quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os 80 anos do verdadeiro maluquinho

BANCO DE DADOS
Ziraldo: contrato com editora para "garantir" que estará vivo nos próximos cinco anos
Os 80 anos chegaram para Ziraldo. O dia exato desta comemoração é hoje, mas ele já avisou que não haverá uma grande festa. Pelo menos, não que seja seu desejo. “Quando fiz 70 minhas filhas deram uma festa no Copacabana Palace que foi a maior festa que já houve no Rio. Todo ser humano tem que ter a sua festa. Já cumpri. Com 80, não quero”, declarou ele ao portal Yahoo, justificando que tem medo de esquecer algum convidado, coisa que aconteceu 10 anos atrás.
Ainda assim, comemorações não vão faltar, como uma homenagem prevista para agosto de 2013, quando seu nome será exaltado na 16ª edição da Bienal do Livro Rio.

Mas, por enquanto, ele está mais interessado em compromissos, como o contrato de cinco livros que firmou com a editora Melhoramentos. Será um por ano, como ele afirmou, para garantir que estará vivo durante esse tempo para cumprir o prometido. Há também projeto para uma compilação de haicais do Menino Maluquinho e um livro com o significado de 500 nomes.

Batizado com uma combinação dos nomes do pai (Geraldo) com o da mãe (Zizinha), o meineiro de Caratinga não tem planos para encerrar uma carreira que começou nos primeiros anos da década de 1950, quando colaborou para os periódicos Era uma vez... e A Folha de Minas. Apesar de ser formado em Direito, sua vida profissional sempre foi voltada para o desenho. Teve trabalhos publicados nas revistas A Cigarra e O Cruzeiro, fez cartazes para filmes nacionais e esteve à frente da primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor, A Turma do Pererê

Mas foi outro trabalho que marcou a vida e a obra de Ziraldo de forma decisiva. Dois na verdade. O primeiro é sua participação no Pasquim, jornal carioca de forte oposição ao Governo Militar. Realizado por um time de intelectuais, o periódico usava o bom humor para fazer críticas ferinas à ditadura. Como os tempos não estavam aptos a muitas piadas, toda a equipe chegou a ser presa na época, inclusive Ziraldo.

Em seguida, nos anos 1980, o nascimento do Menino Maluquinho estreitou os laços do cartunista, que prefere ser tratado como jornalista, com o público infantil.O personagem já vendeu mais de dois milhões de livros e deu origem a uma série na TVE Brasil e dois filmes estrelados por Samuel Costa.

Ao lado do reconhecimento, polêmicas recentes também atravessaram o caminho de Ziraldo. A primeira foi em 2008, quando foi alvo de críticas por ter recebido uma indenização de mais de R$ 1 milhão da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, por conta dos prejuízos que sofreu durante o regime militar.

Em 2011, foi condenado por improbidade administrativa na realização do Festival Internacional do Humor Gráfico, no Paraná. Ainda no ano passado, ele se viu envolvido numa polêmica sobre racismo, por conta de um desenho feito para a blusa do bloco carioca Que Merda é Essa, que trazia Monteiro Lobato abraçado com uma mulata.

Certo de que essas pedras não vão atrapalhar seu caminho, Ziraldo segue a vida como começou, com muito bom humor.

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