Em menos de dez dias, duas crianças morreram enquanto dormiam com as mães; uso de álcool e drogas traz mais riscos
O que era para ser um simples ato de afeto, o aconchego de dormir junto com o neném na mesma cama ou na rede, pode virar uma tragédia. Em menos de dez dias, duas crianças morreram com aparentes sintomas de sufocamento, uma em Maracanaú e outra em Fortaleza. No centro da polêmica, o fato das responsáveis serem usuárias de drogas e estarem, possivelmente, alteradas na hora do incidente.
Uma questão surge: é possível garantir uma cama compartilhada mais segura? O hábito de se "aninhar" junto aos filhos na hora de dormir está cada vez mais comum entre as mães com jornadas cansativas de trabalho. Muitas alegam que é mais prático, confortável, evita a "tortura" de acordar várias vezes ao dia. É mais amoroso também, relatam.
A enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Julyana Freitas, lamenta essas mortes trágicas, mas fala que podem ser perfeitamente evitáveis. Já que, segundo ela, não se pode proibir a prática - hoje, cada vez mais comum entre as trabalhadoras - a ideia é apostar na prevenção.
"Devemos evitar deixar o bebê na rede sozinho antes dos três meses, pois eles não têm movimento de rotação de pescoço, o que pode gerar sufocamento no tecido. É importante não deixar a criança de bruços e garantir que o corpo do adulto não role para cima do bebê", alerta.
Ter vigilância redobrada, sono leve e evitar remédios, álcool e outras drogas é obrigatório. As mães devem ter cuidado com o aleitamento materno, colocar a criança para arrotar e fiscalizar se o bebê não está sufocado no peito da mãe. "Tem que tentar manter a vigilância mesmo dormindo. Daí, a importância de um ambiente seguro", detalha a enfermeira do Samu.
Julyana Freitas lembra ainda que, em qualquer caso de engasgo ou sufocamento, a primeira iniciativa deve ser ligar para o Samu e, junto com as orientações, fazer manobras. Ela conta ainda que, tirando esses dois casos recentes de óbitos, as ocorrências não são comuns.
Drogas
O inspetor do 34º Distrito Policial, Paulo Furtado, que acompanhou o processo envolvendo o óbito de uma criança de quatro meses na última quarta-feira, aponta o uso de álcool e droga como principal fator de acidentes. "A mãe fica vulnerável, desatenta demais. Daí, a criança morre. Ela acaba sendo autuada como homicídio culposo, sem intenção de matar", diz o inspetor.
A bióloga Liana Queiroz, 28, se diz "viciada" nesse hábito, apesar de algumas críticas recebidas. A cama compartilhada veio, segundo ela, da necessidade de ter a filha sempre por perto, procurando atender as necessidade básica dela, de mais carinho e de amamentação, por exemplo.
Atenção
"Acordamos bem mais dispostas. Mas acho que o básico é tomar cuidado com lençóis soltos e evitar os riscos de queda. Independentemente de cama compartilhada ou não, toda mãe deve ter sempre o sono mais leve que todos! Isso é fato", acredita.
A consultora de beleza Sandra Karliane Pontes, de 25 anos, até gosta da prática, mas disse, no começo, ter tido alguns receios e cuidados. Ela costuma deixar a filha, de um ano, virada para ela, caso o bebê se mova. Quando ela era recém-nascida, sempre colocava um encosto entre os adultos.
"As pessoas com sono mais pesado, às vezes até pelo cansaço do dia a dia, ou que se mexem muito, devem ser mais cuidadosas", conta a consultora. Em lojas especializadas já podem ser encontrados berços que se acoplam na lateral das camas, garantindo um "lugarzinho" próprio ao neném. Alternativa comum também é inserir cabos de madeira nas redes para esticar o pano e evitar o sufocamento.
Outra saída sugerida nesta situação seria colocar o colchão no chão ou grades de proteção. Não deixar espaços entre a cama e a parede é imprescindível para que a criança não escorregue e sufoque nesse vão.
IVNA GIRÃO
REPÓRTER
O que era para ser um simples ato de afeto, o aconchego de dormir junto com o neném na mesma cama ou na rede, pode virar uma tragédia. Em menos de dez dias, duas crianças morreram com aparentes sintomas de sufocamento, uma em Maracanaú e outra em Fortaleza. No centro da polêmica, o fato das responsáveis serem usuárias de drogas e estarem, possivelmente, alteradas na hora do incidente.
Uma questão surge: é possível garantir uma cama compartilhada mais segura? O hábito de se "aninhar" junto aos filhos na hora de dormir está cada vez mais comum entre as mães com jornadas cansativas de trabalho. Muitas alegam que é mais prático, confortável, evita a "tortura" de acordar várias vezes ao dia. É mais amoroso também, relatam.
A enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Julyana Freitas, lamenta essas mortes trágicas, mas fala que podem ser perfeitamente evitáveis. Já que, segundo ela, não se pode proibir a prática - hoje, cada vez mais comum entre as trabalhadoras - a ideia é apostar na prevenção.
"Devemos evitar deixar o bebê na rede sozinho antes dos três meses, pois eles não têm movimento de rotação de pescoço, o que pode gerar sufocamento no tecido. É importante não deixar a criança de bruços e garantir que o corpo do adulto não role para cima do bebê", alerta.
Ter vigilância redobrada, sono leve e evitar remédios, álcool e outras drogas é obrigatório. As mães devem ter cuidado com o aleitamento materno, colocar a criança para arrotar e fiscalizar se o bebê não está sufocado no peito da mãe. "Tem que tentar manter a vigilância mesmo dormindo. Daí, a importância de um ambiente seguro", detalha a enfermeira do Samu.
Julyana Freitas lembra ainda que, em qualquer caso de engasgo ou sufocamento, a primeira iniciativa deve ser ligar para o Samu e, junto com as orientações, fazer manobras. Ela conta ainda que, tirando esses dois casos recentes de óbitos, as ocorrências não são comuns.
Drogas
O inspetor do 34º Distrito Policial, Paulo Furtado, que acompanhou o processo envolvendo o óbito de uma criança de quatro meses na última quarta-feira, aponta o uso de álcool e droga como principal fator de acidentes. "A mãe fica vulnerável, desatenta demais. Daí, a criança morre. Ela acaba sendo autuada como homicídio culposo, sem intenção de matar", diz o inspetor.
A bióloga Liana Queiroz, 28, se diz "viciada" nesse hábito, apesar de algumas críticas recebidas. A cama compartilhada veio, segundo ela, da necessidade de ter a filha sempre por perto, procurando atender as necessidade básica dela, de mais carinho e de amamentação, por exemplo.
Atenção
"Acordamos bem mais dispostas. Mas acho que o básico é tomar cuidado com lençóis soltos e evitar os riscos de queda. Independentemente de cama compartilhada ou não, toda mãe deve ter sempre o sono mais leve que todos! Isso é fato", acredita.
A consultora de beleza Sandra Karliane Pontes, de 25 anos, até gosta da prática, mas disse, no começo, ter tido alguns receios e cuidados. Ela costuma deixar a filha, de um ano, virada para ela, caso o bebê se mova. Quando ela era recém-nascida, sempre colocava um encosto entre os adultos.
"As pessoas com sono mais pesado, às vezes até pelo cansaço do dia a dia, ou que se mexem muito, devem ser mais cuidadosas", conta a consultora. Em lojas especializadas já podem ser encontrados berços que se acoplam na lateral das camas, garantindo um "lugarzinho" próprio ao neném. Alternativa comum também é inserir cabos de madeira nas redes para esticar o pano e evitar o sufocamento.
Outra saída sugerida nesta situação seria colocar o colchão no chão ou grades de proteção. Não deixar espaços entre a cama e a parede é imprescindível para que a criança não escorregue e sufoque nesse vão.
IVNA GIRÃO
REPÓRTER
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