segunda-feira, 25 de junho de 2012

Miss Universo em missão no Ceará

EDMAR SOARES

Leila Lopes em conversa com agricultor em Canindé
 
Linda, como era de se esperar. Mas também simples, de sorriso fácil, olhos vívidos. Assim é a angolana Leila Lopes, 26 anos, a atual mulher mais bonita do mundo, eleita no concurso Miss Universo, realizado pela primeira vez no Brasil em setembro de 2011. Também embaixadora da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), foi em missão oficial da ONU que a beldade esteve no Ceará nos dias 18 e 19 passados.
Ela veio conhecer experiências de melhor aproveitamento do solo desenvolvidas na localidade de Iguaçu, em Canindé (a 120 Km da Fortaleza). Paralela à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20 –, essa foi a primeira atividade de Leila em nome da organização internacional. A agenda concorrida de miss ainda não havia deixado que a bela exercesse a função.
Esbanjando uma simpatia tímida, Leila conversou com O Povo sobre o título que lhe deu fama internacional. Nascida na cidade de Benguela, em Angola, ela cultivava o sonho de ser miss desde os nove anos, quando viu a coroação de uma representante de seu país. “Eu disse a minha mãe: ‘Ah, ela é bonita, parece uma princesa, eu quero ser princesa também’”, conta. “Tens que estudar, tens que estudar”, foi o conselho que ouviu.

 
Seguindo a orientação materna, a moça escolheu Ipswich, na Inglaterra, para cursar Gestão de Negócios. Antes havia flertado com Medicina e Engenharia Ambiental. Mas como o destino tem seus próprios caminhos, na cidade que escolhera para estudar Leila conheceu o organizador do concurso para miss Angola. Diante do convite, nem a timidez que ainda carrega assustou Leila. Após ser eleita em seu país, ela desbancou 88 candidatas na disputa mundial, entre elas a brasileira Priscila Machado, que ficou com o terceiro lugar.

Leila foi transformada subitamente numa das mais famosas mulheres do mundo. Interrompeu os estudos, teve de se mudar para Nova York – sede da Organização Miss Universo – e dar entrevistas virou rotina, bem como participar de desfiles e campanhas publicitárias. Nada, porém, que a deslumbre. “Nova York, festas, pessoas de todos os lugares do mundo, isso de certa forma mexe, não tem como, mexe com a cabeça de qualquer um”, ela admite, embora saiba que “se não tiver os pés bem firmes na terra não vai longe”.

Apesar do posto de mulher mais bonita do mundo, Leila não se diz escrava da beleza. Por causa das viagens constantes, pele, cabelo e peso acabam entregues à natureza. “Avião dá cabo de mim. Eu emagreço, a minha pele sofre, cabelo sofre, mas tudo vale a pena”, afirma. Para ela, o melhor cuidado é não dormir com maquiagem e sempre lavar bem o rosto.
Questão racial
Quarta mulher negra a ganhar o miss universo, Leila diz que não sentiu de forma direta o preconceito racial, mas vê manifestações discriminatórias especialmente na internet. “Muitas pessoas dizem que a organização do Miss Universo é racista, eu não acho. O mundo é racista, o branco não gosta do negro, o negro não gosta do branco, não é a organização (do concurso)”, afirma Leila. O preconceito só consegue murchar o sorriso da miss numa situação. “Só tem uma coisa que eu não gosto: quando as pessoas se referem a mim como ‘Ah, essa negra é bonita’. Não precisa dizer essa negra, diz essa mulher é bonita”, ensina.

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