona urbana de Tauá FOTO: SILVANIA CLAUDINO
O ato pacífico trouxe uma novidade, que chamou a atenção pelo ineditismo - e mau cheiro - de toda a população do município e região, ao ser acompanhado durante todo o trajeto e ficar estacionado nas ruas centrais em boa parte da manhã de tratores carregando "carcaças" de animais, mostrando a cruel realidade que passa o criador rural. Seis tratores e caminhões exibiram para a cidade o retrato da realidade no campo: animais mortos pela escassez de água e pasto.
O ato foi pacífico e coordenado pela Câmara, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Associação de Amparo Jurídico ao Produtor Rural.
Na pauta de reivindicações, o ponto principal diz respeito à falta de alimento para os animais. Reclamam da demora na chegada do milho do Programa de Vendas em balcão, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ao produtor rural e que, sem pasto e alimento subsidiado de forma suficiente, torna-se impossível prover o sustento do rebanho que ainda resta, já que grande parte já foi comercializado, enviado para outros Estados ou morreram.
Documento
"Estamos atravessando uma situação muito difícil, sem água, sem pastagem para os animais e a seca caracterizada e isso aflige a todos nós, produtores, que ainda temos algum rebanho e estamos lutando para sustentar. Faremos um documento a partir desta audiência para entregar as autoridades e sensibilizá-las para a situação do agropecuarista dos Inhamuns", destacou Francisco de Assis Barroso, representante da Associação de Amparo Jurídico ao Produtor Rural.
De acordo com Barroso, mais de seis mil cabeças de gado já foram transferidas dos Inhamus para os estados de Piauí e Maranhão a fim de garantir a sobrevivência dos animais e resta apenas na região 40% do rebanho. Afirma que ao tempo em que a iniciativa se torna uma saída para o produtor sustentar o restante do seu rebanho, também traz muitas percas e prejuízos.
"Uma série de prejuízos acarretam com o transporte dos animais: muitos morrem no caminho, os custos são elevados e muitos não se adaptam no novo local. O ideal é que tenhamos apoio para manter aqui mesmo, e para isso precisamos de milho subsidiado suficiente para atender à demanda, e de outras ações que estamos manifestando hoje (ontem) nesse movimento", frisa o produtor.
Outros pontos, segundo Barroso comporão o documento dos trabalhadores, como o fornecimento de forragem subsidiada para compor a alimentação dos animais, crédito rural com prestações pré-fixadas e decrescentes, seguro rural anual, liquidação dos débitos dos produtores em separado (que tenham mais de uma dívida possam quitar em separado, uma por vez e quando puder) e perdão das dívidas dos agropecuaristas.
Anos de seca
"Nessa pauta estamos pedindo socorro, o nosso grito é uma demonstração de que não temos como pagar essas dívidas após praticamente três anos de seca", pontua Barroso.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tauá, João Evonilson o movimento mostra "que as reivindicações feitas pelos trabalhadores e produtores em outros manifestos já realizados na região em 2012 e neste ano não amenizaram a situação" e então hoje chama a atenção em uma dimensão maior, com a exposição do quadro atual do rebanho de bovinos, ovinos e caprinos na região dos Inhamuns.
Conforme o presidente do STTR, a realidade de desalento no sertão somente se agravou do ano passado para cá e há necessidade de agilidade no socorro por parte do governo. "Alguns produtores tinham alguma reserva e agora se agravou e tudo acabou. Queremos que as políticas anunciadas pelo governo sejam agilizadas", declara.
O vereador Cláudio Régis, que solicitou à Câmara a realização da Audiência Pública frisou que a atitude da Casa ocorreu pela urgência de socorro pelo qual produtores da região estão passando e que a situação reflete diretamente na economia do município e região.
Mais informações
Câmara Municipal de Tauá
Rua Silvestre Gonçalves, 80, Centro do município de Tauá.
Telefone: (88) 3437-1190
SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER
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