Limoeiro do Norte. Mais de 300 trabalhadores rurais da empresa multinacional Delmonte Fresh Produce deflagraram greve no início da manhã de ontem na Chapada do Apodi, neste Município. Acampados em frente à empresa, os funcionários reivindicam direito a pagamento de horas "in intineres" (condução de casa ao trabalho) e alimentação, e ainda denunciam sofrerem assédio moral.
A direção da empresa disse lamentar a ação grevista do que seria uma minoria dos trabalhadores, uma vez que a categoria já estava em fase de negociação da convenção trabalhista entre empregados e empregadores.
A direção da empresa disse lamentar a ação grevista do que seria uma minoria dos trabalhadores, uma vez que a categoria já estava em fase de negociação da convenção trabalhista entre empregados e empregadores.
Os agricultores reivindicam alimentação na empresa, fim do assédio moral, horas extras optativas, entre outros pontos de direitos trabalhistas FOTO: MÁRIO JOSÉ |
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece) confirma a negociação, na qual duas pautas já tinham sido encaminhadas ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas apesar de, e por isso, a greve já nascer "fraca", atuará em defesa dos trabalhadores.
No início da manhã de ontem, trabalhadores da Delmont chegaram à Fazenda 2, na Chapada do Apodi, onde atuam na produção de banana e deflagraram greve logo na entrada.
Caminhões que fazem o escoamento dos produtos para exportação ficaram retidos na empresa, gerando alguns momentos de tensão durante a aproximação de veículos que queriam romper o cerco.
Os grevistas reclamam que não são pagas as horas "in intineres", que são uma compensação para o deslocamento de casa à fazenda onde trabalham, feitas nos ônibus da empresa.
Reivindicações
Os trabalhadores grevistas disseram que, na semana passada, já tinham levado as reivindicações para a direção da empresa que, ainda segundo eles, teriam se recusado a receber o documento de greve, enviado na última quinta-feira. Sem uma resposta da empresa, os funcionários decidiram cruzar os braços e marcaram para a manhã de ontem, gerando paralisação em setores como colheita e empacotamento. Outra reclamação é a falta de alimentação para os trabalhadores. Eles levam uma marmita com o almoço feito na madrugada, para ser consumido várias horas depois.
Quem quer almoçar na empresa precisa pagar R$ 5,00 pela refeição. Os grevistas acusam a empresa de assediá-los moralmente, principalmente sob duas formas: os fiscais estariam andando com facões, apesar de não usarem a ferramenta no trabalho usual, e pelos comentários que ouvem quando dizem estar doentes. "É como se a gente não pudesse adoecer. Se tá doente, eles dizem que é só alguma coisinha, mas que não tem que faltar o trabalho", afirma um trabalhador que atua no setor de aplicação de agrotóxicos.
A greve tem o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro do Norte, Movimento dos Sem Terra (MST) e Movimento Conlutas.
O diretor jurídico da Delmonte, Newton Assunção, disse lamentar uma ação grevista justo quando já existe negociação entre as partes.
"Consideramos legítima toda e qualquer reivindicação por melhorias para trabalhadores, mas essa ação de um movimento paredista é abusiva, pois já estamos en negociação na convenção", afirma. A negociação é uma mesa com as partes representadas por Fetraece e Faec.
De acordo com José Francisco, da Fetraece, as horas "in intineres" já foram objeto de negociação e, inclusive, de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com as empresas e encaminhado ao TRT. Alguns pontos já deveriam ser cumpridos pela empresa. "No quesito alimentação, o que estava previsto nos processos é que as empresas forneçam alimentação, ou, caso não possuam infraestrutura para tal, que seja concedida cesta básica". A Delmonte já fornece uma cesta básica.
Mais informações:
Fetraece
Avenida Visconde do Rio Branco 2198
Centro - Fortaleza
Telefone: (85) 3231.5887
MELQUÍADES JÚNIORREPÓRTER
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