Cartazes irregulares podem render aos proprietários o pagamento de multas iniciais de R$ 1.415, assim como a assinatura de um termo de compromisso, que, se desrespeitado, pode resultar em cobranças milionárias FOTO: VIVIANE PINHEIRO |
Com anúncios afixados em postes da cidade, a população cobra, também por meio de cartazes, providências
Os anúncios de cartomantes e serviços diversos, espalhados pelos postes de Fortaleza, agora, dividem espaço com manifestos da população por uma cidade mais limpa. Na tentativa de ajudar a combater a poluição visual, os cidadãos acabam por sujar ainda mais o cenário urbano.
Os anúncios de cartomantes e serviços diversos, espalhados pelos postes de Fortaleza, agora, dividem espaço com manifestos da população por uma cidade mais limpa. Na tentativa de ajudar a combater a poluição visual, os cidadãos acabam por sujar ainda mais o cenário urbano.
Nos cartazes da Praça Eudoro Corrêa, por exemplo, há telefones para denúncia e, também, apelos anônimos para uma fiscalização mais efetiva, como: "Acorda, Semam", em referência à Secretaria do Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano - responsável pela remoção das propagandas e punição dos anunciantes.
Por cima dessas frases educativas, mais dois anúncios de serviços milagrosos estão expostos. A briga pelo espaço e pela atenção de quem passa se tornou evidente. Na esquina das avenidas Santos Dumont e Desembargador Moreira, os panfletos tiveram o número de telefone encoberto por tinta vermelha. "Não fomos nós que fizemos isso", diz o atendente da cartomante. A rasura não está em todas as propagandas, mas representa um gesto de reprovação.
A corretora de imóveis Mônica Carvalhaes, natural de Campinas, São Paulo, se sentiu incomodada ao passar pelo local. Ela comparou a Capital cearense à terra natal: "Lá não tem isso. É proibido, porque tem multa, por isso todo mundo segue a lei". Ela também disse se preocupar com a interpretação que os filhos podem fazer do conteúdo. "Traz a pessoa amada? O que é isso? O que uma criança pode pensar?", questiona.
Mesmo com a determinação municipal que prevê multa aos anunciantes, a atividade continua a se espalhar. O taxista Carlos Jorge Lima, 44, disse ter visto um rapaz colando panfletos na Avenida Washington Soares, no último sábado. "Vi o pessoal reclamando, na parada de ônibus, nos carros, mas o cara não estava nem aí", conta.
Praça
No entanto, de acordo com o jardineiro Antônio Araújo, 37, que cuida da Praça Eudoro Corrêa há quatro anos, a situação tem melhorado. Ele contou que, depois da intervenção da Semam na retirada dos panfletos, o ambiente ficou mais limpo. No entanto, Antônio admite que a prática continua. "Geralmente, eles vêm pela manhã ou ao meio-dia. A mim, não incomoda, mas sei que tira a atenção de motoristas", afirma.
O representante da empresa de serviços odontológicos tentou justificar o panfleto colado ao poste: "É uma propaganda mais barata. Chamamos os meninos na rua para fazer isso. Normalmente, nós pedimos para não colar em poste, só em parede mesmo", justifica.
Um balde de cola, uma sacola de panfletos e uma espátula são as ferramentas para manchar a paisagem e fazer uma divulgação mais barata, mas que custa caro para ser removida. Quem faz uso desse tipo de propaganda irregular, no entanto, está sujeito a pagamento de multa no valor de R$ 1.415, conforme dados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Além disso, o proprietário do estabelecimento tem um prazo de cinco dias úteis para ir à Semam e se regularizar. Ele também assina um termo de compromisso.
A assessoria informou, ainda, que, caso o termo de compromisso não seja respeitado, o auto, que era de constatação, vira auto de infração. "Neste caso, o valor da multa varia de R$ 5.000 até milhões. Os valores variam pelo capital da empresa e pelas reincidências. O dinheiro das multas vai para o Fundo de Desenvolvimento do Meio Ambiente (Fundema)", esclarece a nota encaminhada pelo órgão.
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