Dilma ao lado de quatro ex-presidentes
Brasília. A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, na solenidade de instalação e posse dos membros da Comissão da Verdade, que ela não será movida pelo ódio ou pelo revanchismo. "Ao instalar a Comissão, não nos move o revanchismo, o ódio, ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Mas sim a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua plenitude, sem ocultamento, sem camuflagem, vetos, sem proibições", disse a presidente.
Durante a cerimônia, no Palácio do Planalto, Dilma também chorou ao falar sobre o sentimento dos familiares de mortos e desaparecidos durante o regime militar. "Sobretudo merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes, e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia", afirmou.Brasília. A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, na solenidade de instalação e posse dos membros da Comissão da Verdade, que ela não será movida pelo ódio ou pelo revanchismo. "Ao instalar a Comissão, não nos move o revanchismo, o ódio, ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Mas sim a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua plenitude, sem ocultamento, sem camuflagem, vetos, sem proibições", disse a presidente.
Em seguida, Dilma completou a frase, referindo-se aos mortos e desaparecidos durante o regime militar. "É como se disséssemos que se existem filhos sem pai, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos. Nunca, nunca mesmo pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são homens e mulheres livres que não têm medo de escrevê-la".
Durante o discurso, a presidente Dilma saudou a presença dos quatro ex-presidentes: José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Ela afirmou que cada governo contribuiu para o avanço da democracia.
A comissão é formada por sete integrantes: José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique), Gilson Dipp (ministro do STJ e do TSE), Rosa Maria Cardoso da Cunha (ex-advogada de Dilma Rousseff), Cláudio Fonteles (ex-procurador-geral da República no governo Lula), Maria Rita Kehl (psicanalista), José Paulo Cavalcanti Filho (advogado e escritor), Paulo Sérgio Pinheiro (ex-secretário de Direitos Humanos).
O grupo terá a missão de investigar e narrar violações aos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988 (do governo do presidente Eurico Gaspar Dutra até a publicação da Constituição Federal).
Sobre a escolha dos sete integrantes da comissão, Dilma disse que não seguiu critérios pessoais, mas optou por personalidades de reconhecida sabedoria e competência. "Ao convidar os sete brasileiros que aqui estão e que integram a Comissão não fui movida por critérios pessoais nem por avaliações subjetivas, escolhi um grupo plural de cidadãos e cidadãs, de reconhecida sabedoria e competência, sensatos e ponderados, preocupados com a justiça e o equilíbrio, e acima de tudo capazes de entender a dimensão do trabalho que vão executar".
Dilma encerrou o discurso citando uma frase atribuída a Galileu Galilei: "A verdade é filha do tempo, não da autoridade". E completou: "Eu acrescentaria que força pode esconder a verdade, a tirania, pode impedi-la de circular livremente, o medo pode adiá-la, mas o tempo acaba por trazer a luz. Hoje esse tempo chegou".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Comissão é um "passo estupendo na conquista da democracia" e sua instalação uma conquista do povo. "É importante lembrar que foi a única comissão da verdade no mundo surgida de baixo para cima. Foi uma coisa surgida de povo para povo".
O ex-presidente Fernando Henrique afirmou que a Comissão terá como missão "revelar tudo" sobre o que ocorreu em relação à violação de direitos humanos. O ex-presidente Fernando Collor enalteceu a criação da Comissão e afirmou que a investigação tornará mais clara a verdade sobre os fatos.
Reunião
Na primeiro encontro da Comissão da Verdade, ontem, ficou definido que as reuniões ordinárias serão realizadas de 15 em 15 dias, a partir da próxima segunda-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. A comissão poderá, ainda, se reunir extraordinariamente. Também serão criadas subcomissões para balizar os trabalhos.
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