Pacientes mais graves são encaminhados para atendimento em Fortaleza, por falta de leitos nos municípios
Iguatu/Russas Carência de UTIs neonatais no interior do Estado, ausência total de leitos na maioria dos municípios e os que existem nos hospitais referenciados nas cidades maiores são insuficientes. Esse é o retrato caótico dos atendimentos de alto risco no interior do Estado. Nas regiões que inserem o Vale do Jaguaribe, Centro-Sul do Estado e Zona Norte, a questão é crítica. Pacientes mais graves são encaminhados para atendimento em Fortaleza. Recentemente, por falta de UTI infantil em Sobral, uma criança de 2 anos e 8 meses, acabou morrendo, no processo de transferência para a Capital.
Iguatu/Russas Carência de UTIs neonatais no interior do Estado, ausência total de leitos na maioria dos municípios e os que existem nos hospitais referenciados nas cidades maiores são insuficientes. Esse é o retrato caótico dos atendimentos de alto risco no interior do Estado. Nas regiões que inserem o Vale do Jaguaribe, Centro-Sul do Estado e Zona Norte, a questão é crítica. Pacientes mais graves são encaminhados para atendimento em Fortaleza. Recentemente, por falta de UTI infantil em Sobral, uma criança de 2 anos e 8 meses, acabou morrendo, no processo de transferência para a Capital.
O Hospital Regional de Iguatu tem apenas berçário de médio risco. Casos de maior complexidade são transferidos para Fortaleza FOTO: HONÓRIO BARBOSA |
O Hospital Regional de Iguatu atende pacientes de, pelo menos, dez municípios da região Centro-Sul em casos de emergência e urgência, mas não dispõe de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta e neonatal. Quase diariamente chegam recém-nascidos que são transferidos de outros municípios para o Berçário de Médio Risco. A maioria dos casos é de crianças pré-maturas e de bebês que demoraram a nascer e sofreram falta de oxigênio no cérebro, necessitando de cuidados especiais.
A médica pediatra, Glória Leitão, disse que muitos casos são revertidos no berçário, mas os mais graves e urgentes são transferidos para Fortaleza. "Dispomos de incubadora de transporte, com oxigênio", disse. "Com certeza, necessitamos de uma UTI neonatal, para evitarmos as transferências e atendermos com maior suporte e segurança os pacientes".
Os municípios da região não dispõem de incubadoras de transporte. Por isso, os recém-nascidos, inicialmente, vêm para o Hospital Regional de Iguatu, onde há o primeiro atendimento especializado. Recentemente, o prefeito de Iguatu, Agenor Neto, esteve no Ministério da Saúde, solicitando a liberação de recursos para implantação de UTI adulta e neonatal. Segundo ele, esta é uma reivindicação feita há dez anos.
Hospitais incompletos
O Vale do Jaguaribe abriga três células regionais de saúde, em Aracati, Russas e Limoeiro do Norte. "Nenhum dos três hospitais de referência das regionais possui UTI", afirma o coordenador da 10ª Regional em Limoeiro do Norte, Helmo de Sousa. De acordo com ele, pacientes que precisam de UTI são encaminhados para hospitais de Fortaleza. "Primeiro é feita uma avaliação no hospital da regional para averiguar se é necessário o encaminhado a uma UTI. Depois é feita consulta junto à central de leitos para a disponibilidade de vagas", explica. Os municípios ficam responsáveis pelo transporte dos pacientes aos hospitais.
De acordo com Helmo, os pacientes são encaminhados para o Hospital de Messejana (UTI coronariana), Hospital Albert Sabin (UTI neonatal) e Instituto Dr. José Frota, (UTI traumatológica e neurológica). Ele afirma que há um projeto do Governo Federal, em parceria com o Governo do Estado, para a instalação de UTI neonatal e traumatológica no município de Russas em 2013. "Com a instalação das UTI´s, todos os pacientes das regionais de Aracati e Limoeiro do Norte, que necessitarem desse atendimento, serão encaminhados para as UTI´s em Russas", afirma. As três regionais atendem, no total, 22 municípios da região.
Transferências de pacientes para outras cidades e do interior para Fortaleza ainda são comuns, em virtude da quantidade insuficiente de leitos. Alguns pacientes chegam a falecer, como foi o caso recente da criança de Sobral. Ela não resistiu após uma cirurgia, no intervalo do processo de transferência para outro hospital na Capital. Acabou sofrendo uma parada cardíaca. Em Juazeiro do Norte, mesmo com a inauguração do Hospital Regional do Cariri (HRC), pelo Governo do Estado, com 20 leitos de UTI, o número se tornou insuficiente para atender à grande demanda de pacientes.
Outro grave problema relacionado aos atendimentos nas unidades, está relacionado à ausência dos leitos para atendimentos das crianças e os neonatais. Na região do Cariri, apenas as cidades de Juazeiro do Norte e Barbalha dispõe dos atendimentos, em hospitais referenciados, com uma demanda alta para o número de leitos, em um total de 12.
Prematuros
Em Quixadá, a UTI neonatal e pediátrica passou a funcionar em setembro de 1998, no Hospital e Maternidade Jesus Maria José, com capacidade para atender oito recém-nascidos por mês. São bebês prematuros, com complicação. Eles chegam de várias cidades da região. A maternidade recebe pacientes até da Capital. Outros quatro leitos de médio risco também estão à disposição das crianças.
De acordo com a assessoria técnica do Centro Regional de Saúde de Quixadá, na região existe apenas uma Unidade de Terapia Intensiva(UTI). Funciona no Hospital Maternidade Jesus Maria José, mantido pela Diocese de Quixadá.
Atualmente, segundo a direção dos hospitais da região, a alternativa é encaminhar os pacientes para Fortaleza. Geralmente são internados no Instituto José Frota (IJF). O problema será solucionado somente quando for inaugurado o Hospital Regional do Estado, em Quixeramobim. Conforme a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), a nova unidade terá 20 UTIs para adultos e 15 de cuidados semi-intensivos. O prazo para conclusão das obras é de 16 meses. Os trabalhos foram iniciados em julho deste ano.
Pacientes graves sofrem nas filas
Juazeiro/Quixadá Em algumas regiões do Estado, a orientação é encaminhar pacientes para a Capital. Os problemas relacionados aos atendimentos se arrastam, e mesmo em regiões que há pouco tempo acabaram de ser beneficiadas com equipamentos de saúde, como é o caso do Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte, já se vive uma realidade de superlotação constante dos 20 leitos de leitos de atendimento em UTI.
Segundo a própria direção do hospital, chega-se ao ponto de ter filas de espera de até quatro pacientes. O problema se agravou mais ainda com o fechamento do hospital particular da cidade, o Santo Inácio, em funcionamento há mais de 30 anos.
A diretora do HRC, em Juazeiro, Demostênia Coelho Rodrigues, afirma que os leitos no hospital estão praticamente lotados o tempo todo. "Quando sobra uma vaga, há três ou quatro pacientes na fila", afirma.
Não há perspectiva de ampliação e tampouco espaço para que isso aconteça. O hospital é referenciado para cidades do Centro-Sul, a exemplo de Icó e Iguatu, e todo o Cariri, com mais de 30 cidades. Hoje, funciona com, praticamente, toda a capacidade de atendimento, principalmente os setores de urgência e emergência. O Hospital e Maternidade São Lucas, em Juazeiro, atende com cinco leitos de UTI neonatal. Mesmo sendo referenciado para outros municípios da região, como Brejo Santo e Caririaçu, também atende pacientes de cidades como Crato e Barbalha, onde também existem sete leitos destinados aos recém-nascidos. Em Sobral, a Santa Casa de Misericórdia conta hoje com 19 leitos de UTI adultos, 10 pediátricos e 10 neonatais.
No Hospital do Coração, são 24 leitos de UTI cardíacas. Porém, os leitos de UTI pediátricos nunca funcionaram. Com a inauguração do Hospital Regional Norte no dia 17 de janeiro, o número de leitos passará para 70 que, somados aos 30 semi-intensivos da Unidade de Pediatria, sobe para 100. Inaugurados em abril de 2011 e registrados em agosto do mesmo ano, o motivo apontado pela administração do hospital, assim como pela Secretaria de Saúde de Sobral, é de que a verba repassada é insuficiente. Segundo a secretária Mônica Sousa, a expectativa é de que no primeiro semestre do próximo ano, o município seja incluído na rede de urgência e emergência aumentando assim o repasse de R$ 478,00 para R$ 800,00. "Além disso, haverá também a inauguração do Hospital Regional Norte, que trará mais 10 leitos de UTI pediátrica, saindo assim de zero para 20 leitos no próximo ano", apontou.
No município do Crato, mesmo com a alta demanda por UTI, só existem cerca de 20 leitos. A maioria dos hospitais com este serviço é particular ou conveniada a planos de saúde. Por enquanto, nenhuma das instituições tem projetos para ampliar a quantidade de atendimento neste setor.
No Hospital São Francisco de Assis, administrado pela Sociedade Beneficente São Camilo, que funciona com alas particulares e também através do Sistema Único de Saúde (SUS), a disponibilidade de leitos é de apenas seis unidades destinadas exclusivamente para adultos.
Limite
20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão instalados no Hospital Regional do Cariri. Porém o número é insuficiente para toda a região
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