quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Colapso no abastecimento hídrico atinge cidades do CE

Municípios de médio porte deverão sentir os efeitos mais graves, caso o inverno de 2013 seja abaixo do normal
Forrtaleza. Colapso hídrico já castiga as sedes dos municípios Irauçuba, Itapajé, Milhã, Pacoti, Quiterianópolis e Salitre e mais os distritos de Cruzeta (em Pedra Branca) e Sucesso (em Tamboril). Com isso, até mesmo o funcionamento de serviços essenciais públicos está comprometido pois não há nenhuma outra fonte de abastecimento para essas localidades.

A falta d´água generalizada é uma consequência da seca e das baixas recargas dos reservatórios nas proximidades dos municípios nos anos de 2010 e 2012. Além dos açudes, também estão secos os poços profundos e cacimbas, excluindo assim todas as alternativas de fornecimento.

O assistente da diretoria de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Gianni Lima, informou que esse quadro decorre dos efeitos da mais grave seca que atingiu o Estado nos últimos 30 anos.

"A seca é a principal causa do desabastecimento da baixa reserva hídrica. Também pode-se somar eventuais obras estruturantes que ainda não foram concluídas", disse Gianni.

O quadro de sofrimento que atinge o interior poderá ser ainda mais drástico. Caso não haja chuvas consideráveis nos meses de dezembro e janeiro, outras cidades que poderão reconhecer o colapso parcial ou total são Beberibe, Fortim, Itatira, Pacujá e Palmácia.

Já para o próximo ano, situação parecida poderá acontecer em municípios de médio porte, caso haja uma quadra chuvosa abaixo da média histórica. Isso atingiria, dentre outras, as cidades de Tauá, Crateús e Quixelô. Também poderá envolver a localidade de Acopiara, caso não sejam concluídas a tempo as obras da adutora que trará as águas do açude Trussu, em Iguatu.

Para Gianni, a seca tende a agravar os seus efeitos, uma vez que algumas cidades também poderão sofrer radicalmente com a falta d´água, tendo como condição as chuvas que possam cair nos próximos dois meses, o que não é provável.

"Mesmo o Ceará contando com poços e grandes açudes que não haviam no passado, a seca é forte neste ano, uma vez que poços e reservatórios estão secos e atingiu, principalmente, comunidades isoladas", disse.

Agravamento

O primeiro momento da Operação Carro-Pipa foi atender as comunidades rurais, o que vem sendo feito pelo Exército, através da 10ª Região Militar. No entanto, a crise foi-se agravando e hoje atinge as sedes, o que obrigou uma intervenção do Corpo de Bombeiros Militar.

O serviço vem sendo coordenado pela Defesa Civil do Estado, por meio da empresa Constran, vencedora de contrato por meio de licitação, com atuação já em 78 sedes.

Mesmo assim, algumas cidades ainda se ressentem da falta d´água por carro-pipa. Osvaldo Frutado, da Constran, disse que o serviço não atende a demanda também porque há dificuldades estruturantes, o que impede a mobilidade dos veículos. Ele lembrou que há casos de comunidades que não contam sequer com tambores para o armazenamento. "Minha vontade é distribuir todo o produto, mas não tem sido possível", afirmou.

Há também queixas de que prefeitos que perderam as eleições não estariam dando apoio necessário à Operação.

Por parte dos proprietários de caminhões-pipas, a reclamação é com relação ao não pagamento pelos serviços prestados. Isso estariam ocorrendo em Amontada, Poranga, Acarape, Redenção, Mulungu, Pacoti e Baixio. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Sílvio Gilberto Tavares Araújo, explicou que há trâmites legais que impedem a pronta liberação do dinheiro. No entanto, lembrou que a burocracia não tem sido impedimento para se realizar o trabalho emergencial, contando-se até com a compreensão dos proprietários dos veículos. Coronel Tavares disse que as causas que preponderam no desabastecimento ainda são a queda nos níveis de reservas dos açudes e a precária infraestrutura dos equipamentos, como as estradas vicinais e até mesmo pela existência de cisternas e tubulações antigas.

Exército
A 10ª Região Militar informou que já são 94 os municípios cearenses inscritos no Programa Emergencial de Distribuição de Água - Operação Pipa, com uma população atendida de 729.236 pessoas e 692 carros-pipas.

Em 2012, devido à estiagem prolongada, houve aumento do número de municípios atendidos e, dentro de cada município, aumento do número de comunidades. Em junho último, a população abastecida, no Ceará, correspondia a 504.052 (quinhentas e 4.552 pessoas, em 80 municípios. O trabalho executado pelo Exército na Operação Carro-Pipa consiste em garantir que seja entregue água potável (para beber e cozinhar) à população atendida. Durante este período de seca, alguns pontos de abastecimento (locais de captação de água) tornaram-se impróprios para o consumo humano, o que, geralmente, exigiu aumento nas distâncias de transporte da água até a comunidade.

Seca aflige os Sertões dos Inhamuns
Crateús As populações dos dois maiores municípios desta região do Estado, Crateús e Tauá estão convivendo com a ameaça de um colapso no abastecimento d´água feito pela Cagece, ocasionado pela estiagem que castiga o Nordeste neste ano. Os reservatórios que abastecem as cidades - Carnaubal e Tricy - estão secando rapidamente, dado o tempo quente e seco e a demanda elevada por água, fatores que contribuem para a redução do nível dos reservatórios.


Assim, quase 100 mil pessoas (juntando as duas populações) encontram-se em vias de se ver sem água para as suas necessidades diárias. Muitas comunidades, especialmente rurais, dependem desde o segundo trimestre do ano, dos carros-pipas. Mas os reservatórios estão bem abaixo da capacidade, o que preocupa autoridades e população. Essas temem um colapso até nos abastecimentos por meio de carros-pipas. A expectativa é que a quadra invernosa de 2013 comece mais cedo e seja bem diferente deste ano.

Outra comunidade que está sofrendo com a seca, são os moradores do distrito de Canadá, na cidade de Redenção. O morador Raimundo Ferreira disse que a escola local está prestes a fechar por não ter água para as crianças. "Trabalho na única escola da comunidade que, infelizmente, terá que fechar porque as crianças não podem ir para o colégio que não tem água". Ele disse que o carro-pipa ainda não chegou por lá. "Não temos de onde pegar água boa para beber. Precisamos de ajuda urgente".

A crise afeta drasticamente a pecuária na zona rural. Em muitos municípios, os produtores amargam prejuízos ainda nçao contabilizados. Em fazendas de municípios como Brejo Santo, no Cariri, as carcaças do gado se espalham pela terra seca .

A barragem do Tricy, responsável pelo fornecimento de água para a Cagece, em Tauá, acumula um volume atual de 4,1 milhões de metros cúbicos. O volume representa um terço da capacidade total do reservatório, que é de 16,3 milhões. A barragem em si já não é o suficiente para abastecer o município, que carece de uma adutora. E com a falta de chuvas, a situação ficou ainda mais difícil. Vários bairros da sede da cidade sofrem com a falta de água. Um dos projetos para garantir segurança hídrica para Tauá é a adutora do Açude Arneiroz II para Tauá.

A Cagece por sua vez, está realizando obras de troca de tubulação em vários pontos da cidade para possibilitar maior pressão na rede de distribuição e permitir que a água chegue aos bairros mais altos, foco do maior número de reclamações feitas pelos consumidores.

Já o reservatório Carnaubal, que abastece Crateús possui capacidade para armazenar 87, 6 milhões de metros cúbicos e está atualmente com apenas 14% de sua capacidade. Ou seja, com aproximadamente 12,3 milhões de metros cúbicos, volume que garante segurança hídrica para o Município somente até fevereiro do ano que vem.

Preocupação
"Estamos preocupados com a situação, que é muito grave e dependemos do período chuvoso de 2013. A nossa garantia hídrica é até fevereiro. Se chover antes disso para repor a água, estamos garantidos. Se não, a situação tende a se agravar bastante aqui em Crateús", ressalta Teobaldo Marques, sub-secretário de agricultura do Município.

Cerca de 17 mil pessoas na zona rural de Crateús estão sendo beneficiadas com a distribuição de água pela Operação Pipa, que leva o líquido a 201 localidades, em 15 caminhões diariamente.

De acordo com Marques, a Operação funciona normalmente no Município. A preocupação é com a água, que a cada dia se torna mais escassa e o consumo aumenta porque com o tempo quente e seco poços e cacimbões vão secando e muitas comunidades ficam dependendo somente da água dos carros-pipas.

Mais informações:
Cogerh: 3218.7661
Funceme: 3101.1117
SDA: 3101.8105
Defesa Civil do Estado: 199
Ciops: 193

Emergência

78 sede municipais já estão sendo abastecidas pela Operação Carro-Pipa, coordenada pelo Exército, por meio da 10ª Região Militar no Ceará

MARCUS PEIXOTOREPÓRTERSilvania Claudino/Evelane BarrosRepórteres

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