Do G1 CE
Luma defendeu o estudo elaborado em três cidades do Ceará "Travestis na Escola: Asujeitamento e Resistência à Ordem Normativa", na sexta-feira, na Universidade Federal do Ceará (UFC), e foi aprovada. O doutorado foi, segundo ela, uma "missão cumprida". Agora ela pretende seguir carreira política e obter um pós-doutorado.
Ela conta que já convenceu uma estudante travesti a manter-se na escola. "As pessoas não acreditam que uma travesti pode conseguir a vida com a educação. A estudante me perguntava: 'E é possível uma travesti estudar e ser uma doutora?'. E eu expliquei a ela que sou exemplo de que pode sim", diz Luma.
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Além do pós-doutorado, ela tem como objetivo ser professora de uma escola federal no Ceará. Luma fez concurso público em 2010, quando ainda tinha no documento de identidade o nome de João Filho Nogueira de Andrade. Ela foi reprovada pela banca e recorreu do resultado, alegando ser vítima de preconceito. "Cerca de duas horas eles avaliaram o exame de várias pessoas, não há como isso ser feito, foi o que eu afirmei na justiça". Luma venceu em primeira instância, e a Universidade Regional do Cariri recorreu da decisão.Ela sempre trabalhou como professora e atualmente acumula cargo na Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação na região cearense do Vale do Jaguaribe, que tem sede em Russas, no interior do estado. Quando começou a lecionar, Luma diz que sofreu resistência, da diretoria da escola, de alunos e de pais dos alunos.
"Como eu era a única da região que tinha formação para lecionar algumas disciplinas, eu fiquei como professora, mas o início foi bem difícil. Depois de inserir naquele meio, entendendo a sala de aula, passei a uma das professoras mais queridas da escola", conta.
Luma Andrade é filha de agricultores analfabetos, nasceu na cidade de Morada Nova, a 163 quilômetros de Fortaleza, e, no dia da mulher de 2010, ganhou o direito de mudar o nome nos documentos sem a operação de mudança de sexo.
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