quinta-feira, 11 de outubro de 2012

CE registra 925 doações em 9 meses

Destaque são as doações de rins; para secretário, avanço é reflexo da Campanha Doe de Coração
Após nove meses de esforços e muito trabalho de divulgação sobre a importância das doações, a Central de Transplantes do Ceará registra um aumento das doações efetivas em quase todos os órgãos. Ao todo, de janeiro a setembro deste ano, foram 925 doações efetivas. Para o secretário da Saúde do Ceará, Arruda Bastos, os números são reflexos da força da Campanha Doe de Coração, da Fundação Edson Queiroz, aliada à formação de equipes captadoras de órgãos e ao trabalho crescente da Organização de Procura de Órgão (Opos) no Ceará.Neste ano, o destaque vai para o rim, com 207 doações, 11 a mais do que em igual período de 2011, quando foram feitas 196. Em seguida, está o fígado, que também registrou um aumento de 11 doações efetivas, totalizando 128 neste ano e 117 nos primeiros nove meses de 2011.

Outros órgãos que apresentaram avanços foram o coração, com 23 doações efetivas em nove meses, enquanto, no ano passado, foram 17, e o pulmão, com três doações efetivas, uma a mais do que em igual período do ano anterior.

Segundo o chefe do Serviço de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), José Huygens Garcia, das 128 doações efetivas de fígado realizadas neste ano no Estado, 103 foram realizadas no HUWC, o que corresponde a 80% do total. De acordo com o médico, o cenário transforma o Ceará no principal polo transplantador do órgão do Norte e Nordeste.

Demanda
Por consequência deste sucesso, há uma grande demanda de pacientes de fora do Estado e a quantidade de fígados captados acaba sendo insuficiente. "Mesmo com toda essa evolução, ainda é preciso fazer mais, pois ainda existe muita negativa familiar para as doações. Atualmente, a nossa fila de espera por um transplante é de 140 pacientes. Por isso, precisamos de campanhas permanentes", avalia.

Conforme Huygens Garcia, para aumentar ainda mais o número de doações, seria necessário mais hospitais cadastrados para captação de órgãos, principalmente em polos como Sobral na Região Norte e em Juazeiro do Norte no Cariri. "O Ceará, em relação ao Brasil, está muito bem. No primeiro semestre, fomos o Estado que registrou o maior número de transplantes de fígado por milhão de habitante e, em número absolutos, ficamos atrás apenas de São Paulo. Mas, se investíssemos mais em captação, teríamos melhores resultados", ressalta.

Segundo a chefe do serviço de transplante renal do HUWC, Paula Frassinetti Fernandes, anualmente, as doações vêm aumentando progressivamente, e o Ceará tem se revelado um Estado bastante ativo. Para ela, a Campanha Doe de Coração é uma das maiores incitadoras desse avanço. "Em agosto, o Hospital Walter Cantídio realizou o milésimo transplante de fígado, e a expectativa é que, neste ano, sejam realizados 100", diz.

Apesar do aumento significativo das doações efetivas em quase todos os órgãos, a córnea não apresentou o mesmo avanço. Nos primeiros nove meses deste ano, foram 511 doações, enquanto, no ano passado, foram 572 em igual período.

Conforme a diretora do Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Marineuza Memória, é possível captar as córneas até 6 horas após o coração deixar de funcionar. Contudo, na maioria das vezes, o tecido é retirado de pacientes em óbito, o que dificulta a abordagem da família. Para reverter o quadro, a oftalmologista confia na mídia e nas campanhas. "Sempre que é veiculada uma matéria, as doações aumentam instantaneamente", ressalta.

Procedimentos
80% das doações efetivas de fígado deste ano foram realizadas pelo Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), segundo o médico José Huygens Garcia

Estado teve evolução de 319% em 10 anos
Dados da Central de Transplantes do Ceará apontam que houve um aumento de 319% no número de doadores nos últimos dez anos no Ceará. O avanço coincide com a data de aniversário da Campanha Doe de Coração, que, no último mês de setembro, completou dez anos.

De janeiro a junho de 2003, meses anteriores ao lançamento do movimento da Fundação Edson Queiroz, foram registrados apenas 21 doadores efetivos no Estado. De janeiro a junho deste ano, eles já somavam 88, ou seja, um aumento de 319%

Este cenário, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), colaborou para classificar o Estado, no primeiro semestre de 2012, como o segundo do País em número de doadores efetivos por milhão de habitantes (20,8), ficando atrás de Santa Catarina, que apresentou 26,6 doadores efetivos na mesma proporção.

Outra boa notícia é que o Ceará continua bem acima da média nacional, que é de 12 doadores por milhão de pessoas. Neste ano, o movimento chegou à décima edição, tendo sensibilizado milhares de pessoas e sendo reconhecido nacionalmente pela ABTO com o prêmio Amigo do Doador, concedido à Fundação Edson Queiroz em 2008.

Quando se trata de realização de transplantes de fígado, o Ceará é o primeiro do Brasil. São 19,4 procedimentos por milhão da população. Já nas cirurgias cardíacas, o Ceará está em segundo no ranking, com uma taxa de 4,0 por milhão da população. Sobre as cirurgias de pulmão, o Estado é o terceiro do País, com 0,5 por milhão da população.

Já nas cirurgias cardíacas, o Estado está em segundo no ranking, com uma taxa de 4,0 por milhão da população, enquanto, a respeito dos transplantes de pulmão, o Estado é o terceiro do País, com 0,5 por milhão da população. As informações são do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), levantados pela ABTO.

A menina Nívia Maria Castro Alves, de 12 anos, é uma das cearenses que ganhou uma nova vida. Vivendo há oito anos com um coração doado, ela foi escolhida para mostrar a sua história nas campanhas de doação e transplantes de órgãos do Ministério da Saúde.

Nívia recebeu coração saudável em 2004, aos quatro anos, no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, da Secretaria da Saúde do Estado. Ela está na relação dos 285 transplantes de coração realizados no Ceará desde 1998, quando foi implantada a Central de Transplantes do Ceará.

Movimento

A Campanha Doe de Coração, promovida pela Fundação Edson Queiroz com o apoio do Sistema Verdes Mares e parceria da Universidade de Fortaleza (Unifor), tem se superado a cada ano. O movimento consiste em uma ação de conscientização, realizada, anualmente, por meio da veiculação de peças publicitárias nos principais meios de comunicação.

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